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01/02/2020 às 18h19min - Atualizada em 01/02/2020 às 18h19min

Festa de Iemanjá: Fé e conscientização ambiental

Celebração adota medidas de preservação ambiental para realização de festejo sustentável

Heide Moura - Editado por Mário Cypriano
Imagem de Iemanjá - Foto: Thiago Barros
Conhecida como a Padroeira dos pescadores e Rainha do mar no Brasil, Iemanjá é considerada uma das divindades mais queridas pelos devotos da Umbanda e Candomblé. Devido à diversidade de cultos afros e pelo sincretismo existente no país, em cada região comemora-se o dia de Iemanjá em datas diferentes, sendo 02 de fevereiro a mais conhecida na cidade emblemática de Salvador, onde a festa se destaca. 

O festejo que acontece há quase um século, tendo sua origem em 1923, reúne milhares de fiéis na praia Rio Vermelho. Vestidos de branco e azul, cores do Orixá, os devotos se concentram na areia para entregar seus presentes em forma de agradecimento e realizar seus pedidos. No último domingo (2), a Festa foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Salvador e reuniu aproximadamente 1 milhão de pessoas. As pequenas barcas ou balaios, enfeitados com flores carregam oferendas que em sua maioria contém itens de plástico, espelhos, bijuterias, vidros de perfumes e até mesmo bonecas em formato da divindade que são lançados no mar, conforme tradição.


Foto: Thiago Barros

Entretanto, apesar da beleza e devoção, as oferendas que incluem materiais não biodegradáveis são prejudiciais ao meio ambiente. Em 2016, por exemplo, mergulhadores retiraram após a festa cerca de 150 kg de lixo do fundo do mar, na Praia de Santana, no bairro do Rio Vermelho. Foi a partir deste problema que a ideia de presentear a Orixá de uma forma sustentável tornou-se uma solução para a Comunidade Solar do Unhão. Graças à iniciativa do MUSAS, do Coletivo de Entidades Negras (CenBrasil). O grupo objetiva alertar a população sobre a importância da preservação e proteção do meio ambiente, uma vez que a Orixá é considerada a grande mãe do mar pelos fiéis.

Apaixonado pela divindade e praticante do candomblé há mais de 20 anos, o historiador e mestre em Desenvolvimento e Gestão Social Ogan de Ewá e Ojubá da Casa de Oxumaré, sente-se entusiasmado com o projeto. “Estamos ajudando a conscientizar as pessoas sobre o papel individual de cada um nesse processo de proteção. Ela nos lava com suas águas, então o mínimo eu podemos fazer é alertar que cuidem do local que ela vive”, afirma o historiador, que também é membro do CenBrasil.

Neste ano, a entrega dos presentes, que ocorre uma semana antes da data oficial da Festa, aconteceu no dia 26/01 (domingo) e contou com cerca de mil pessoas. “Nós entregamos o presente no domingo anterior ao dia 02 para que a ação sirva de alerta para as pessoas que irão ao rio vermelho fazer a entrega. Então a gente se antecipa pra influenciar as pessoas a colocar presentes ecológicos no mar”, ressalta Ogan.


Foto: Thiago Barros

De acordo com Iraildes Andrade, Coordenadora do CEN e Ekede da Casa de Oxumarê, a idealização do projeto que completou 07 anos, visa elaborar oferendas biodegradáveis que contenham apenas flores, frutas, doces e as comidas dos Orixás. As folhas como mamona e banana são utilizadas para servir de embalagem para colocá-los. Vasos de perfume, nem pensar. O frasco não é depositado no mar, mas para que não deixe de ficar perfumado, a alfazema é despejada por cima dos presentes. “Lá em casa nos sentíamos incomodados com a quantidade de vidros e de itens que se acumulavam na praia e no fundo do mar. Os balaios não são colocados no mar (apenas os alimentos e flores), o trazemos de volta. Aliás, o balaio do presente já possui 7 anos. Ele vai e volta" conta Iraildes.

Sobre a necessidade de incentivar e conscientizar as pessoas sobre a importância de não poluir o meio ambiente, a coordenadora tem feito o posível para alcançar o maior número de devotos. “Não temos uma noção do quantitativo de pessoa e do alcance da nossa ação, porém, fazemos uma divulgação nas redes sociais, na mídia falada e escrita e na Casa de Oxumarê realizamos ações de conscientização entre a comunidade e o entorno”, relata.

https://icalendario.br.com/festa-popular/festa-de-iemanja#ref4 http://www.ebc.com.br/cultura/2013/12/iemanja-conheca-a-origem-das-homenagens-de-final-de-ano acesso em 31/01/20> https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/presentes-ecologicos-de-iemanja-sao-entregues-na-gamboa/ https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/nem-tudo-sao-flores-mergulhadores-retiram-150-kg-de-lixo-do-mar-apos-festa-de-iemanja/ https://g1.globo.com/ba/bahia/verao/2020/noticia/2020/02/01/festa-de-iemanja-e-reconhecida-como-patrimonio-cultural-de-salvador.ghtml
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