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05/03/2020 às 09h20min - Atualizada em 05/03/2020 às 09h20min

As críticas sociais nos subtextos do terror psicológico

Obras com este subgênero servem para nos ajudar a refletir e a enxergar problemas estruturais da sociedade

Ernandes Silva - Editado por Milena Iannantuoni
Foto: Universal Pictures/ Divulgação
Ao longo das décadas os filmes de terror exploraram vários elementos, indo de monstros gigantes radioativos até assassinos mascarados que matam adolescentes com uma motosserra. E como é de se esperar por qualquer outro gênero, inovações são necessárias para não somente impressionar o expectador, mas também para se manterem atuais e relevantes. Então na última década, o gênero de terror teve muitas produções focadas no íntimo que mexesse mais com as emoções de quem estão assistindo, o terror psicológico.

Esse "novo" gênero, em sua grande maioria é caracterizado por não serem recheados de jump scares (aqueles sustos que fazem pular da cadeira), ou terem o uso excessivo de violência gráfica. Eles optam por questões internas da mente humana e criam várias metáforas para representa-las, e assim desenrolar a trama em cima do tema definido.

Atualmente, os assuntos escolhidos para servir de base para esses terrores psicológicos, são aqueles que estão em discussão na sociedade, sejam de grande visibilidade ou não. Com isso, esse nicho do cinema traz uma crítica social de maneira a nos fazer refletir sobre o filme mesmo após dias, além de mostrar que os seres humanos podem ser mais cruéis do que qualquer criatura fictícia.

Uma dessas obras que trabalhou muito bem os elementos desse subgênero é o filme Get Out (Corra!, em tradução livre) de 2017, dirigido por Jordan Peele, o mesmo diretor responsável por Us (Nós, em português) de  2019Nele temos o protagonista Chris, um jovem fotografo negro que vai passar o fim de semana na casa da família da sua namorada branca, e ele nota acontecimentos bastante estranhos. O racismo implícito na história se desenvolve junto com a narrativa, angustiando o público. Esse filme é uma critica social ao racismo velado da sociedade estadunidense que ainda reverbera nos dias atuais.

Se de um lado temos Corra! que não se utiliza de elementos sobrenaturais para ajudar a criar a narrativa, do outro temos A Bruxa (2015). Com um roteiro que não entrega tudo de uma vez, o que contribui para a sensação de desespero do público e da protagonista Thomasin, a qual é acusada de bruxaria. O diretor Robert Eggerstrabalha a instabilidade psicológica e financeira da família, principalmente o fanatismo religioso e como a religião pode afetar direta e negativamente na vida das pessoas. 

A partir dessas breves analises de Corra! e A Bruxa nota-se que não há limite criativo para a criação do terror psicológico de vertente social. O motivo de usar algo presente na sociedade, como o racismo, a intolerância religiosa, depressão, relacionamento abusivo, etc, é para aproximar a realidade da tela para os expectadores e trabalhando com medos reais ao mesmo tempo em que se utiliza desses receios para alertar o perigo dos problemas apresentados.

Assim causando sensações de desconforto do personagem em tal situação, ou aflição e desespero em outra cena. Algo que o cinema fez desde a sua criação, principalmente no drama, foi refletir os aspectos positivos e negativos da sociedade e causar emoções boas ou ruins no público e por fim deixar quem assistiu com questionamentos para pensar e discutir. 

REFERÊNCIAS

O Homem Invisível e o terror psicológico.
-  YOUTUBE. Carol Moreira. Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=E-1F7W_tHgY> Acesso em: 28 de Fevereiro de 2020. 

OS MELHORES FILMES DE TERROR PSICOLÓGICO DOS ÚLTIMOS ANOS. —  YOUTUBE. Refúgio Cult. Disponivel em: <https://www.youtube.com/watch?v=ytZY9ob50cY> Acesso em: 28 de fevereiro de 2020. 

NOLLA, Thiago. Melhores Filmes de Terror Psicológico da Década. CinePop, 26 de fevereiro de 2020. Disponível em: <https://cinepop.com.br/melhores-filmes-de-terror-psicologico-da-decada-219211/>  Acesso em: 28 de Fevereiro de 2020. 

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