A série chegou no catalogo da
HBO em abril, contendo no total seis episódios. The Plot Against America é uma adaptação audiovisual do livro de mesmo nome, escrito pelo Philip Roth. Passada nos anos de 1940, é uma distopia que conta a escalada do nazismo no EUA quando o populista Charles Lindbergh vence a presidência e logo após, seu discurso começa a assumir um viés cada vez mais fascista.
David Simon, o mesmo criador de ‘The Wire’, foi o responsável por adaptar a obra em uma produção audiovisual. Tendo o conforto do canal, o qual sempre trabalhou com suas produções e a formação de um jornalista político. Simon assumiu a responsabilidade da adaptação após ver todo o acontecimento na política norte-americana em 2016.
O mais interessante da série é que toda a história é contada através da visão de uma família judaica nos EUA. Dessa forma, é representado como a ignição ao extremismo no país afeta os cidadãos. Aos poucos, mudanças vão sendo percebidas, o ambiente e a convivência do dia-a-dia começam a sofrer severas mudanças.
Uma das denuncias que a série trás é que o ambiente fascista vai sendo criado aos poucos, nada acontece de imediato. Políticos autoritários, uma vez com poder em suas mãos, vão testando os limites da moral e democracia. Em passos lentos, o projeto de poder vai sendo implementado e as reais intenções vão sendo finalmente expostas. Por ser uma transição gradual, os indivíduos não percebem de imediato essas mudanças. Então, o avanço de um Estado fascista não desperta tanto temor entre a população que só percebem o real risco quando a situação já está muito complicada.
Trazer a visão de uma família comum durante todo o processo politico deve ser uma das melhores formas de denunciar a problemática. O carisma e os papeis sociais que eles desempenham geram um sentimento de identificação com os personagens nas pessoas. Elas se enxergam naquela situação através deles e assim, conseguem entender melhor o real perigo que a situação pode causar a sociedade. Ver a vida dos personagens nas telas mudarem completamente a uma rotina de medo e repressão sinaliza os riscos e pode despertar uma visão crítica da realidade.
Aliás, os personagens e o elenco que o compõe estão de parabéns. Alguns nomes reconhecidos pelo grande público como Winona Ryder e Morgan Spector encontram-se presentes. Todos os personagens são bem trabalhados. Anseios, sonhos e decisões são bem aprofundados, o que causa uma maior empatia com o público que assiste, pois conseguem desenvolver sentimentos por esses personagens ao ponto de seu preocupar, até as vezes, se enxergar em seus problemas. Um acerto em cheio por parte da produção, já que cada vez mais em que as pessoas se envolvem com os personagens, mais a possibilidade de a mensagem profunda da série ser passada com eficácia.
Entretanto, é preciso destacar a principal questão que é trazida pela série. A ascensão de líderes populistas autoritários que flertam com ideias fascistas. É clara a analogia realizada pela série com os tempos atuais. É possível encontrar vários pontos de convergência entre o Lindbergh e alguns políticos pelo globo. Eles chegam ao poder de forma democrática, fazem discursos com tom autoritário e testam os limites da democracia constantemente. Em especifico, é visto muitas analogias com o governo Trump. Comparações são realizadas a todo momento. A grande diferença do período atual e o retratado na série é que a ameaça nazifascista já estava implantada em alguns países, enquanto hoje, tal ameaça não é tão pertinente, mas pode ser algo em um futuro próximo.
REFERÊNCIAS
PORTO, Walter. 'Plot Against America' dá sensação de viver o fervor do fascismo. Disponível em: <
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/04/plot-against-america-da-sensacao-de-viver-o-fervor-do-fascismo.shtml> .Acessado em: 20/05/2020.
BRANDÃO, Liv. Complô contra a América. Disponível em: <
https://entretenimento.uol.com.br/reportagens-especiais/plot-against-america/>.Acessado em: 20/05/2020.
