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01/09/2020 às 14h32min - Atualizada em 01/09/2020 às 13h53min

Dança em Isolamento

Como tem sido a experiência dos bailarinos diante da pandemia?

José Lucas Casemiro - Editado por Letícia Agata
Em março, as academias se fecharam como uma medida provisória, na tentativa de evitar o contágio do novo coronavírus, Covid-19. Com isso, não só os "crossfiteiros" e donos de academias tiveram prejuízos, fossem nos bolsos ou nos treinos, mas também os bailarinos, já que o contágio dos passos de ballet ou hip-hop foram submetidos a nova perspectiva. Quem antes praticava na sala espelhada ao lado de outros colegas, ficou limitado aos tijolos de sua casa. Para falar sobre esse momento marcante, Cristiana Packer e Clécio de Souza Carvalho, que além de bailarinos e professores são empreendedores e donos, respectivamente, do Ballet Cristiana Packee YO! Centro Artístico, abrem o verbo sobre suas experiências neste período de pandemia.
 
Como você tem lidado com as aulas nesse período de Isolamento? 

Cris: No início foi difícil, muitas mudanças, muitas novidades, muitas dificuldades tecnológicas. Com o tempo fomos nos adaptando e entendendo que, mesmo distantes, estávamos ao lado dos nossos alunos, e mais: dentro de suas casas. Eles podiam me ver e eu a eles. Muito do aprendizado é através da observação e da fala, isto se manteve. Então percebemos que tínhamos o desafio de adaptar a dança ao espaço das pessoas e com isto a prática da dança e do aprendizado pode continuar.

Qual a maior dificuldade que você têm passado dando aulas nesse período?
 

Cris: Temos enfrentado com frequência problemas com internet. Muitas vezes os alunos não conseguem participar das aulas por falta de sinal, mas a maior dificuldade é manter os alunos motivados nas aulas online. No Ballet Cristiana Packer temos alunos de 3 à 65 anos, então atendê-los neste momento é um grande desafio. O planejamento é direcionado a cada curso e idade, o que sempre fizemos, mas agora precisamos buscar ideias e soluções novas.

Clécio: São várias as dificuldades, tanto técnicas quanto pessoais. A internet às vezes cai e nos deixa na mão. Os alunos, com o tempo, perdem um pouco o interesse, porque como eles estão em casa, acabam não se prendendo tanto ao compromisso, caso a aula fosse no estúdio isso seria diferente. E no caso de crianças é mais difícil, pois estar em casa é mais confortável jogar no celular, assistir filmes. Acabam relaxando com o compromisso.
 

 
Qual foi a melhor coisa que a dança proporcionou nesse momento?
 

Cris: Hoje tenho muitas alunas que moram em outras cidades, inclusive uma que mora em João Pessoa e outra nos EUA. O sistema online abriu possibilidades enormes. Agora os alunos podem ter acesso às nossas aulas de qualquer lugar que estejam. Desta mesma forma, eu também pude participar de cursos a distância muito legais. Isto eu chamo de “presentes da quarentena”.

Clécio: A melhor coisa foi sentir que as pessoas precisam de arte, que dançar é importante para elas. Não é somente o físico, mas estar com outras pessoas se divertindo, conversando, trocando ideias. Foi mais que provado que a convivência em grupo é muito importante.
 
Como ficaram as situações das competições? 

Clécio: Nas competições nós demos um tempo e voltaremos a focar nisso após a quarentena. O foco, é ver os bailarinos bem. Depois, pensamos em competições.


 
Onde você acha que a dança pode ajudar mais nesse período de Isolamento?

Cris: A dança ajuda na preparação física, sem dúvida, mas acredito que o ponto principal é o emocional. Quem dança, gosta de dançar, e a dança, o movimento e a música trazem um bem estar emocional fundamental neste período de tantas perdas sociais, materiais, entre outras.

Clécio: A dança ajuda como uma terapia. Mesmo à distância podemos nos juntar com os alunos e se divertir. Estão todos preocupados com o perigo do Covid-19, mas ao mesmo tempo precisamos viver e nos divertir e precisamos de amigos e pessoas que se importam com a gente.

O que é a dança pra você?

Cris: A dança é um dos pilares que me mantém viva. Muitas vezes ela é como um dragão com quem tenho que duelar, e é com este duelo que me fortaleço e que encontro o meu equilibro.

Clécio: Dança é minha vida. A dança me educou. A dança me deu uma família e quero que a dança faça parte da minha vida pra sempre. Que eu possa levar dança para todas as pessoas e poder levar momentos de alegria e descontração.

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