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05/09/2020 às 09h55min - Atualizada em 05/09/2020 às 09h51min

Brasil 2020: A morte não é a vilã da história, é apenas uma personagem

Paulo Pereira - Editado por Fernanda Simplicio
FONTE: Pixabay / REPRODUÇÃO: Valor Econômico - Globo

Segundo os registros oficiais da Organização Mundial de Saúde - OMS, estamos próximos a completar os seis meses de pandemia do novo coronavírus. Diante de tantas mortes torna-se extremamente difícil encarar a vida.

Fato não apenas para aqueles que encararam a morte face a face e acabaram por perder entes queridos e ou conhecidos. Minha afirmativa está direcionada, também, a todos aqueles que, inevitavelmente, passaram a lidar de forma mais premente com o risco de vida. Assim, a possibilidade da sua própria morte.

Uma contingência, em grande medida, desesperadora. E tudo parece apenas piorar. Sendo bem pessimista, ok? Afinal, soma-se, ou melhor identifica-se na equação, a variável Governo Federal. Governo Federal omisso. Governo Federal cruel. Governo Federal incompetente.

Todavia, contudo, porém, o pessimismo não se estabelece por completo. Dados de realidade – e de alguma sanidade – nos mostram caminhos. Não “apenas” de resistência, mas de sapiência mediante oportunidades de conhecimento a ação. E uma destas tais, é o aprendizado advindo da convivência com a morte. E em paralelo, a responsabilização do seu “mandante”. O já dito: Omissão, Crueldade, Incompetência. 

Em paralelo, verdade também é que não aprendemos, de pequenos, a lidar (e aceitar) com a morte. Sendo uma maioria de religiosos, praticantes ou declarados, não nos aprofundamos e quando o fazemos, equivocamos na interpretação. E para os pragmáticos, pouco se considera a trilha até a finitude. Resultado: a morte é quase sempre um susto, uma condição de negação ou um desespero. Verdadeiro inconformismo.

Mas há caminhos! Brademos como alusão ao hino (d)es(a)quecido. Muitos “o” conhecem, desejam, mudam em função de... Sim, é o conhecimento. No entanto, a uma sapiência com a leveza (ou a aspereza) do humor. O pulo do gato no lugar do nosso “jeitinho”.

Aí vem aquele riso, o melhor respiro, a lembrança gozada, a história relembrada, o afago do coração. Aqui não há Governo Federal que, mesmo com sua incongruência, nos acabe.

Pelo humor, pelo questionamento, na contundência e singularidade das Histórias em Quadrinhos, Tiras, Charges e Cartoons, a morte se mostra como verdadeiramente é: personagem e não vilã. Esta última, se confunde com aqueles de outrora, os mandantes. Não nos esqueçamos, por favor.

Morte Crens – que nome singular – é uma pequena, singela e carismática e engraçada morte. Um presente da Arte, que se não for para nos fazer acostumar e até... aceitar, eu não sei mais. A personagem é cria do Quadrinista Gustavo Borges.

Ser de geração mais nova – e, portanto, menos afeito a dogmas e tabus – ele nos brinda com uma concepção natural dos fatos. Um “Ser Morte”, indivíduo, e afeito aos sentimentos humanos. Entediada, com família, e claro, irremediavelmente lotada de trabalho.

Borges, por meio de Crens, nos aponta diversas escapadas das circunstâncias tão duras que podem envolver o fim da vida – quem sabe a continuidade – e certamente a inevitabilidade do fim das coisas e pessoas.

Certamente, um período como o que vivemos faz bem perceber o fim como tal. É lição para o bom existir. Porém, claro, o que todos desejam é um fim natural. E o que assistimos no Brasil de 2020 é um fim quase imposto. A derrubada do gigante em berço esplendido, que pode (e deve) ser mais saudável do que a sua própria morte.

(Morte) Crens nos ajuda a ver a Vida com outros olhos e a identificarmos o verdadeiro vilão da nossa atual história. Somos nós. Sim. Há os supracitados mandantes. Contudo, agimos como Executores a serviço do obscurantismo, perdidos entre meias verdades e achismos de toda ordem.

Eleitos e elegidos (e nós, eleitores) numa amálgama sem objetivo coletivo próspero... Tornemos o trabalho do Ceifador menos entediante. Luz à Morte, Vida ao Brasil, responsabilidade constitucional aos Césares tupiniquins, esperança (paz e amor) no por vir!


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