Lançado em 2016 pela Artefacts Studios e distribuído pela Microids, e relançado para Nintendo Switch em 2020, Agatha Christie: The ABC Murders coloca o jogador na pele do excêntrico detetive Hercule Poirot, enquanto ele investiga um serial killer que mata suas vítimas em ordem alfabética. A história se inicia com Poirot recebendo uma carta misteriosa, de um indivíduo anônimo anunciando que cometerá um crime na cidade de Andover e que assina com o pseudônimo de A.B.C. De fato, na data prometida, Alice Asher, uma lojista da cidade, é encontrada morta atrás de seu balcão, com nenhuma evidência de seu assassino a não ser sua assinatura: um guia ABC das ferrovias do Reino Unido. Investigue cenas do crime, resolva quebra-cabeças para encontrar respostas, interrogue suspeitos e reconstrua as cenas do crime para descobrir o paradeiro do assassino antes que ele cause mais vítimas.
O jogo segue a mesma história de seu livro de origem, Os Crimes ABC, e os fãs da clássica escritora de romances policiais Agatha Christie irão adorar a fidelidade da adaptação. Claro que, por ser um jogo, o próprio jogador pode mudar a ordem dos acontecimentos e dos diálogos, mas a história continua a mesma.
Ainda assim, não adianta espiar as páginas originais em busca de respostas. A grande maioria dos quebra-cabeças e enigmas que tornam o jogo tão dinâmico não estão presentes no livro, mas fazem parte de uma das mecânicas que tornam o game interessante. Quando Poirot entra em modo Pensando, o jogador pode revirar objetos e encontrar partes que se mexem, mensagens escondidas, painéis secretos e outros segredos que o ajudarão a chegar mais perto da verdade. Ainda sobre a parte investigativa, outra dinâmica interessante é a de analisar cenas do crime e indivíduos como o próprio Hercule Poirot, encontrando detalhes, expressões e movimentos corporais que contam mais do que um interrogatório. Falando em interrogatório, também é possível escolher entre diversas linhas de diálogo para interrogar suspeitos, familiares e pessoas relacionadas às vítimas. Quando você termina de juntar todas as suas pistas, entram em ação as Pequenas Células Cinza, uma mecânica do jogo na qual é possível catalogar e juntar tudo que você aprendeu para chegar a conclusões, traçar perfis, descobrir horários e até mesmo nomes. O jogador realmente realiza um trabalho investigativo, e precisa pensar para seguir em frente.
Os personagens e locais seguem um estilo de cartoon, bem desenhados e coloridos, e os cenários são lindamente complexos, mas a movimentação dos “bonecos” é muitas vezes fora de sincronia com as falas, além de bem robótica e um pouco catatônica. Porém as expressões faciais são bem feitas, e tudo é muito bem detalhado e feito com muito cuidado.
A trilha sonora não possui vozes, apenas músicas de época que coincidem muito bem com os ambientes, e os sons de fundo te colocam realmente na cena apresentada, embora eles se repitam bastante se você demorar um pouco mais do que o normal em algum local ou puzzle.
No geral, é um lindo jogo de suspense, com mecânicas e história bem interessantes, extremamente interativo. Fora Poirot, que é sempre uma cena por si próprio, não há muitos personagens exatamente cativantes, porém há muitos suspeitos, e você vai querer prestar atenção a eles. Não há muita ação, como perseguições ou um suspense que te aterroriza, pois tudo já é feito após os crimes, mas ABC Murders irá quebrar a cabeça do jogador com toda a certeza.
REFERÊNCIAS
Agatha Christie - The ABC Murders. Steam, 2016. Disponível em: <https://store.steampowered.com/app/374900/Agatha_Christie__The_ABC_Murders/>. Acesso em: 15/05/2021.
The ABC Murders Game. The Home of Agatha Christi, 2021. Disponível em: <https://www.agathachristie.com/games/the-abc-murders>. Acesso em: 15/05/2021.
