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04/06/2021 às 11h56min - Atualizada em 04/06/2021 às 12h05min

A Disney estaria tentando humanizar seus vilões?

July Anna Barbosa - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Disney / Reprodução: Google


Se você já assistiu a alguma adaptação de filmes Disney em live action, certamente notou que a empresa tem dado uma atenção especial aos notáveis vilões de suas obras, em especial aqui Malévola e Cruella que foram as primeiras contempladas com seu filme próprio, não esquecendo, é claro de Scar, Jaffar e Gaston que obviamente apareceram nas adaptações de suas respectivas histórias.

Entretanto, algo que particularmente me chamou atenção foi o fato deles estarem diferentes do que vimos na animação, porém a questão na qual queremos chegar é: eles optaram por mostrar um outro lado dos antagonistas, humanizaram e até tentaram justificar seus atos através de traumas e questões do passado. Até onde isso estaria alterando a essência desses personagens clássicos?

As diferenças entre as animações e os filmes são aparentes
A forma que eles nos foram apresentadas há anos, é bem diferente. Na animação 101 Dálmatas (1961), a vilã que conhecemos é completamente outra, uma estilista inescrupulosa que não pensa duas vezes em tentar comprar filhotes de dálmatas para fazer casacos de peles, Malévola em A Bela Adormecida (1959), é simplesmente uma fada amargurada que não foi convidada para um batizado, em O Rei Leão (1994) Scar o irmão invejoso do rei, e assim adiante, sequestram, amaldiçoam a até matam, dificilmente teríamos simpatia e veríamos bondade em alguém assim.Já no live-action a situação é outra

No filme de Malévola (2015), ela era uma fada com asas, e seu grande amor lhe traiu cortando suas asas e a trocando para se tornar rei, em contraponto, em Cruella (2021) desde criança aparece sendo cruel em vários momentos de sua vida. Enquanto em um a história quer mostrar a heroína incompreendida, o outro faz questão de explicar o porquê de ela ser assim.

Enquanto Jaffar e Scar, de Aladdin (2019) e O Rei Leão (2019) respectivamente, aparece em suas falas a provável justificativa de seus atos, o primeiro em conversa com Aladdin afirma ter o jeito das ruas, malandro igual ao protagonista, isso já o diferencia da versão original, onde seu passado era um mistério, já o leão, em uma conversa com um rato diz “Enquanto alguns nascem para o banquete, outros passam a vida na escuridão, implorando por migalhas. ”, ou seja, ele passou a vida sentindo fome.
Ao longo do filme, em algum momento a história quer lhe apontar um porquê para as maldades do personagem, para tentar passar a mensagem de que ninguém é completamente ruim e imperdoável, o famoso toda história tem dois lados.
 

O visual dos vilões foi suavizado
A identidade visual dos vilões da Disney, está muito atrelada aos seus figurinos, porém, ao contrário do que muitos fãs saudosistas esperavam, as aparências deles foram modificadas para se tornarem mais realistas e funcionais, porque convenhamos, há coisas que no dia de hoje não seriam aceitas e fáceis de reproduzir.
Algo polêmico que desde o início foi descartado pelos estúdios, o icônico casaco de pele de Cruella Devil, tanto pela história de que teria sido feito de peles de dálmatas teoricamente esfolados pela própria, além da piteira (o cigarro comprido da vilã), a Disney não permitiu em um de seus filmes, descartando esses elementos, seria uma chance de a personagem ser “gostável”, além de ser um incontestável ícone da moda.

Outras mudanças feitas no vilão de O Rei Leão (2019), que foram percebidas e até criticadas, foi a reprodução que fizeram de Scar no filme, ao contrário da juba bonita que apresentava no clássico, no atual foi retratado como um leão desnutrido e sujo, sempre acompanhado por moscas ao redor, enquanto em Aladdin (2019), Jaffar sofreu sem dúvidas uma repaginada, não só ficou mais bonito como perdeu o nariz pontiagudo, e rejuvenesceu alguns anos.


 
A modernização identitária pode ser boa
A mudança na essência dos personagens estaria ligada a uma tentativa da empresa em criar uma identificação entre as pessoas e os antagonistas, fazendo refletir sobre o que fez o vilão se tornar um vilão. É possível compreender as razões de seus atos. Muitos deles nunca tiveram amor ou qualquer contato com bondade sua vida inteira, dessa forma, fica difícil cobrar que eles sintam empatia por alguém, não é mesmo?

As alterações causaram estranheza nos fãs, mas vale lembrar que os tempos são outros, muitos acontecimentos da produção original não caberiam mais nos dias de hoje. Trazer novas características e enredos que vão conquistar as novas e futuras gerações, deve ser louvável principalmente quando não esperávamos e somos surpreendidos da melhor forma possível.

Humanizar seus vilões foi uma jogada de mestre da Disney, os tornou mais verdadeiros e impossíveis de não desenvolver algum carinho depois de entender que para muitos, apenas lhes faltou uma oportunidade de conviver em sociedade, apesar de suas esquisitices e características únicas, que afinal, todos nós temos.

REFERÊNCIAS:
FIAUX, GUS. Crítica: Cruella é o filme que todo remake live-action da Disney deveria ser. LEGIÃO DOS HERÓIS. 28 de mai. de 2021. Disponível em https://www.legiaodosherois.com.br/2021/cruella-critica-disney.html Acesso em: 31 de mai. de 2021.

LIVROS, UNIVERSO DOS. Vilões da Disney: quando a moda é não ser bonzinho. UNIVERSO DOS LIVROS. Disponível em https://universodoslivros.com.br/viloes-da-disney-quando-a-moda-e-nao-ser-bonzinho/ Acesso em: 31 de mai de 2021.




 
 
 
 

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