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14/08/2021 às 15h09min - Atualizada em 14/08/2021 às 14h45min

Doce protagonismo feminino em Gunpowder Milkshake

Da tentativa de engajamento ao fiasco de enredo

Ivan Fercós - Editado por Ana Terra
Uma mistura excêntrica dos filmes de Tarantino e uma teoria feminista descomplicada sem congelamento do cérebro com preocupações, podendo até ser divertido, lúdico e açucarado como em um milkshake. Porém, sem a cereja no topo. Descrito como uma mistura violenta, Gunpowder Milkshake chega ao catálogo da Netflix com a missão de contribuir para o gênero de ação protagonizado por mulheres fortes.

Sinopse:
“Sam (Karen Gillan) tinha apenas 12 anos quando sua mãe Scarlet (Lena Headey), uma assassina de elite, foi forçada a abandoná-la. Sam foi criado pela Firma, um sindicato do crime cruel para o qual sua mãe trabalhava. Agora, 15 anos depois, Sam seguiu os passos de sua mãe e se tornou uma assassina feroz. Ela usa seus “talentos” para limpar as bagunças mais perigosas da empresa. Ela é tão eficiente quanto leal. Mas quando um trabalho de alto risco dá errado, Sam deve escolher entre servir a firma e proteger a vida de uma menina inocente de 8 anos, Emily (Chloe Coleman). Com um alvo nas costas, Sam tem apenas uma chance de sobreviver: reunir-se com sua mãe e suas associadas letais: as bibliotecárias (Angela Bassett, Michelle Yeoh e Carla Gugino). Agora, essas três gerações de mulheres devem aprender a confiar umas nas outras, enfrentar a Firma e seu exército de capangas e levantar o inferno contra aqueles que podem tirar tudo delas".
Reprodução: Diamond Filmes

Reprodução: Diamond Filmes


O longa, já se encontra disponível na plataforma dos EUA desde o dia 15 de julho. No Brasil, o filme pretende ser lançado nos cinemas tupiniquins, com distribuição da Diamond Filmes, que até o momento desta publicação não divulgou a data de estreia. Apesar do elenco repleto de estrelas com passagens por grandes projetos de aceitação do público, de Guardiões da Galáxia a Game of Thrones, de conter boas cenas de ação – algumas vezes cansativas, porém boas. Detalhes coloridos em um estilo Kitsch, o filme foi classificado pelo MPA (Motion Pictures Association) para maiores de 18 anos (rated-R) por sua “extrema violência sangrenta e linguagem”.

Frases como “nas mãos certas o conhecimento contido dentro dos livros se tornam armas de defesa ou ataque”, tornam clara a simbologia do uso da biblioteca como arsenal e livros, como uma espécie de coldre. O milkshake de pólvora, em tradução livre, tem um tom bem diferente. É, definitivamente, um pouco estranho e fora da caixa. Para atualidade, talvez tenha abusado ao se estilizar demais.

Reprodução: Diamond Filmes

Reprodução: Diamond Filmes


Durante o filme há diversas referências literárias a grandes escritoras internacionais, nomes como Jane Austen, Charlotte Bronte, Virginia Woolf e Agatha Christie, todas foram mulheres protagonistas, que de forma direta ou indireta empunharam e ajudam ao crescimento do orgulho feminino contemporâneo. Por sua vez, a ideia de ter mulheres fortes como protagonistas, a união de gerações e etnias tornavam o enredo bem inclusivo e poderoso, mas houve falta de visão e o não aprofundamento dos subnúcleos acabando por enterrar um filme que, certamente, seria considerado como referência para futuros projetos do gênero. Isso se tivesse se proposto fazer o básico, no entanto, bem feito.

Em entrevista para o site IGN, o diretor do filme, Navot Papushado, citou algumas das suas inspirações que vão muito além de Jonh Wick e Kill Bill e influências cinema mudo. A lista é longa e inclui nomes como Tarantino, Akira Kurosawa, Jean Pierre Melville, Alfred Hitchcock, Sergio Leone, Buster Keaton, Michael Mann, Sam Peckinpah, Jackie Chan, John Woo, Ang Lee, Martin Scorsese, Steven Spielberg, Jacques Demy, Luc Besson e Robert Zemeckis. De acordo com Papushado, a âncora emocional é que os pecados da mãe afastada vêm perseguir a filha, obrigando-a a confrontar passado e futuro, deixando a vingança longe de ser o fio condutor principal do enredo. Ainda segundo os relatos do autor, a verdade, é que se trata de uma história sobre a maternidade em suas várias formas. No decorrer, Sam se torna a improvável protetora da jovem Emily. Isso, por sua vez, a força a se reunir com sua mãe, Scarlet, uma assassina que foi forçada a abandonar sua filha ainda jovem.

Reprodução: Diamond Filmes

Reprodução: Diamond Filmes


Como o próprio roteirista e diretor sintetizou, Gunpowder é uma espécie de fusão entre clássicos que ela ama e filmes que ele assistia enquanto crescia nos anos 80 e 90, muitos de ação e que datam a era do cinema mudo de Buster Keaton, formando uma sopa de letrinhas que por ora não deu muito certo. Quem sabe futuramente ao revisitá-lo consiga entender melhor o gênio incompreendido na obra. Por enquanto, a única promessa entregue em 1h e 54 min, foi a do título, a mistura foi explosiva e bem confusa.

Confira:



REFERÊNCIAS:
MASSISSA, Domingos. Crítica de ‘Milkshake de pólvora’ disponível na Netflix. Senas Nerd, 2021. Disponível em: <https://senasnerd.com/critica-de-milkshakede-polvora-disponivel-na-netflix/>. Acesso em: 27 de jul de 2021. 
NOLLA, Thiago. ‘Gunpowder Milkshake’: Carla Gugino, Angela Bassett e Michelle Yeoh são destaque no novo clipe oficial do longa. Cine Pop, 2021. Disponível em: <https://cinepop.com.br/gunpowder-milkshake-carlagugino-angela-bassett-e-michelle-yeoh-sao-destaque-nonovo-clipe-oficial-do-longa-299127/>. Acesso em: 27 de jul de 2021.
PINTO, João. Explosivo Gunpowder Milkshake: Mistura Explosiva Ganhou Trailer e Promete Muita Ação no Feminino. Portal Cinema, 2021. Disponível em: <https://www.portal-cinema.com/2021/05/explosivogunpowder-milkshake-mistura.html>. Acesso em: 27 de jul de 2021.
SCHEDEEN, Jesse. Gunpowder Milkshake: Exclusive Trailer Debut. IGN Africa, 2021. Disponível em: <https://za.ign.com/gunpowder-milkshake/154053/preview/gunpowder-milkshake-exclusive-trailer-debut>. Acesso em: 12 de ago de 2021.
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