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12/11/2021 às 23h39min - Atualizada em 12/11/2021 às 22h56min

10 músicas brasileiras que abordam o que é ser negro no Brasil

Confira 10 músicas que falam sobre a resistência negra, representatividade e racismo.

Paulo Victor Alves dos Reis - Revisado por Isabelle Marinho
(Foto: Reprodução/ Black lives matter)
No dia 20 de novembro é comemorado o Dia da Consciência Negra, com várias manifestações politicas e culturais espalhadas pelo Brasil. A data refere-se ao regime da escravatura. 

Com a duração de 300 anos de escravidão no Brasil, e com o país sendo o último a abolir a escravatura sem nenhuma política compensatória pelos trabalhos nas senzalas, a população negra foi despejada à própria sorte pelas cidades. Na sociedade brasileira atual, ficaram resquícios de um corpo social doutrinado a desenvolver um racismo estrutural.

A música é uma ferramenta que fomenta a resistência negra na luta contra com o racismo, trazendo uma reflexão sobre o racismo estrutural e como os negros são observados pela sociedade, além dos padrões pré-estabelecidos, onde não incluem a população preta e também não dão cor aos heróis negros. Coloque seu fone, adicione na sua playlist e venha conferir 10 músicas que falam o que ser negro no Brasil, como combater o racismo e a resistência nesta longa batalha.

 

 1- A Carne, de Elza Soares

Do álbum "Do Cóccix até o pescoço", lançado em 2002, a canção "A carne" é uma das tantas músicas de Elza que são resistências ao racismo e o denunciam com trechos marcantes que mostram resquícios da discriminação racial. Nos versos: “que vai de graça pro presídio, e para debaixo de plástico, que vai de graça pro subemprego e pros hospitais psiquiátricos”, simbolizam as vivências cotidianas de um pertencente da melanina negra no Brasil.
 
Videoclipe oficial "A Carne", de Elza Soares. (Reprodução: YouTube/ Elza Soares)
 
2- Boa esperança, de Emicida
 
Lançada em 2015 no álbum "Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa…" as rimas do rapper escancaram a luta de classes e discriminação. A canção “Boa esperança” relata as várias categorias de violências sofridas pelos empregados, como assédio sexual e moral. No videoclipe, as cenas retratadas ilustram como seria a atual senzala no mercado de trabalho e como os negros são desprezados em seus empregos. 
Por mais que você corra, irmão
Pra sua guerra vão nem se lixar
Esse é o X da questão
Já viu eles chorar pela cor do orixá?
E os camburão o que são?
Negreiros a retraficar
Favela ainda é senzala, Jão
Bomba relógio prestes a estourar
Nos versos acima, é evidenciado o que seria uma espécie de sina da população, como se fosse um destino, uma batalha para se enfrentar.
 
Videoclipe oficial "Boa Esperança", de Emicida. (Reprodução: YouTube/ Emicida)
 

 3- A coisa tá preta, de Rincon Sapiência

A música foi lançada em 2016, no álbum "Galanga Livre", esse título foi inspirado na lenda Chico-rei, cujo o nome era Galanga, o rei do Congo que veio para o Brasil como escravo. Com uma melodia envolvente e contagiante, as rimas de Rincon são bem direcionadas à discriminação e ao período de escravatura, o rapper ilustra como a cor preta é subestimada e inferiorizada pelo corpo social e o racismo estrutural é notório no dia a dia. 
 
"A coisa tá preta", Rincon Sapiência. (Reprodução: YouTube/ Rincon Sapiência)
 

4- Racismo é burrice, de Gabriel, o Pensador

O carioca Gabriel, o Pensador sempre traz reflexões em suas letras com denúncias sociais e temas relevantes para a sociedade, em “Racismo é burrice”, lançada em 2003, não é diferente. O Pensador nos convida a racionar sobre intolerância e segregação racial, ficando a mensagem de que precisa ser negro para lutar contra racismo, além disso, traz como esse comportamento (o racismo) é uma burrice e fruto de uma ignorância cultivada.
 
"Racismo é Burrice", de Gabriel, o Pensador na MTV ao vivo. (Reprodução: YouTube/ Mariana)
 

5- Negro drama, dos Racionais

Impossível falar de musica negra brasileira e não citar o grupo Racionais Mc's. O grupo paulista é referência na luta contra racismo e a marginalização dos negros. Vale a pena ouvir "Vida louca", "Diário de um detento" e "Racistas otários", mas escolhida foi “Negro drama", que salienta os desafios enfrentados por um negro periférico.
 
Famosa canção dos Racionais: "Negro Drama". (Reprodução: YouTube/ Andre Coutinho)
 

6- A música da mãe, de Djonga

O rapper mineiro, Djonga, vem de uma nova geração do rap, porém, já possui diversas canções com uso referências do povo negro e racismo. Em seus versos, nota-se a insatisfação da sociedade com ascensão de um negro. O menino que queria ser Deus e quer colocar fogo nos racistas lançou “A música da mãe", que vale ser ouvida como voz de luta contra a discriminação racial.
 
Videoclipe de "A música da mãe", Djonga. (Reprodução: YouTube/ Djonga)
 

7- Mandume, de Emicida

Com a participação dos rappers Drik BarbosaMuzzike, Raphão AlaafimAmiri e Rico Dalasam para abordar sobre a resistência preta, Emicida comandou o trabalho. O resultado foi “Mandume”, nome do último rei da Angola que lutou contra a invasão dos povos europeus às suas terras, que englobam o que hoje conhecemos como o Sul da Angola e o Norte da Namíbia.
 

"Mandume", por Emicida feat. Drik Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzike, e Raphão Alaafin. (Reprodução: YouTube/ Emicida)
 

8- That's my way, de Edi Rock ft. Seu Jorge

A música foi lançada em 2013, pelo integrante dos Racionais Mc's e com participação de Seu Jorge. Com estilo mais suave, relata os desafios de um morador negro da favela e como o sistema é imposto para sabotá-lo, abordando o que seria o seu destino.
 
Vídeo oficial de "That's my way", de Edi Rock ft. Seu Jorge. (Reprodução: YouTube/ Bagua Records)
 

9- Zumbi, de Jorge Ben Jor

Composta por Jorge Ben Jor, no álbum "A tábua da esmeralda", em 1974, a canção refere-se a Zumbi dos Palmares, personagem histórico e líder do Quilombo dos palmares, que lutou até fim de sua vida pela libertação da escravidão do seu povo.

"Zumbi", por Jorge Ben Jor. (Reprodução: Youtube/ Rogério Beier)
 

10- Eu sou, de WD

O cantor WD surpreendeu os jurados e o público do The Voice Brasil, com seu desempenho e a letra sua canção “Eu sou”, as estrofes relatam a falta de representatividade, salientando a autoaceitação e o quanto ela é importante. Sem dúvidas, a música representa a população negra e sua força. Os trechos “Eu sou, A voz da resistência preta, Eu sou, Quem vai empretar minha bandeira, Eu sou, E ninguém isso vai mudar, Tudo começou dar certo, Quando eu aprendi me amar” soam como hino para resistência preta.
 
Clipe oficial de "Eu Sou", por WD. (Reprodução: YouTube/ WD OFICIAL)
 

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