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08/07/2019 às 22h33min - Atualizada em 08/07/2019 às 22h33min

Luiz Gonzaga e Padre João Câncio são homenageados no Recife

Exposição marca os 30 anos de morte do Rei do Baião e do Padre Vaqueiro

Nathalia Teixeira
Exposição “Tengo Lengo Tengo” segue aberta para visitação até 27 de agosto, em Recife. (Foto: Chico Andrade/divulgação).
Bravura. Fé. Resistência. Música. Arte. A combinação de sucesso resultou num marco para a história cultural de Pernambuco.  No dia 16 de junho, foi inaugurada uma mostra cultural intitulada Tengo Lengo Tengo, em referência a música de Luiz Gonzaga. O evento traz obras de artistas locais sobre a vida de duas das figuras mais importantes para a evolução do sertão pernambucano. Foram realizadas palestras, apresentações, leituras dramatizadas, mesas redondas e oficinas. Na abertura do evento, pela primeira vez, houve a celebração da Missa do Vaqueiro fora da cidade tradicional, Serrita.
 
Três sessões dividem o espaço da sala São Francisco, onde as obras foram posicionadas. Ao longo da mostra, são exibidas fotografias do Sertão Verde, a missa e realidade dos vaqueiros, a trajetória de Luiz Gonzaga e a vida no sertão por meio de experiências sensoriais que aproximam o público com a história. A curadoria foi realizada por Rinaldo Carvalho e é uma parceria da Prefeitura do Recife, Secretaria de Cultura de Pernambuco, Janela Gestão de Projetos e da Fundação Padre Câncio.
 
A vida dos sertanejos pode não ter luxos, mas é a simplicidade que encanta quem presencia pela primeira vez. “É muito interessante você vir para conhecer melhor essas histórias, traz uma sensação de que eles vivem melhor, apesar de tudo. Achei encantador os detalhes e a beleza dessas obras, tenho a impressão de que estou lá com eles. Em breve, planejo ir em uma viagem para esses lugares, para ver se a sensação é realmente boa como estou sentindo agora”, conta a nutricionista Marcella Melo, que aproveitou as férias para contemplar a exposição.
 
Na abertura do evento ainda houve o lançamento da biografia “João Câncio - O padre vaqueiro”, produzido pelo jornalista Vandeck Santiago, que conta toda a trajetória de João em fotos e relatos. Em entrevista coletiva, a esposa do padre, Helena Câncio, revelou que mesmo com dificuldades, continua a tradição com muito orgulho. “Não foi fácil e continua não sendo, mas hoje toda minha família está envolvida na missa”, disse.
 
O dia Nacional do Vaqueiro, dia 27 de agosto, marcará o encerramento da exposição e contará com apresentações do Som da Rural.
 
“Aqui no fundo da caatinga tem missa e oração. Vaqueiro, Deus e o sertão estão em tempo de comunhão, devoção, união e o perdão. É pra Raimundo Jacó nossa comunhão”.  O trecho da música Comunhão, de Luiz Gonzaga, expõe o sentimento dos sertanejos em época de Missa do Vaqueiro. Essa é a comemoração mais tradicional de Serrita, município de Pernambuco, onde a celebração foi idealizada por Luiz Gonzaga e pelo Padre João Câncio e é realizada há quase 50 anos.
 
O Sertão na Metrópole

A primeira edição da Missa do Vaqueiro foi em 1970, teve idealização do músico e do padre em memória a Raimundo Jacó, primo de Luiz, assassinado por uma injustiça. Desde então, a missa é realizada como uma forma de resistência e fé. Na ocasião, há a reunião de vaqueiros com o traje clássico Gibão (chapéu de couro e botas), uma celebração com padre, vaquejadas e caminhadas.
 
Em Recife, a celebração foi realizada pelo Padre Josenildo Tavares, coordenador da pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife e também pároco das Graças. O filho do Padre João Câncio presenteou o padre com o Gibão do pai.
 
O vaqueiro Felipe Silva contou que sempre vai à missa caracterizado. “É uma chance de encontrar outros vaqueiros talentosos, comemorar e aprender ainda mais sobre nossa cultura. É emocionante e muito bonita essa missa”, conta o vaqueiro do município de Pesqueira, no agreste.
 
Serviço:
Exposição “Tengo Lengo Tengo”
Museu Cais do Sertão (Av. Alfredo Lisboa, S/N, Bairro do Recife)
Visitação até 27 de agosto: Terça a sexta-feira, das 9h às 17h;
sábado e domingo, das 13h às 17h (última entrada às 16h30).
Entrada gratuita as terças-feiras;
R$10,00 inteira e R$5,00 meia entrada para estudantes e professores.
Informações: (81) 3182-8266
 
Editado por Pâmela Rita 

 
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