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12/09/2022 às 21h36min - Atualizada em 12/09/2022 às 21h45min

Sandman recria personagens e muda a percepção das histórias presentes nos quadrinhos

A nova série da Netflix é uma adaptação das HQs de Neil Gaiman e reconta os arcos presentes na obra original

Felipe Nunes - editado por David Cardoso
A construção dos personagens leva em conta os arcos narrativos presentes nas histórias em quadrinhos. (Foto: Reprodução/ Netflix).

Na primeira sexta-feira de agosto (5), a Netflix lançou os dez primeiros episódios da série “Sandman”. A produção, adaptada das obras em quadrinhos de Neil Gaiman, retrata a história fictícia de Morpheus (Tom Sturridge) - um deus que pode controlar os pesadelos e sonhos das pessoas. 
 

Por se tratar de uma adaptação, a série já reunia, antes mesmo de ser lançada, as expectativas da base de fãs vindos das HQs (Histórias em Quadrinhos). Além deles, a recepção por parte dos espectadores que não conheciam a obra era a grande aposta da plataforma. O resultado tem agradado. O seriado continua entre os mais assistidos da plataforma e ganhou até mesmo um episódio extra no dia 15 de agosto.
 

Essas adaptações costumam gerar expectativas no público, principalmente naqueles que já conhecem a obra original. Neste caso, as HQs de Neil Gaiman. A curiosidade é ampliada quando a adaptação trata-se de um live action - técnica cinematográfica, que consiste na narração de histórias com atores reais, a partir de livros, músicas, histórias em quadrinhos ou animações. 
 

Isso porque o processo de incorporação de elementos fictícios das produções originais nas adaptações requer muita preparação, edição e tecnologias de ponta. O uso de imagens feitas com computação gráfica, por exemplo, é uma das estratégias mais recorrentes no meio cinematográfico.
 

Em entrevista concedida ao portal Lab Dicas Jornalismo, Ana Carolina Moscardini Cunha, mestranda em Estudo de Literatura pela UFSCar que desenvolveu um projeto focado na narrativa gráfica de “Sandman”, adianta que a adaptação para uma série animada seria melhor aproveitada. Além disso, reitera que a temporalidade é diferente. 
 

"A série não está seguindo a linha do tempo dos quadrinhos, ela está seguindo uma outra linha do tempo. Nos quadrinhos, a história tem muitos flashbacks. Às vezes, você tem que voltar em alguma outra parte para entender e isso é uma das coisas mais legais do quadrinho. Na série, há mais cronologia, o que deixa a história mecânica”, aponta. 

 

Sobre os efeitos visuais usados na produção da Netflix, Ana Carolina reforça que a animação poderia ter englobado mais elementos característicos dos quadrinhos. Nesse panorama, ela compara outras obras que utilizaram essa técnica e tiveram uma boa repercussão na adaptação. 
 

“O filme ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ ficou incrível, porque ele trouxe toda a linguagem dos quadrinhos para o cinema. A construção das narrativas dentro dos quadrinhos funciona de uma maneira completamente diferente. Mas, se os componentes dos quadrinhos forem colocados no live action, o resultado é interessante”, constata.


 

Personagens ganharam novas aparências

Os comentários mais recorrentes entre a comunidade leitora das obras originais são sobre os atores escalados para viverem os personagens do núcleo principal. Na série, os intérpretes escalados são diferentes das representações simbolizadas nas HQs. Porém, a mudança trouxe outras perspectivas sobre a personificação dessas figuras fictícias.
 

De acordo com Italo Marquezini, que já acompanhava o universo de “Sandman” através dos quadrinhos, a performance do elenco é satisfatória, mesmo que eles não sejam exatamente iguais aos personagens do livro. Para ele, “a série conseguiu mostrar, de fato, o quanto ter um elenco diverso pode ser positivo”.
 

Um dos pontos mais polêmicos entre os espectadores, sem dúvida alguma, foi a escalação de Kirby Howell-Baptiste para dar vida à Morte. Dentro da obra original que inspirou a série, a personagem é de etnia branca e, na série, a personagem é interpretada por uma atriz preta. A mudança, no entanto, trouxe representatividade à trama e foi defendida pelo próprio autor das HQs que inspiraram a série.
 

Em suas redes sociais, o escritor Neil Gaiman, que também é produtor da série, respondeu internautas que criticaram essa alteração. De acordo com ele, seus personagens não possuem apenas uma forma e não são limitados a uma única cor ou um único gênero.
 

Nesse contexto, Italo ressalta que a atriz conseguiu representar no live action tudo o que a personagem representa nos quadrinhos. Ele ainda ressalta que “a atriz foi perfeita e conseguiu mostrar, de forma primorosa, as características dos quadrinhos que fazem a personagem ser gentil e acolhedora”.
 

Em relação a isso, Júlia Secolo de Oliveira, que acompanha os episódios junto com os amigos, destaca a importância de separar o conteúdo do seriado, com a trama dos quadrinhos. Isso porque, segundo ela, mesmo que tenham situações semelhantes são produtos diferentes.
 

“Tento não enxergar a série como algo que tem que ser igual aos quadrinhos, apesar de ser a mesma história. A experiência com os quadrinhos, não necessariamente vai ser a mesma com a série. Gosto de estar aberta a uma experiência nova, com um produto novo”, pondera ela.

 

Outro ponto que Júlia destaca é a presença do autor das obras originais na produção audiovisual. Para a espectadora, essa participação direta é importante para o andamento da obra e enfatiza que “o autor do produto participar da adaptação faz toda a diferença”.
 

A série “Sandman” está disponível no catálogo da Netflix. Com 11 episódios, sendo um deles extra, a produção, embora tenha alcançado elevados índices de audiência,  não teve, ainda, uma segunda temporada confirmada. Todavia, o escritor já revelou ter ideias de continuação para os arcos da trama, caso a obra seja renovada.


Confira o trailer da série:


 


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