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11/10/2022 às 23h42min - Atualizada em 11/10/2022 às 23h32min

Representatividade e força: Mulher Rei mostra força das mulheres e se baseia em história real

Exército de mulheres retratado no filme defendeu reino da África Ocidental, localizado no atual Benin, nos séculos 18 e 19.

Larissa Varjão - editado por David Cardoso
Poster do filme ¨Mulher Rei¨. (Foto: Divulgação/Sony Pictures).
Mulher Rei conta a história de Nanisca (Viola Davis) que foi uma comandante do grupo Agojie, exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África nos séculos XVII e XIX. Durante o período, o grupo era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Com o enredo baseado em uma história real, o novo longa-metragem chegou aos cinemas brasileiros no dia 22 de setembro.


 
Baseada em história real?
 
A trama foi inspirada na história das Amazonas do Daomé, um exército que existiu no Reino de Daomé, por volta dos séculos XVII e XIX. Atualmente, a região é conhecida como Benim e está localizada na Africa. Por causa do número baixo de homens, o reino convocou as mulheres para as batalhas. Eram chamadas de amazonas por ocidentais e historiadores, devido à semelhança com as míticas guerreiras da antiga Anatólia e do Mar Negro. A colonização europeia na África no século XX levou ao fim desse exército feminino. Especialistas acreditam que o Amazonas do Daomé foi composto por cerca de seis mil soldadas.
 
Em entrevista exclusiva ao AdoroCinema, Viola Davis confessou que não conhecia a história real das Agojies até então, mas que passou a estudar e entender mais sobre elas. “A única unidade militar feminina que eu conhecia era a Mulher-Maravilha. Isso é tudo que nos dizem. E a Mulher-Maravilha não é real. Mulher-Maravilha é um mito. Elas (Agojies) eram reais. E isso explodiu minha mente”, afirmou.
 
A atriz ainda mencionou sobre sua produtora JuVee Productions, que foi criada por ela e seu marido Julius Tennon com o objetivo de tirar mulheres negras do papel de empregadas ou mães em luto, e poder dar espaço para que pessoas de cor mostrem sua força e complexidade nas telas.
 
Viola escolheu o Brasil como um dos lugares mais importantes para promover o filme. Segundo ela, o país tem grande relevância histórica para levantar debates sobre raça e colorismo. Em uma coletiva de imprensa no Copacabana Palace, ela detalhou mais sobre isso. “Sabemos que 12 milhões de escravos vieram para o mundo ocidental de várias partes da África. E a primeira parada da maioria dos africanos foi no Brasil, por causa das plantações, e trazidos para cá e depois espalhados para as outras colônias. E é isso que está em minha mente. Esse filme me mostrou a conexão que temos como pessoas negras e a contribuição do Brasil nisso é enorme. É importante que a gente não sinta que há um estranhamento entre nós. Todos viemos do mesmo lugar."
 

 
A jornalista Regina Dourado conta que achou o filme muito bom e que em sua opinião souberam muito bem misturar cenas de ação com drama. “É muito significativo assistir um filme com um elenco quase todo negro e com uma presença feminina muito marcante. Um exército formado apenas com mulheres negras que lutam com homens. Toda essa representatividade dá lugar para um empoderamento feminino e negro para além dos padrões colocados nos cinemas. Não existe um homem que “salva” essas mulheres e não existe uma pessoa branca ocupando o espaço de líder, o que nem sempre vemos”, relata. 
 
A importância do filme está ligada não só por contar a história de mulheres guerreiras, mas pela sua representatividade e o impacto disso nos cinemas. “Significa um resgate das nossas origens (falo aqui como alguém que faz parte da população negra). Significa que aos poucos estamos resgatando a nossa cultura e gerando um sentimento de pertencimento. Nos faz ter esperança no futuro. Esperança de que nossas filhas vão conseguir se enxergar nas telas e conhecer mais de nossas origens.”

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