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25/10/2022 às 22h49min - Atualizada em 25/10/2022 às 22h36min

Top 5 | Livros que fazem refletir sobre política

Tailane Santos - Editado por Fernanda Simplicio
O segundo turno das eleições está chegando e com ele a tensão e a incerteza do futuro do país. É o momento de avaliar cada um dos candidatos e decidir por aquele que mais se assemelha com pontos de vista, crenças, vivências e ideologias do eleitor. No Brasil há uma forte inquietação e preocupação, em um cenário polarizado, com opiniões fortes e, muitas vezes, conflitantes.

Escolher um candidato muitas vezes é complicado. É necessário analisar sua história, seus projetos e propostas para um mandato, e quando se fala de um cargo alto, como o de presidente, a responsabilidade do eleitor é ainda maior. A pessoa não está apostando em alguém que vai favorecer apenas a si ou a um grupo pequeno, mas toda uma população que carece de ajuda, amparo e garantia de uma vida digna.

Pensando em auxiliar na conscientização para um voto responsável, separamos uma lista com cinco obras literárias que discutem política de forma lúdica e interessante.
 
1) Jogos Vorazes – Suzanne Collins


Fonte: Reprodução

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Inicialmente uma trilogia, Jogos Vorazes é uma mistura de fantasia, romance e ação, com bastante crítica social. Em um futuro distópico, os Estados Unidos da América foi destruído, e, em seu lugar, uma nova nação surgiu: Panem (uma analogia à ideia romana de Pão e Circo). A região subdividiu-se em 13 distritos, controlados pela Capital. Cada um é responsável por fornecer determinado produto para seus governantes. O distrito 1 é responsável pelos artigos de luxo; o 2 pela alvenaria e armamentos; o 3 trabalha com a tecnologia; o 4 com a pesca, e assim por diante.

Após uma revolução abalar todo o sistema, ameaçar a Capital e extinguir o distrito 13 (Energia Nuclear), o presidente da época decide implantar os Jogos Vorazes, como forma de castigo para os rebeldes. Fica determinado que todos os anos, uma garota e um garoto devem ser oferecidos de cada distrito para lutarem até a morte em uma arena, uns contra os outros, e só um pode voltar para a casa.

É nesse cenário que conhecemos a protagonista Katniss Everdeen, uma garota pobre do distrito 12 (Mineração) que se voluntaria para os jogos após a irmã mais nova ser sorteada para lutar na 74ª edição. Porém, percebemos que esses jogos há muito deixaram de ser apenas um castigo e passaram a ser um espetáculo esperado por muitos e desejados por tantos.

Na luta por sua sobrevivência e movida pelo ódio ao Presidente Snow, Katniss, sem perceber, inicia uma ideia de mudança na mente das pessoas e um movimento por liberdade. Através desses livros podemos perceber as fases de uma revolução e a vontade do oprimido de ser o opressor. Também entendemos o poder de dar o primeiro passo, visto que é necessária apenas uma chama para incendiar toda uma nação.

Se nós queimarmos, você queimará conosco” – A Esperança

Como continuação, a autora lançou A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2020), que conta um pouco da vida de Snow, antes de ser presidente e os motivos que o levaram a tornar-se tirano. É perceptível que ninguém nasce autoritário, porém, as condições de vida e oportunidades, além das pessoas com quem se convive, ajudam a moldar e estabelecer caráter.
 
2) Divergente – Verônica Roth


Fonte: Reprodução

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Divergente segue uma linha parecida com Jogos Vorazes. Novamente os Estados Unidos da América foram extintos, sobrando apenas uma região, conhecida como Chicago. A cidade é divida em 5 facções, com personalidades e funções diferentes na sociedade: Abnegação (altruísmo), Amizade (paz), Audácia (coragem), Erudição (inteligência) e Franqueza (honestidade). Aqueles que não se enquadram em nenhuma, são chamados de Sem-Facção, e moram nas ruas sobrevivendo daquilo que conseguem ganhar. É uma forte alusão à ideia de se encaixar em um padrão: aqueles que não se encaixam são deixados à margem da sociedade.

A história vai seguir a vida de Beatrice “Tris” Prior, uma garota da Abnegação que descobre, em seu teste de aptidão, ser propensa para três facções: Abnegação, Audácia e Erudição, caracterizando-se como uma pessoa divergente. Porém, pessoas assim são proibidas, por serem taxadas de incontroláveis pelo governo. Dessa forma, todos os divergentes são caçados e mortos. Esse fato demonstra que, na sociedade, aqueles que se sobressaem e que possuem ideias que fogem do ideal político governante, são caçados, e muitas vezes mortos.

Tris acaba decidindo mudar de facção, chocando seus pais. Na Audácia, ela vai precisar aprender a se virar e proteger-se, para não ser descoberta. Sua raiva por coisas que descobre ao longo do tempo faz com que ela inicie uma revolução, contra o autoritarismo da cidade e contra aqueles além dela.

Nós acreditamos nos atos simples de bravura, na coragem que leva uma pessoa a se levantar em defesa da outra” – Divergente
 

3) As Crônicas de Nárnia – C. S. Lewis


Fonte: Reprodução

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Esse é um livro que todo mundo já deve ter ouvido falar ao menos nos filmes. Escrito por C. S. Lewis, teve seu primeiro conto publicado em 1955 – O Sobrinho do Mago, no qual narra as aventuras de Polly e Digory e o surgimento de um mundo fantástico chamado Nárnia. Nesse lugar, os animais e demais criaturas convivem em harmonia entre si, sendo governados por um rei e uma rainha bondosos e justos para com todos.

Em seu segundo conto, fica mais clara a noção política do livro, pois discute como o poder pode ser tentador, até mesmo para uma criança, e como revoluções podem ser iniciadas e a mente das pessoas influenciadas apenas com uma figura que demonstra poder. Nesse conto, de nome O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, quatro irmãos entram em um armário mágico que os transporta para Nárnia, um mundo que foi dominado pela Feiticeira Branca, que deixou o lugar em um eterno inverno e caça aqueles que a ameaçam.

Os garotos são parte de uma profecia, logo todas as criaturas místicas da região, que acreditam fielmente em Aslam, o leão fundador de Nárnia, juntam-se às crianças para defender e retomar o país que tanto amam. É um livro que, na teoria, poderia ser infantil, mas traz questões éticas muito interessantes e formadoras de opinião.

Dizem que Aslam está a caminho; talvez até já tenha chegado!” – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa
 
4) A Menina que Roubava Livros – Markus Zusak


Fonte: Reprodução

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Este é um livro que não discute política em si, mas que mostra a forma como governos ditatoriais influenciam na vida das pessoas e as mudam para sempre. De Markus Zusak, A Menina Que Roubava Livros conta a história de Liesel Meminger, uma garotinha que foi separada de sua mãe por conta da guerra e que teve que aprender a lidar com a morte muito cedo, pois perdeu seu irmão no caminho para conhecer sua nova família. Ali ela encontra o livro, O Manual do Coveiro, primeiro de outros que ela roubaria e que iniciaria sua “vida de crime”.

O livro é narrado pela própria Morte, que fala com calma sobre seu trabalho durante a Segunda Guerra Mundial e o modo como levava cada alma, umas agitadas demais, outras em sono profundo, tranquilas.

Apesar da garota não ser judia e não ser perseguida por nazistas, sua vida não era nada fácil – uma guerra traz consequências para uma população. Sua distração da fome e da tristeza que a rondava era ler livros que pegava da biblioteca da mulher do prefeito da cidade em que morava e estudar no porão, que era também abrigo de bombas.

Liesel perdeu muito; quase perdeu a esperança; mas nunca deixou de acreditar na mudança para melhor.

Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler” – A Menina que Roubava Livros
 
5) A Revolução dos Bichos – George Orwell


A revolução dos bichos: Um conto de fadas | Amazon.com.br

A revolução dos bichos: Um conto de fadas | Amazon.com.br

Fonte: Reprodução


Esse livro, publicado em 1945, é uma sátira à Revolução Russa, de 1917, e a governos ditatoriais que se dizem do povo e para o povo. É uma ótima forma de entender como o poder pode subir à cabeça de cada um e também compreender a noção de “oprimido que quer virar opressor”.

Em uma fazenda, o fazendeiro, que seria uma representação do Czar russo, abusava da força de trabalho de seus animais, dando-os o mínimo apenas para garantir sua sobrevivência e manter o trabalho de cada um. Um porco velho, à beira da morte – ilustrando Lenin, líder russo – reúne os animais em uma espécie de assembleia e conta a eles um sonho que teve, sobre um mundo onde o Homem não existe e os animais conseguem viver em harmonia. Ele comenta sobre sua insatisfação com a vida que todos ali levam e os incentiva a uma revolução.

Dois outros porcos – simbolizando Trotsky e Stalin – inspirados pelo primeiro, lideram uma revolta e expulsam o fazendeiro, ficando, assim, sem um “governo” para liderá-los. Eles então começam a organizar os animais, formando uma sociedade. Falam sobre justiça e igualdade, porém, com o tempo, vão ficando autoritários, assim como aqueles que os oprimiram primeiro.

Começaram também a abusar de seu poder e censurar informações, matando aqueles que os questionavam; entretanto, continuavam com um discurso de igualdade e respeito, poder ao “povo”. Outras referências podem ser acompanhadas no decorrer do livro, como a perseguição e exílio de Trotsky, entre outros.

É um livro excelente, leitura obrigatória para todos os que estudam política, comunicação e relação com o público, ideologicamente ou mercadologicamente.

Os animais são todos iguais, mas uns são mais iguais que outros” – A Revolução dos Bichos
 

O segundo turno acontece no dia 30 de outubro, entre os candidatos para a Presidência da República. Portanto, compareça à sua zona eleitoral entre as 8h e 17h, no horário de Brasília, e escolha com consciência o candidato que melhor lhe represente.

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