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08/12/2022 às 21h53min - Atualizada em 08/12/2022 às 21h36min

“1899”, a nova série da Netflix, traz polêmicas sobre plágio na cultura cinematográfica

O seriado alemão foi acusado de plágio por uma quadrinista brasileira

Felipe Nunes - editado por David Cardoso
"1899" teve um lançamento polêmico com acusações de plágio. (Foto: Reprodução/Netflix)

Lançada no dia 18 de novembro pela Netflix, a série “1899” alcançou o topo de séries mais vistas na plataforma. A produção era esperada pelos espectadores e pela crítica especializada por ter Jantje Friese e Baran bo Odar na criação. A dupla foi responsável pela aclamada série “Dark”.

O lançamento foi acompanhado por uma enorme polêmica envolvendo plágio. Isso porque, no dia 20 de novembro, a quadrinista e ilustradora Mary Cagnin acusou a plataforma de streaming Netflix de plagiar “Black Silence” - um quadrinho publicado por ela em 2016. 

Por meio de postagens em seu Twitter, Mary traçou comparativos entre a HQ e a série “1899” e alegou que a recém-lançada obra audiovisual era “idêntica” ao seu quadrinho. As acusações foram exemplificadas com fotos de seu quadrinho e com cenas da série, nas quais ela apontava pirâmides, símbolos nos olhos dos personagens e escritas em códigos como partes que foram copiadas.

Através de uma thread, a ilustradora afirma que os plágios ultrapassam o enredo central e englobam até mesmo os detalhes de sua obra, como aspectos do cenário da trama e dramas narrativos vivenciados por seus personagens. Em sua denúncia, ela pediu que os seguidores a ajudassem a encontrar mais semelhanças e compartilhassem seus relatos.



Na sequência de publicações feitas, a cartunista, além de comparar a narrativa de sua autoria com o seriado, também expôs a situação na qual sua obra supostamente teria sido plagiada. De acordo com ela, os criadores poderiam ter tido contato com a sua obra em uma feira internacional de livros que aconteceu na Suécia, em 2017.

 

Em 2017, fui convidada pela embaixada brasileira a participar da Feira do Livro de Gotemburgo, uma feira internacional muito famosa e influente na Europa. Participei de painéis e distribuí o quadrinho Black Silence para inúmeros editores e pessoas do ramo. Não é difícil de imaginar o meu trabalho chegando neles. Eu não só entreguei o quadrinho físico como disponibilizei a versão traduzida para o inglês”, escreve ela, que é formada em Artes Visuais pela Unesp.

 

Criada por Mary Cagnin, a HQ gira em torno de um grupo de astronautas que vai a outro planeta para examinar as possibilidades de habitação, uma vez que a Terra não está mais propícia para a vida humana. “Black Silence” é a primeira obra de ficção científica da quadrinista, que era conhecida por suas histórias românticas e dramáticas.

Os relatos de Mary Cagnin viralizaram. Em meio às polêmicas,  fãs da HQ, quadrinistas e críticos cinematográficos cobraram esclarecimentos da plataforma sobre as acusações. A Netflix, por sua vez, negou qualquer indício de cópia através das redes oficiais da série “1899”, assim como os criadores da série.

"Infelizmente, não conhecemos a artista, nem sua obra ou os quadrinhos. Nós nunca roubaríamos de outros artistas, pois nos sentimos artistas nós mesmos. Nós também entramos em contato com ela, então esperamos que ela retire essas acusações. A internet se tornou um lugar estranho. Por favor, mais amor em vez de ódio”, relata Baran bo Odar, um dos criadores da série, no Instagram.

Após a rejeição das denúncias, outras figuras do ramo cinematográfico demonstraram apoio aos criadores do seriado. No Brasil, os perfis Coxinha Nerd e Carol Moreira, conhecidos  pela produção de conteúdos voltados à cultura pop, também discordaram das acusações de plágio.

Após esses posicionamentos, a conta de Mary Cagnin ficou indisponível no Twitter. Até a publicação deste texto,  as menções ao seu perfil e a thread que denunciava o suposto plágio continuavam indisponíveis e com a sinalização de que o perfil não existe mais.

O plágio na cultura cinematográfica 
 

Entretanto, ainda que as acusações tenham sido negadas e o plágio não tenha sido comprovado, a viralização dos relatos da ilustradora foram suficientes para resgatar discussões sobre plágio nos meios audiovisuais. Dentre os casos que se assemelham ao de Mary, cabe destacar: o filme “A forma da Água” e a peça “Let Me Hear You Whisper”, o longa  “À deriva” e a obra  “Chuva de Verão”, e, por fim, a produção “O Exterminador do Futuro” e a série “The Outer Limits”.

Nas ocorrências citadas acima e em diversas outras, os desdobramentos costumam ser inconclusivos. Isso devido às dificuldades em distinguir processos de inspiração, releituras e plágios e prosseguir com as denúncias. 

Todavia, essas situações não deixam de ser recorrentes. Inclusive, em novelas. “O Sétimo Guardião”, por exemplo, foi escrita por Aguinaldo Silva e sofreu acusações de plágio por Barbara da Cunha Coelho Rastelli, que alegava que a trama copiava elementos de seu livro. Além dela, um grupo de alunos do próprio autor, também denunciou o plágio do folhetim.


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