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04/09/2020 às 14h38min - Atualizada em 04/09/2020 às 13h46min

Ficção Fantástica: o livro fantástico além do internacional

Enquanto grandes editoras enfrentam dificuldades com o gênero fantasia, editoras independentes e plataformas digitais lançam novos autores e reconstroem o mercado.

Caroline Melo - labdicasjornalismo.com
Imagem retirada do site Toda Matéria: conto fantástico
“Fantasia é o nome do sorvete como sabor de sonho, congela o tempo e lhe faz apaixonar pela vida.”
WESLEY D'AMICO


O gênero literário fantasia denomina-se como uma história que não possui relação com a realidade, que utiliza - se de magia e seres mitológicos para compor seu enredo. Livros desse gênero tomam conta dos levantamentos de livros mais vendidos, tornando-se Best-sellers, impulsionados especialmente pela massa de leitores juvenis.

A pesquisa Retratos da Leitura (2016) mostrou que os jovens são os que mais leem no Brasil, dos 11 aos 13 anos os que se consideram leitores somam 84%, já os de 14 a 17 anos são cerca de 84%. Segundo Rodrigo Casarin, colunista da UOL, a literatura fantástica é importante justamente para formar o gosto pela leitura, vê-se pela quantidade de pessoas que iniciaram suas vidas de leitores ao se depararem com sagas como Harry Potter, Percy Jackson e os Olimpianos e Senhor dos Anéis.

Mas e quanto às obras do gênero fantástico no Brasil?

Para Casarin, o mercado dos livros fantásticos foi um grande pilar para a literatura brasileira, cuja precursora é Emília de Freitas, autora da obra Rainha de Ignoto que foi relançada em 2019 pela Editora Wish e pela Editora 106.
Grandes autores de ficção também se aventuraram pela Fantasia por meio de contos, como Machado de Assis com O País das Quimeras e O Anjo das Donzelas, seus dois primeiros contos fantásticos registrados.

Certamente que, como um todo, o mercado editorial brasileiro tem passado por mudanças, não diferentemente acontece com os livros de fantasia. Nesta década, a maioria dos livros em destaque no gênero eram, e ainda continuam sendo, os internacionais; que por fazerem sucesso no mundo afora acabam sendo uma boa aposta para as grandes editoras nacionais, entretanto o tipo de consumidor deste gênero tem mudado aos poucos, consequentemente mudando os produtos também.

Em julho deste ano, a editora Leya emitiu um comunicado que expressa a dificuldade das grandes editoras pela retração da literatura fantástica em todo o mundo, principalmente no Brasil. Os gastos são muitos e a produção industrial é inviável. Neste mesmo comunicado, a editora anunciou que deixaria de publicar os livros de Brandon Sanderson, autor de "Mistborn: Nascidos da Bruma".

Mas quem pensa que isso se deve à falta de produção de histórias fantásticas de qualidade, se engana. Em plataformas digitais são publicadas diariamente diversos livros e contos deste gênero, e muitos outros, lá se encontram talentos ainda não descobertos, que publicam suas histórias sem custo algum.  

Enquanto as grandes editoras sofrem com a retração do consumo literário e os grandes gastos, as editoras independentes, ou seja, as de menor porte, são as que mais publicam livros desse gênero. Segundo dados da consultoria Nielsen para a revista Época, as editoras independentes cresceram quase 13% em volume de 2017 para 2018.

Essas novas e pequenas editoras chegam para inovar o mercado, é o pensar o livro além do livro. Estratégias ousadas, designs gráficos pomposos, aposta em novos autores, feiras de livros e redes sociais que impulsionam sua visibilidade por ter um contato direto com o público e projetos editoriais diferenciados. Outro diferencial é a publicação de fantasias nacionais, onde não há custos de tradução e ainda serve como estímulo aos leitores a lerem autores brasileiros e incentivar o mercado nacional. Quando o livro se passa em território brasileiro e ainda utiliza-se do folclore, incentiva o conhecimento da própria cultura brasileira, como os livros "Riacho do Jerimum" de Jadna Alana, e "Araruama: o livro das sementes" de Ian Fraser.

Atualmente, dos grandes autores fantásticos que permeiam a literatura brasileira, destacam-se:
  • Felipe Castilho, autor de Ordem Vermelha: Filhos da Degradação;
  • Eduardo Spohr, autor de Batalha do Apocalipse e Filhos do Éden;
  • Carolina Munhoz, autora de O Reino das Vozes que Não se Calam e O Inverno das Fadas;
  • Renata Ventura, autora de A Arma Escarlate e O Dono do Tempo;
Vale a pena conferir autores de plataformas digitais também, há muito o que se ler, entre contos e sagas que enriquecem cada vez mais esse nicho da literatura e que formam a migração dos livros para o meio online, sejam eles e-books, revistas digitais ou blogs direcionados à ficção fantástica.
 
 
 

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