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02/06/2024 às 15h20min - Atualizada em 27/05/2024 às 19h52min

COP 30 e seus benefícios financeiros e ecológicos para Belém

José Castro - labdicasjornalismo.com
Foto: Divulgação/Amazônia Online

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP 25) será realizada no Brasil, mais exatamente em Belém do Pará. A capital paraense foi escolhida em dezembro de 2023. O anúncio oficial veio durante a realização da COP 28, em Dubai.

Vale lembrar que, em agosto do ano passado, Belém sediou a Cúpula da Amazônia, evento que contou com mais de 100 organizações, as quais proporam estratégias para melhorar a bioeconômia na região amazônica e combater ações que prejudiquem o meio ambiente. E também serviu como um evento teste para a COP.

Para receber um evento dessa magnitude, a cidade terá de passar por diversas mudanças e adaptações. Será necessário um grande investimento, e isso ira aquecer a economia não só de Belém, mas também da região.

Como o governador do estado, Helder Barbalho (MDB), tem laços estreitos com o presidente Lula, era previsto que o governo federal e o estado teriam mais facilidade para negociações e investimentos. No dia 6 de maio, o presidente e o diretor-geral da Itaipu Binacional, Ênio Verri, anunciaram o investimento de 1,3 bilhão em Belém. 

De acordo com o comunicado, três convênios serão assinados. O primeiro é destinado à infraestrutura viária do Parque Linear Doca, na Avenida Doca de Souza Franco, área nobre da cidade. 

O segundo será para revitalizar o Parque Urbano Igarapé São Joaquim, que tem como objetivo promover o desenvolvimento sustentável. E a reforma do Mercado do Ver o Peso, cartão-postal da cidade.  

O terceiro envolve investimentos em metodologias para gestão de resíduos sólidos, ações de educação ambiental e de inovação biotecnológica. Além de envolver a Prefeitura de Belém e o Parque Tecnológico do Itaipu (PTI), envolverá a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp).  

Recentemente, foi iniciada a terceira etapa as obras. Algumas já chegaram a 30%, como o Porto Futuro II e o Parque da Cidade. As obras do Parque  Linear da Doca e da Tamandaré estão em fase de contratação. E também para pavimentação das ruas, obras que custaram 300 milhões. E nesse orçamento está inclusa a duplicação da Rua da Marinha. 

Conversamos com a bióloga Sarah Lopes sobre os impactos que uma conferência deste tamanho terá para a Amazônia e para o estado do Pará. 

Quais os benefícios que a COP pode trazer para Amazônia e região na parte ecológica ?

  • A COP busca trazer respostas para o complexo problema ecológico que o planeta terra enfrenta há muitos anos, dentre eles, o aquecimento global, crises climáticas, o derretimento de geleiras nos polos, que é uma das consequencias do próprio aquecimento global, e o desmatamento que acontece na própria Amazônia.
  • Todo ano é sediado em um país diferente, e esse ano será no Brasil, até mesmo pelo momento que o país estar passando. Por ter um governo que gosta de sediar grandes eventos, e que se preocupa com a pauta do meio ambiente. E a escolha da capital paraense não poderia ser mais propícia, Belém se situa no meio do coração da Amazônia e é a capital de um estado que possuí várias riquezas, como o açaí por exemplo, que é exportado para o mundo todo e cada vez mais estar se tornando popular.
  • Mas ao mesmo tempo, o próprio Pará tem um número muito alto em relação ao desmatamento. Entre agosto de 2023 e 2024, chegou há 1.044 Km, o que é uma redução em relação ao levantamento anterior, mas ainda é um numero muito significativo.
  • Então trazer soluções e colocá-las em ação é algo que vai ajudar a começamos a mudar esse cenário. E isso deve envolver todo mundo, estado, empresas, e a população. Por que imagina uma cidade como Belém, mais limpa, bem cuidada, e arborizada. Gerada uma cidade mais organizada, que pode propiciar um bem estar maior não só pra quem mora nela, mas também pra quem vem de fora. E isso aquece o turismo, que é algo que beneficia desde o micro empreendedor, até as grandes impressas. Além de poder ter um cidade que concilie o crescimento ecológico e econômico. 

 

Quais as questões e soluções que devem ser abordas ou que você acredita que vão estar em pauta ?    

  • Há vários assuntos que podem ser tratados, mas acredito que irão escolhe alguns como temas principais e outros como secundários ou para serem tratados em reuniões futuras. Então os temas que me vem a cabeça são os já abordados inicialmente na cúpula da Amazônia, mas que na COP podem ter um aprofundamento maior de discussão e solução. Dentre eles vou pontuar alguns, até por que foram muitos, mas entre eles eu pontuaria :
  • Construir alternativas socioeconômicas realmente viáveis para a região, substituindo o atual modelo que claramente, não concentra renda, e que ao me ver ajuda à produzir desigualdade social. 
  • Garantir uma Amazônia livre do garimpo, o que pra muitos pode ser uma utopia. Mas acredito que seja possível, mas par isso precisaremos de todo mundo atuando junto. Governo Estadual e Federal, junto à ONGS que atuam nesse cenário.
  • Avançar os processos de reconhecimento, demarcação e proteção de territórios indígenas, e das comunidades tradicionais. Como as comunidades quilombolas, com fortalecimento dos mecanismos de proteção territorial.
  • Estruturar políticas de prevenção às adaptações de mudanças climáticas, e resposta aos eventos extremos para as cidades amazônicas, com especial atenção a populações vulnerabilidades. Como estamos vendo essa tragédia climática no Rio Grande do Sul.
  • Rejeitar projetos de exploração de petróleo, e promover uma transição energética mais justa e ecológica. Isso foi pautado e discutido na cúpula, mas não se chegou à uma decisão. 
  • E criar e fortalecer políticas que estimulem a agroecologia na região, e garantir a soberania e a segurança alimentar dos mais vulneráveis. Por que não tem como falamos de ecologia e sustentabilidade, sem falamos em alimentação. Até por que estamos passando por um período aonde o país se encontra no mapa da fome, e ainda não conseguimos nem ensaiar uma saída dessa situação. 

 

Temos alguma garantia que os acordos firmados na COP serão cumpridos ?

  • Com 100% de certeza não, mas os acordos serão assinados pelo líderes dos países e autoridades. Então se algum dos lados não cumprir o que foi prometido, ficará com uma imagem suja aos demais. Mas claro que tem outros fatores, como verba para obras, problemas com planejamento e execução das obras. Por isso que é importante, fazer um planejamento coerente e segui-lo.

Sabemos que os povos indígenas ganharam holofote recentemente, principalmente por terem sofrido bastante com desnutrição e violência. O quanto os interesses dos povos originários serão abordados na COP ? 
  • É, acredito que os povos indígenas terão muitos representantes para ser seu porta voz. Começando pela ministra Sonia Guajajara que é indígena, então a expectativa em cima da ministra é grande. Por que em nosso país os povos indígenas sempre foram ignorados, em uns governos mais e em outros menos. Mas com o atual governo a expectativa desses povos serem mais ouvidos e respeitados é alto. E a COP é uma ótima oportunidade para isso. Mas agora, é aquilo que nos falamos, o que for prometido e acordado tem que ser cumprido, por que a situação dos povos indígenas é critica.

 

Nesta segunda parte, iremos conversar com a economista Isabela Santoni sobre os benefícios econômicos que a COP pode trazer. 

Com a realização da COP em Belém quais os benefícios econômicos que podemos esperar para cidade ?

  • Primeiramente o legado e as obras que ficaram com a realização da COP. A expectativa é de um alto investimento, que já estar sendo feito pelo Governo Federal, e bancos internacionais. Tanto para a infraestrutura, que se precisa em um evento dessa magnitude, como para o desenvolvimento da cidade.
  • As obras que já receberam verbas para serem realizadas por exemplo, são obras que serão de extrema serventia para a população. Como a revitalização do mercado do Ver o Peso, e as obras na Doca de Souza Franco, que irá mexer até no famoso canal da avenida.
  • Mas também tem o aquecimento econômico, que começa desde agora, com a realização dessas obras que iram gerar vários empregos, por exemplo. Mas esse aquecimento na economia não se restringe somente em quem será empregado diretamente com a realização da COP. Mas quem também será empregado de forma indireta. Como as pessoas que serão empregadas para trabalhar na construção de novos hotéis, e quem irá trabalhar nele. Fora outros estabelecimentos. Como restaurantes, bares, guias turísticos, etc. 
  • Até mesmo pessoas que trabalham como motorista de aplicativo, por que um evento como esse é muito extenso na sua amplitude, por que quem vai trabalhar e se locomover na cidade vai precisar de taxi, carro de aplicativo, etc. Além claro do transporte coletivo. Além de supermercados, bares, restaurantes, etc. Até porque o evento irá durar onze dias. 

 

Como a população irá se beneficiar economicamente com a realização da COP ? 

  • Primeiramente com a geração de empregos que citei anteriormente, e também com as obras após a realização da COP. Por que terão uma cidade melhor para morar, mais desenvolvida, e ecológica. Assim pelo menos é o que esperamos.
  • E esse aquecimento na economia pode ser estender até para os autônomos, por que a cidade com muitos turistas e se movimentado bastante economicamente. Vai girar bastante a economia local, e isso beneficia não só comerciantes grandes, médios e pequenos, mas também o autônomo que vende agua, ou alimentação. Seja pra complementar a renda ou para seu sustento. 

 

E na parte de hotelaria, como deve ficar esse setor ? 

  • O setor de hotelaria vai ter um aquecimento econômico grande, até por que Belém estar longe de se enquadrar no numero de hotéis que o Governo Federal deseja. Atualmente Belém conta com 5.712 quartos de hotel e 12.115 leitos. O esperado pelo Governo Federal é alcançar 60.000 vagas de hotel. Mas pra isso vai ter que correr contra o tempo, e com certeza terá que disponibilizar muita verba pública, para a construção desse novos hotéis. 
  • Agora, os hotéis já construídos e em atividade, será mais um gerador de empregos em várias funções. O que será mais uma oportunidade de emprego, o ingresso para novos profissionais no mercado de trabalho, ou a volta de trabalhadores para o esse setor. 

 

*Com informações do Portal Agência Pará


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