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27/07/2022 às 16h30min - Atualizada em 27/07/2022 às 16h06min

Livro retrata de forma lúdica, a invisibilidade que há por trás da pobreza vivida por crianças

Editora catapulta lança obra sobre a importância e o direito de pertencer

Por Ynara Mattos - editada por Uilson Campos
Foto: Pixabay

No dia 6 de junho, a editora catapulta lançou o título “invisível”. Escrito por Tom Percival, um britânico de 45 anos. Seus livros, apesar de serem voltados para um público infantil, possuem uma temática emocional e com o passar dos anos tem se tornado reconhecido internacionalmente. Com apenas 32 páginas, o livro conta uma delicada história a respeito de olhar para as pessoas que em algum momento se tornaram invisíveis e ignoradas pela sociedade a que pertencem e como elas têm o direito de fazer parte de algum lugar, de pertencer. 

A obra relata a história lúdica de Isabel, uma criança criada por uma família humilde e de classe média baixa. Eram felizes, enxergavam beleza na simples vida que levavam, pois davam valor e acreditavam que o tinham era suficiente. Afinal, o que poderia ser melhor que ter uns aos outros? Mas, em determinado momento, por problemas financeiros, a família precisa se mudar para o lado oposto da cidade. É nesse momento que a pequena começa a não se sentir notada e solitária e através desse sentimento ela passa a notar algo que não tinha visto antes outras pessoas invisíveis também. Muitas delas. — narra um trecho do livro.

 

Ao final do livro, o autor, Tom Percival, compartilha: “A lembrança mais antiga que tenho de mim, é espiando dentro de um pequeno armário em uma carroça. Eu não sabia na época, mas aquela carroça na área rural de South Shropshire seria minha casa pelos seis anos seguintes. Era antiga, e as portas faziam um som oco e chato quando eram fechadas. Não tínhamos televisão, não tínhamos acesso à rede elétrica e havia lamparinas a gás na parede que precisavam ser acesas com um fósforo. Eu dividia meu pequeno quarto com meu irmão mais velho”

 

Tom explica que essa situação se deu, em resumo, porque eram pobres. Apesar da falta de dinheiro, apesar das roupas baratas e dos sapatos de segunda mão, tinha muito de duas coisas: amor e livros. Havia um serviço de biblioteca móvel, próximo da sua casa. A biblioteca permitia que as crianças pegassem quantos livros quisessem. “Mas algumas pessoas não têm a mesma sorte que eu. Não têm acesso àquele bote salva-vidas literário e à beleza e ao encantamento do interior que eu tinha à vontade na infância. Algumas pessoas não têm amor”. — descreve o autor. 

 

Foi exatamente pensando nisso que Percival deu vida a Isabel. Segundo levantamento realizado pela Fundação ABRINQ, hoje, existem cerca de 12 milhões de crianças e adolescentes em situação de pobreza e 7 em situação de extrema pobreza no Brasil. São milhões de seres humanos que não têm comida suficiente, que sentem frio e cansaço, que não têm materiais básicos para estudar e que não têm as mesmas chances que a maioria. Essas crianças costumam ser ignoradas, e foi por isso que o escritor optou por explorar essa temática e a ideia de invisibilidade. 

 

“Claro, a pobreza não é a única maneira pela qual as pessoas são ignoradas pela sociedade; existem muitas formas de o mundo dizer: vocês não têm lugar aqui. Eu quis tentar mudar isso, eu quis dizer: ‘sim, vocês têm um lugar aqui’.” — finaliza Tom.


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