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11/02/2022 às 10h22min - Atualizada em 11/02/2022 às 10h05min

Chega a 66% o número de crianças brasileiras de 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever, diz ONG

Esses dados tornam-se cada vez mais evidentes os efeitos da pandemia da Covid-19, que vem impactando a educação pública brasileira desde 2020

Pedro Ferreira - Editado por: Gabriela Gouveia
Foto: Marlene Bergamo /Folhapress
O número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler e escrever aumentam no Brasil durante a pandemia de covid-19, diz ONG Todos Pela Educação. A diferença socioeconômica e o afastamento desses alunos das escolas favoreceram esses resultados.
 
A pesquisa, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), consulta os responsáveis dos domicílios para apurar se suas crianças sabem ou não ler e escrever. Com base na resposta, podem-se estimar o número e o percentual de crianças que, de acordo com seus responsáveis, estão ou não alfabetizadas.



Entre 2019 e 2021, houve um aumento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos de idade que, segundo seus responsáveis, não sabiam ler e escrever. O número passou de 1,4 milhão em 2019 para 2,4 milhões em 2021.
 
Diferença entre crianças brancas e crianças pretas e pardas.

Os percentuais de crianças pretas e pardas de 6 e 7 anos de idade que não sabiam ler e escrever chegaram a 47,4% e 44,5% em 2021, sendo que, em 2019, eram de 28,8% e 28,2%. Entre as crianças brancas, o percentual passou de 20,3% para 35,1% no mesmo período.


 
A pesquisa também mostrou a diferença relevante entre as crianças residentes dos domicílios mais ricos e mais pobres do país. Dentre as crianças mais pobres, o percentual das que não sabiam ler e escrever aumentou de 33,6% para 51,0% entre 2019 e 2021. Dentre as crianças mais ricas, por outro lado, o aumento foi de 11,4% para 16,6%.

Rosária Lima, professora de alfabetização da rede municipal de São João dos Patos, no interior do Maranhão, acredita que essa pesquisa ainda não reflete o cenário atual da educação dessas crianças.

 

“Impacto da pandemia na alfabetização das criança foi caso gritante mesmo e é algo que não é possível se resgatar. Porque as famílias não sabem alfabetizar, a não tem como voltar atrás no tempo perdido e quem vai perder são as crianças”, relata a professora.

A profissional da educação ainda descreve os desafios enfrentados por muitos professores na alfabetização de crianças, dado que muitas das vezes o país não tem habilidade ao alfabetizar seus filhos em casa e isso compromete o trabalho dos professores.
 
“O primeiro ano da pandemia nós tivemos um pouco tempo de aula. Não deu pra você conhecer e fazer a diagnose da criança para levar um uma atividade da melhor forma, que possa pegar aquela criança e ela consiga aprender alguma coisa. Muitas das atividades, das questões, o pai vai lá e responde e diz que foi o filho, porque não tem paciência de colocar o filho pra escrever, muita das vezes as criança não sabem escrever”, acrescenta.

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