Academia Amazonense de Letras: o santuário amazônico da sabedoria

Ascom AAL.

Era uma manhã chuvosa de sábado quando adentrei pela primeira vez a sede da Academia Amazonense de Letras. Lembro-me de passar por aquele prédio durante o Ensino Médio e enquanto fazia um curso técnico no Centro de Manaus. Em meio a pesquisas pela Internet, descobri que a AAL é uma instituição centenária, onde se reúnem homens e mulheres atuantes em Literatura, Medicina, Jornalismo, Teologia, Economia, Pedagogia, Direito e Ciências Humanas. Considero suas atividades muito importantes para a democratização do conhecimento e da cultura.

O Salão do Pensamento Amazônico "Álvaro Maia" recebeu escritores, acadêmicos, professores e alunos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), parentes e amigos para o lançamento de dois livros: 

Além dos Muros Universitários: Expansão e Democratização do Ensino Superior Federal na Amazônia, cuja autora é a Professora Márcia Perales;

Nevoeiros: primeiras poesias de Torquato Tapajós, organizadas pelo acadêmico Marcos Frederico.

A mesa foi composta pelo Presidente da Academia, Aristóteles de Alencar, pelo Vice-Presidente, Abrahim Baze, pelo Diretor do Departamento de Literatura da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM), Antônio Auzier, representando na ocasião o titular, Marcos Apollo Muniz, e os autores das mencionadas obras.

Com entusiasmo, Márcia Perales defendeu a importância do Ensino Superior Federal para o desenvolvimento da região amazônica. Enquanto reitora da Universidade Federal do Amazonas, entre 2009 e 2017, tomou a iniciativa de ampliar oportunidades de acesso ao conhecimento científico e tecnológico para os municípios do interior do estado, apesar dos contra-ataques governamentais.

Marcos Frederico, por sua vez, apresentou aos ouvintes o homem eternizado na estrada que liga Manaus a Itacoatiara. Torquato Tapajós, o poeta romântico do Amazonas, ingressou com "Nevoeiros", um dos livros supostamente perdidos que o próprio acadêmico encontrou na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, amarrado num barbante para evitar que as páginas se soltassem. Bacharel em Engenharia, Torquato foi responsável pela instalação da rede de esgoto e saneamento do Rio de Janeiro, antiga capital federal.

Eu fiquei muito fascinado por essas histórias. Afinal, uma das virtudes que tem o bom jornalista é a curiosidade. Mas o que mais queria naquele momento era pegar os livros e levá-los para minha casa. De repente, perante mim, formou-se uma fila volumosa, dentro da qual estavam pessoas de classe alta, humildes, sorridentes e simpáticas.

Sinceramente, não gosto de filas. Para mim, são cansativas. Mas, só naquele dia, fiz questão de aguardar a entrega dos meus presentes. E o melhor é que uma amiga da faculdade, que trabalha na Associação, me deu os livros e nada me cobrou. Finalmente, após dissolvidas as filas e já com o tesouro em mãos, eu consegui os autógrafos da professora Márcia e do professor Marcos Frederico.

Aproveito para voltar ao tempo e compartilhar outro episódio surpreendente. Numa tarde qualquer, durante expediente na faculdade, recebi um telefonema-surpresa: no outro lado da linha, estava o próprio Abrahim Baze solicitando o contato da diretoria geral da instituição acadêmica. Seu objetivo era agendar uma entrevista para o programa Literatura em Foco, do canal Amazon Sat. Confesso que fiquei emocionado e lisonjeado por atender a um homem muito importante, mas mantive a postura profissional e segui a orientação dele. Para mim, esse foi o motivo pelo qual senti interesse pela visita.

A Academia Amazonense de Letras é um verdadeiro santuário de conhecimento, poesia, ciência e cultura, instalado no Centro Histórico de Manaus. O endereço é a Rua Ramos Ferreira, n° 1.009, ao lado do Instituto Benjamin Constant e do Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Quem puder e quiser ir até lá, será sempre bem-vindo. Eu garanto.