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04/02/2023 às 14h21min - Atualizada em 04/02/2023 às 13h52min

Crítica | Junji Ito: Histórias Macabras do Japão

Animação entrega terror caricato e cenas ilógicas

Tailane Santos - Editado por Letícia Nunes
Fonte e Divulgação: Netflix


Se você esperava um terror para atrapalhar seu sono, talvez tenha se decepcionado com essa nova produção da Netflix. Estreou na plataforma uma das séries mais aguardadas de 2023, Junji Ito: Histórias Macabras do Japão, animação japonesa baseada em alguns dos contos mais perturbadores do mestre de horror Junji Ito que a intitula. O anime, que foi ao ar em 19 de janeiro, traz a adaptação de 20 das histórias, dividias em 12 episódios.

Mesmo para aqueles que não são fãs de animes, a premissa atrai os apaixonados por terror. A promessa era de contos perturbadores, que não deixariam dormir e que encheriam de perguntas ao final de cada episódio. De fato, houveram muitas perguntas.

Acompanhe o trailer:

Logo no primeiro episódio, a animação mostra a que veio, trazendo cenas caricatas e diálogos fracos, além de situações forçadas, principalmente nas de choro. Chega a parecer um reality show, no qual os participantes falam com câmera sobre situações vividas com os demais, mas é só impressão.

Os personagens brigam por motivos bobos, agredindo uns aos outros por nenhuma razão aparente e gritando a todo o momento. Nesse episódio, tudo se dá porque uma garota, apaixonada por fotografar fantasmas, encontra um homem no parque, que a convida para uma seção espírita. O normal seria ela negar e até fugir, tendo em vista que é um desconhecido. Porém, ela acha uma ótima ideia. O final não faz sentido e não explica uma situação inicial que parecia importante.

Fonte: Netflix | Reprodução: Crunchyroll

Fonte: Netflix | Reprodução: Crunchyroll

Irmãos Hikizuri

Ao longo do anime é possível notar a normalização do absurdo. Em um dos episódios, um grupo de amigos vê uma pessoa enterrando um corpo no terreno da casa do garoto que eles acabaram de fazer amizade. De repente, essa pessoa desaparece, sorrindo. Todos ali agem na maior naturalidade, agradecendo pela “incrível” oportunidade de presenciar a situação. Na vida real, as pessoas sairiam correndo desesperadas e chamariam a polícia, no mínimo.

Fonte e Reprodução: Netflix

Fonte e Reprodução: Netflix


Em outro episódio, um monstro marinho encalha na areia da praia, e, de dentro dele, saem pessoas brancas como papel, ainda vivas. Os cientistas que presenciam a cena continuam no mesmo lugar, apenas observando, bem tranquilos.

As histórias, em si, são bem caricatas. Lembram levemente as lendas urbanas brasileiras, por constituírem situações cotidianas com horror. Porém, são ainda mais ilógicas e não tão assustadoras. Acredito que a culpa não seja, de fato, dos contos originais, e sim, da adaptação mal feita. Entretanto, a proposta desta crítica é analisar o produto entregue, não seu caráter de adaptação.

A série tinha muito potencial. A produção é bem desenhada e a ideia de cada episódio é boa. Todavia, faltou planejamento. Caberia um melhor aproveitamento das cenas, trabalhando para que o espectador acreditasse em algo e no meio do caminho tudo mudasse para que algo impensável acontecesse. Mas, que fizesse sentido. Nesse caso, a quebra de expectativa era quase sempre negativa. Quando parecia que iam acertar, eles trabalhavam na linha do óbvio ilógico, se é que isso é possível.

Apesar de todos os pontos negativos aqui destacados, alguns episódios me surpreenderam positivamente. Em um deles, uma cantora é encontrada morta, pendurada em um prédio, com uma corda amarrada em seu pescoço. Aparentemente, todos suspeitam ser suicídio, entretanto, começam a surgir relatos da aparição de uma cabeça enorme com o rosto dela flutuando pela cidade. É realmente perturbador, mas bem construído, deixando o espectador apreensivo e curioso para chegar ao final, que foi bem feito.

Fonte e Reprodução: Netflix

Fonte e Reprodução: Netflix

Cabeças de balão flutuantes

Em um geral, se a ideia era deixar as pessoas desconfortáveis assistindo, a produção alcançou isso com louvor. As cenas trazem um misto de horror, receio, nojo e agonia; bem condizente com o momento de cada história. Os traços são detalhados em um nível não aconselhável para crianças e adolescentes mais novos. Em um dos contos, mãe e filha arrancam literalmente —, a pele da outra filha mais nova. Precisa de estômago para assistir e, principalmente, quando se entende como a loucura da mãe matou a ela mesma e a filha.

O elenco de vozes conta com Yūji Mitsuya, Riho Suegara, Takahiro Sakurai, entre outros nomes. Na direção temos Shinobu Tagashira, roteiro de Kaoru Sawada e produção do Studio DEEN. Para aqueles que se interessaram, está disponível na Netflix. E não é aconselhável para menores de 16 anos.

Fonte e Divulgação: Netflix

Fonte e Divulgação: Netflix

Pôster promocional

 

REFERÊNCIAS:

MARTINS, Bunna. “Conheça Junji Ito: Histórias Macabras do Japão, novo anime da Netflix”. Techtudo, 2023. Disponível em: < https://www.techtudo.com.br/noticias/2023/01/conheca-junji-ito-historias-macabras-do-japao-novo-anime-da-netflix-streaming.ghtml >. Acesso em 23 de jan. de 2023.

 

“Junji Ito: Histórias Macabras do Japão”. Adorocinema, 2023. Disponível em: < https://www.adorocinema.com/series/serie-32871/ >. Acesso em 24 de jan. de 2023.


"Juji Ito: Histórias Macabras do Japão". Fandom, 2023. Disponível em: < https://dublagem.fandom.com/wiki/Junji_Ito:_Hist%C3%B3rias_Macabras_do_Jap%C3%A3o#Elenco >. Acesso em 04 de fev. de 2023.
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