Alice in Borderland, baseado em um mangá de mesmo nome, entrou no catálogo da Netflix em 2021. A trama de jogos mortais embora não tenha alcançado a mesma repercussão de Round 6 leva em seu roteiro além do sobrevivencialismo, dilemas bem elaborados e jogos intrigantes que estão longe de parecer brincadeira de criança.
O mistério em volta da cidade paralela de Tóquio, onde os personagens vivem os desafios de sobrevivência é conduzido ao longo de duas temporadas e desvendado no final da segunda. O desfecho embora seja satisfatório para o público, pode conter em sua base muita especulação. A história diferente do sucesso coreano, se revela muito mais existencial do que social e lida com aspectos profundos do significado da vida, é com essa premissa que apresentaremos algumas teorias em volta do final de Alice in Borderland.
Para falar sobre o final dessa obra é necessário trazer à tona alguns fatos em volta do desfecho, então para quem ainda não viu a série fica aqui o alerta de spoiler.
Pois bem, o mundo paralelo onde os personagens da trama são levados, para participar de jogos e lutar por sua vida, o "Borland", se apresenta no fim como uma espécie de limbo, onde os personagens devem lutar literalmente por suas vidas. Acontece que um meteoro atingiu Tóquio e muitas pessoas ficaram entre a vida e a morte, quem sobreviveu aos jogos volta ao mundo real como se tivessem morrido por apenas um minuto, quem não sobreviveu, não despertou e quem optou por continuar jogando permanece nesse lugar.
As especulações sobre esse final giram em volta tanto da última cena, quando uma carta coringa aparece, quanto acerca da dinâmica desse mundo paralelo.
Especulações:
Os reis
Outra teoria seria que aquelas pessoas são levadas aquela realidade por diferentes circunstâncias, em épocas diferentes, fazendo assim com que borderland possua uma transição constante de jogadores.
O coringa
Depois de retornarem para sua realidade comum, os personagens perdem a memória sobre o que viveram, apenas sentem que se conhecem de alguma forma. A cena final porém, coloca em plano central uma carta coringa que gera ainda mais especulação.
1- Pode ser tudo uma ilusão, eles podem ter sido levados a mais uma fase do jogo;
2- Pode ser uma ironia com o público, quando o roteiro revela que aquele mundo era mais simples e rápido do que o esperado;
3- Pode significar fim de jogo, uma forma de afirmar que os reis do baralho foram derrotados.
Apesar de tudo não dá para negar o aspecto existencial dessa produção, o “um minuto pela vida”, todos os que sobreviveram lutaram incansavelmente para voltar, para viver, personagens que antes tinham uma vida medíocre, ou cruel, passam a enxergar o quão precioso é está vivo, a jornada que pode ter durado, um dia ou um ano, amadureceu e transformou o olhar daquelas pessoas que perceberam que respirar também é uma dádiva.
Esse aspecto é ainda mais impactante por se tratar de uma produção japonesa, vinda de um país marcado por uma cultura com aspectos melancólicos e materialistas, mas que revela em suas produções audiovisuais muito mais profundidade existencialista que muitas obras aqui do ocidente.
Referências: