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07/08/2019 às 22h21min - Atualizada em 07/08/2019 às 22h21min

Orange Is The New Black tem final sólido e repleto de emoções

Série original Netflix é a mais assistida do serviço de streaming

Jaci Lira
A série usou artes feitas pelos fãs para compor o pôster da 7ª temporada. A produção ainda criou a hashtag #OrangeForever para que o seu legado não seja esquecido. Foto: Twitter @OITNB/Reprodução.

Eh… No spoilers.” DIAZ, Dayanara.

É sempre difícil dizer adeus, ainda mais quando é preciso se despedir de algo que lhe marca ou marca uma década. É trazendo este sentimento que a série Orange Is The New Black, após 7 anos, chega ao fim, repleta de emoção, finais dolorosos, mas necessários. 

Lançada em 2013, OITNB iniciava sua história nos apresentando à Piper Chapman, uma mulher branca e privilegiada, que estava indo cumprir pena num presídio federal por ter cometido um crime 10 anos antes: carregar uma mala de dinheiro proveniente de drogas para a sua namorada traficante. 

As duas primeiras temporadas se equilibravam entre drama e comédia e mantinham o foco na mocinha rica, que de uma hora pra outra se tornou presidiária. Mas foi a partir da 3ª temporada, lançada em 2015, que Jenji Kohan, criadora da série, passou a explorar ainda mais as personagens secundárias, trazendo temas inerentes ao modelo do sistema prisional dos EUA. Esta foi a narrativa que perdurou até o final da série, na sua 7ª temporada.

O fim de Orange

7ª e última temporada de Orange Is The New Black chegou à Netflix no dia 26 de julho. Já inicia apresentando o que será parte da trama central: Piper, que saiu da prisão no fim da 6ª temporada, busca se readaptar à sociedade, enquanto tenta manter um relacionamento à distância com Alex, sua esposa, que ainda continua presa.

Os privilégios (de cor e classe) da personagem que acompanhamos nas temporadas anteriores, se mantém. Mesmo Piper sendo uma ex-presidiária, sua readaptação é muito mais fácil do que a das latinas, por exemplo, como Aleida, que saiu da prisão na 6ª temporada e não conseguiu emprego. O arco de Piper nos alerta que cor, classe e estrutura familiar são fatores decisivos para voltar à prisão ou não.
 

Na sétima temporada, após sair da prisão, Piper (Taylor Schilling) tenta viver uma nova vida em sociedade. Foto: Netflix/Reprodução.

Na sétima temporada, após sair da prisão, Piper (Taylor Schilling) tenta viver uma nova vida em sociedade. Foto: Netflix/Reprodução.

Na sétima temporada, após sair da prisão, Piper (Taylor Schilling) tenta viver uma nova vida em sociedade. Foto: Netflix/Reprodução.
Na 7ª temporada, após sair da prisão, Piper (Taylor Schilling) tenta viver uma nova vida em sociedade. Foto: Netflix/Reprodução.
 

O relacionamento à distância de Piper e Alex é uma referência ao início da série, lá na primeira temporada, quando Piper que estava presa e seu noivo, Larry, lidava com isso do lado de fora da prisão. Mas esta não é a única referência ao início de tudo: também nos reencontramos com a galinha, um dos símbolos memoráveis da série, e “voltamos no tempo” com flashbacks de histórias que já vimos, mas que desta vez possuem um outro ponto de vista. 

OITNB é frequentemente mencionada como uma das séries que mais retratam temas sociais, e em sua temporada de conclusão não seria diferente: esta, inclusive, deve ser a mais carregada de críticas sociais. Desigualdade salarial, machismo, sexismo, guardas corruptos, assédio, deslegitimação do discurso da vítima, aborto, direitos reprodutivos da mulher, privatização do presídio e suas consequências foram alguns dos temas mais presentes. Mas a questão da imigração foi o ponto alto dessa season.

 

Blanca Flores (Laura Gómez) é parte central da narrativa sobre imigrantes ilegais.Foto: Netflix/Reprodução.

Blanca Flores (Laura Gómez) é parte central da narrativa sobre imigrantes ilegais.Foto: Netflix/Reprodução.

Blanca Flores (Laura Gómez) é parte central da narrativa sobre imigrantes ilegais.Foto: Netflix/Reprodução.
Blanca Flores (Laura Gómez) é parte central da narrativa sobre imigrantes ilegais. Foto: Netflix/Reprodução.
 

A trama não poupou críticas ao governo Trump e sua política anti-imigrantes, retratando o tema de maneira real, desde o momento em que as mulheres são abordadas e presas sem documentos, o local desumano em que são colocadas, os direitos básicos que lhes são retirados, as audiências e deportações. O Serviço de Imigração e Controle dos Estados Unidos da América (em inglês, U.S. Immigration and Customs Enforcement - ICE) ganha vida na série, através de guardas que não têm tolerância e respeito com imigrantes, mesmo que sejam crianças.

Para retratar tal tema, a série aposta nas personagens já conhecidas, como Blanca Flores, além de trazer novas personagens, fazendo uso de flashbacks, a fim do público entender o passado das mesmas, tendo um contato mais intimista e despertando o sentimento de empatia.

Mesmo se tratando de uma ficção, OITNB sempre se esforçou para retratar a realidade de algum modo, porém nem sempre possui finais felizes. Nesta última temporada, os destinos das detentas apresenta conexão com suas histórias, quando surgiram no início da série e foram desenvolvidas ao longo desses 7 anos. Mesmo o espectador tendo que lidar com alguns finais trágicos, é só olhar para o início da série e perceber que as personagens não teriam como ter um final diferente. Já outros finais não podem ser retratados e só resta ao show interromper sua narrativa e deixar os fãs imaginando o que será da personagem dali em diante.

OITNB teve uma conclusão sólida, conseguindo alcançar seu objetivo, incomodando quando necessário e realizando as críticas que precisavam ser feitas. A série da Netflix chegou ao fim, se tornando “a série original mais assistida de todos os tempos” do serviço de streaming. A produção também deixa um legado, com a criação do Poussey Washington Fund, que irá apoiar grupos jurídicos sem fins lucrativos, focados em questões sociais que envolvem a reforma da justiça criminal, os direitos dos imigrante e a ajuda àqueles afetados pelo encarceramento em massa, sobretudo, as mulheres.

Editado por Letícia Agata


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