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12/08/2019 às 16h40min - Atualizada em 12/08/2019 às 16h40min

Há 11 anos sanfoneiros do Piauí realizam procissão em homenagem à Luiz Gonzaga

No dia 2 de agosto sanfoneiros lotaram as ruas do centro de Teresina para homenagear Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Jackson do Pandeiro

Ohana Luize - Editado por Letícia Agata
Colônia Gonzaguiana
Músicas, homenagens e a esperança nordestina misturadas na tradicional Procissão das Sanfonas. Em sua 11ª edição, o evento, que ocorreu no dia 2 de agosto em Teresina-PI, celebrou o legado de três reis da música: Luiz Gonzaga, Raul Seixas, relembrando 30 anos de morte dos dois, e Jackson do Pandeiro, que celebraria o centenário em 2019.

O idealizador da Procissão das Sanfonas, Wilson Seraine, declarou que relembrar os três músicos significa manter viva a memória cultural do povo nordestino. “Quando se fala de Gonzaga, do Rio Grande do Sul até o Pará, há uma congregação de valores em torno desse nome. Ninguém fica com a sanfona aposentada e estamos construindo um caminho longo, feliz e alegre”, afirma Seraine, considerado o maior colecionador e pesquisador de Luiz Gonzaga no Piauí. Ele é professor, pesquisador, apresentador de um programa de rádio e escritor, com seis livros publicados somente em torno da temática.

Para antecipar e preparar o público, os parceiros envolvidos na realização do evento organizaram uma exposição no Museu do Piauí, em homenagem à Raul Seixas. Bruno Lustosa, fundador do fã-clube Raul Rock Piauí, explicou que em quase 12 anos de trabalho, ele reuniu discos, livros, revistas, pôsteres e outros achados do fã-clube, que conta com cerca de 50 membros. “A música dele é atemporal. Ele era um contestador, poeta, um místico que continua a espalhar sua obra. A homenagem é justa, porque os três misturavam ritmos”, conta Bruno.  

Centenas de sanfoneiros começaram a ocupar, no início da tarde, a entrada da Catedral de Nossa Senhora das Dores, em uma das principais praças do centro da cidade. Após uma benção dada pelo padre Antônio Cruz, o cortejo seguiu reunindo mais de 300 pessoas e outras tantas, que foram se agregando no caminho. Com instrumentos musicais, vestimentas características e muita animação, o grupo contava com representantes de várias gerações. Confira algumas imagens:


A procissão começa com a benção das sanfonas na Catedral de Nossa Senhora das Dores (Foto: Página oficial da Colônia Gonzaguiana)


Diferentes gerações de sanfoneiros se encontram no evento (Foto: Página oficial da Colônia Gonzaguiana)


O cortejo percorre o centro de Teresina, agregando amantes do forró e dos ritmos nordestinos (Foto: Página oficial da Colônia Gonzaguiana)


A Procissão das Santonas também é momento de fé esperança na cultura popular (Foto: Página oficial da Colônia Gonzaguiana)

Com 65 anos de idade e 50 tocando sanfona, Joel Floriano esteve pela primeira vez no evento, viajando cerca de 164 km da cidade de Piripiri, no norte do Estado, até Teresina. “Aprendi essa paixão por sanfona através de meu pai e do Luiz Gonzaga. Sanfona é tudo na minha vida. Eu amo. Aqui a gente não despreza a música e somos todos nordestinos”, declarou enquanto seguia tocando a sanfona.

Analy Ferreira,10, conta que herdou do avô o amor pela sanfona. “Meu vô já tocava e eu gostava muito. Comecei a fazer aulas para tocar. Já conhecia Luiz Gonzaga e as músicas muito legais que ele fez. Por isso digo que a Procissão é muito legal para se divertir, conhecer mais essas coisas, dançar e tocar”, conta a pequena sanfoneira.

Quem organiza o evento há 11 anos é a Colônia Gonzaguiana. Wilson Seraine preside o movimento em Teresina e conta que o grupo também realiza a Missa de Santa Luzia, em 13 de dezembro, aniversário de Gonzaga. “A Colônia é um grupo de amigos que se reúnem, interagem. São músicos, pesquisadores e artistas e nada muito formal, tanto que não sei dizer quantas pessoas somos hoje. É, na verdade, um grupo de irmãos que pensam sobre a nossa cultura”.

A festa dura entre três e quatro horas com muito forró, xote, baião e abre para a mistura de ritmos, como ocorreu em 2019, incluindo homenagens à Raul Seixas e Jackson do Pandeiro, um movimento democrático e de forte manifestação de uma identidade enraizada na história do povo sertanejo.

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