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19/08/2019 às 11h10min - Atualizada em 19/08/2019 às 11h10min

Teatro Cultura Artística deverá ser reinaugurado em 2021

O espaço foi destruído por um incêndio em agosto de 2008

Tatiane Sampaio
Uma das novidades do projeto é que o CA será a primeira sala teatral a ter a certificação concebida para construções sustentáveis.(Foto: Tatiane Sampaio)
Palco de saraus, concertos e demais entretenimentos, o teatro Cultura Artística (CA), localizado na rua Nestor Pestana, centro de São Paulo, está com data estipulada para sua reinauguração: segundo semestre de 2021, já que um incêndio destruiu praticamente todo ambiente em 2008. Ainda assim, o painel do pintor Emiliano Di Cavalcante, que faz parte da fachada, resistiu bravamente e já foi reparado em 2011. Aliás, a restauração ganhou, em 2012, o prêmio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como melhor restauro.

A Sociedade Cultura Artística é uma instituição particular idealizada em 1912 por um grupo de amigos e que organizava espetáculos em vários locais pela cidade. Em conseqüência disso, o teatro ganhou sua sede própria em 1950, se tornado um marco da arquitetura moderna na capital paulista, e recebendo grandes artistas da música clássica. Devido a isso, foi tombado como patrimônio municipal, estadual e federal, e é considerada a instituição privada mais antiga da América Latina. Porém, apenas no início de 2018 que sua estrutura realmente começou a ser restabelecida por meio da construtora HTB.


 
É lembrado que a situação do CA e de tantos outros lugares históricos como, por exemplo, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, que também foi incendiado no ano passado, ou que sofreram algum desmoronamento, são o reflexo da ausência de cuidados essenciais que precisam ser feitos periodicamente ou conforme a necessidade, evitando apagar toda uma história.

Para Frederico Lohmann, superintendente da construção do Cultura Artística, “seria necessária uma política que previsse a manutenção dos equipamentos de propriedade do setor público e que desse incentivo para a manutenção e restauro de bens privados, não somente do teatro, mas sim de todos os monumentos históricos e arquitetônicos que tem por toda cidade”.

Após o acidente, os comércios da rua Nestor Pestana e demais proximidades sofreram algumas mudanças. “Houve um enorme impacto negativo quando o prédio veio abaixo, e com ele toda vida social e cultural. Diversos estabelecimentos fecharam as portas. Inclusive, tive que me adaptar, já que perdi completamente o movimento”, conta Marcelo Fernandes, 54, dono da Lanchonete Cupido, que existe há 40 anos na região.
 

Além disso, Marcelo ainda destaca que enquanto as obras não começavam em alguns momentos surgiram no bairro muitos moradores em situação de rua e houve infestação de ratos, mas que agora sua esperança está renovada com a retomada do projeto.


Apesar da rotina, o comerciante diz ter prestigiado alguns eventos importantes no teatro, sendo a apresentação do Balé Russo, “Nostradamus” e “Cirano de Bergerac”. “O teatro faz toda diferença para sociedade, principalmente dessa região, que é bastante frequentada por artistas”, finaliza Marcelo.

Fernanda Marques, uma das arquitetas mais reconhecidas do segmento menciona que “não é necessário haver uma renovação diária da arquitetura, mas sim uma conservação constante da estrutura, instalações elétricas e todo e qualquer equipamento ligado às questões de segurança”.

A união faz a força


Segundo os organizadores, a conclusão do projeto houve devido à união de profissionais de restauro e demais equipes que vinham trabalhando para o novo desenho do edifício que, por sinal, ficou maior que o idealizado anteriormente, porém, respeitando as mesmas proporções quando foi inaugurado em 1950, por Rino Levi.


O investimento, até o momento, para reerguer o Cultura Artística foi de R$ 50 milhões, sendo concluída a primeira fase da construção. Mas, o previsto é que o custo seja totalizado em R$ 100 milhões para finalizar completamente. Desse modo, para que isso aconteça e que a segunda fase inicie em junho de 2020, será feita a captação de verbas através de alguns espetáculos na capital. Alguns dos exemplos, em outubro haverá um recital com a pianista Maria João Pires, na Sala São Paulo, cujo todo valor será revertido para o empreendimento.

Embora seja um estabelecimento antigo, para Lohmann a estrutura do CA “sempre se manteve graças à generosidade de pessoas físicas e de empresas. Além disso, a Lei de Incentivo a Cultura teve um papel muito importante nessa jornada”. Sendo assim, além do painel da fachada, também foram reparados todas as áreas que não foram danificadas, como os foyers do térreo, do primeiro e do andar superior e bilheterias, além de um café do lado direito e uma livraria do lado oposto, ambos com entrada interna e externa do edifício, tudo com cores originais de caixilhos, parede, teto e piso.

Novas projeções: segurança e sustentabilidade
Uma das novidades do projeto, é que o CA será a primeira sala teatral a ter a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), que é concebida para construções sustentáveis. Ou seja, durante todas as etapas da obra, foi pensado desde a segurança dos operários até os descartes de dejetos, uso racional de energia e água, além da acessibilidade com transporte público, no caso, existirá um bicicletário em frente ao local.

Em contrapartida, os ambientes destruídos, incluindo as duas salas de espetáculos, sendo agora menores, isto é, uma principal disponibilizando 750 lugares e outra com 200 assentos, além do lado oposto de palco, receberam uma modelagem totalmente moderna em termos de tecnologia, acústica e segurança.


O prédio terá quatro andares, construído em uma área de 7,6 mil m², ao contrário do original, no qual era 4.500 m². Dessa forma, o público desfrutará de novos ambientes de convívio primordiais para o bem estar como, por exemplo: escadas de emergência, elevadores, enfermaria, banheiros em todos os andares, fraudários, entre outros.

Outra característica é que o teatro, devido aos recursos inovadores, poderá receber música de câmera com estilos variados e, ainda, uma nova ala coberta para o estacionamento, camarins, green room, salas de reuniões, escritórios e acervo histórico. Além de receber as atrações, o local também fornecerá atividades educativas como palestras e cursos, ampliando projetos para formação de novos talentos da música.  
 
Assim, o renascimento do Teatro Cultura Artística é bastante aguardado, afinal, “aquilo que se denomina Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (…) é o documento de identidade da nação brasileira. A subsistência desse patrimônio é que comprova, melhor do que qualquer outra coisa, nosso direito de propriedade sobre o território que habitamos.” Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969).

Ajude a causa.
MUITA MERDA para o CA!
SERVIÇO:
Concerto de Maria João Pires para a 
captação de verbas 
Data: 08 de outubro (terça-feira), às 21h
Local: Sala São Paulo (praça Júlio Prestes, nº16)
Capacidade: 1.484 lugares
Acessibilidade: Sim
Duração: 90 minutos (aproximadamente)
Classificação etária sugerida: a partir de 7 anos
Pré venda:
15/7 a 16/8 - exclusiva para assinantes e amigos da Cultura Artística
Telefone: (11) 3256.0223 ou www.culturaartistica.org
19/8 a 8/10 – Público em geral
Desconto de 50% para assinantes, maiores de 60 anos, aposentados, estudantes, professores da rede pública, estadual, federal de SP, cadeirante e seu acompanhante.

Editado por Alinne Morais

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