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06/04/2019 às 11h54min - Atualizada em 06/04/2019 às 11h54min

Ilustrações mostram o poder da mulher e a importância do feminismo

Carolina Rodrigues - Editado por Bárbara Miranda
Arte feita pela ilustradora Denise Silva (@ise_camaleoa) no Instagram
Uma infinidade de perspectivas é um dos benefícios que a internet nos dispõe. É um espaço onde pessoas encontram seus nichos e respectivos movimentos; onde se esboçam, com mais força, os sentimentos de assimilação e pertencimento. Diferente de antes, mulheres que desejam ultrapassar padrões antiquados e discutir a importância do feminismo encontram lugares de fala na internet através de vídeos, textos, quadrinhos, ilustrações...

A resistência feminina online pode ser categorizada de ciberfeminismo. Nesse movimento, recursos digitais possibilitam ações que reforçam no causa feminista – além de ser considerado um ambiente mais seguro para a proliferação de ideias.

De acordo com o Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio, o movimento possui três vieses principais: ser uma ferramenta de propagação, um espaço independente para discussões e debates sobre gênero e ser formador de identidade, devido à alta pluralidade do rostos, corpos, opiniões.

Uma possível vertente dentro disso, e digo possível porque a segunda onda do ciberfeminismo não vê plena efetividade nesse tipo de trabalho, são as ilustrações e quadrinhos que abordam o poder feminino dentro de cada mulher. Assim, ilustradoras encontram um novo espaço para divulgar suas habilidades e, em consequência, influenciar positivamente várias mulheres. É uma via de mão dupla, em que leitoras e produtoras de conteúdo cultivam experiências entre si.
 
Foi a partir dos anos 60, dentro da segunda onda feminista, que quadrinhos passaram a contar com a presença da mulher não mais em segundo plano, submissas ou sexualizadas, mas como identidade forte e poderosa. Com efeito àquela época, a arte continua sendo uma importante forma de crítica social e um reflexo da nossa sociedade; não é atoa que hoje ilustradoras articulam falas sobre autocuidado e empoderamento feminino em suas redes sociais.

A mulher é forte, personagem principal de sua história, mesmo enfrentando aflições cotidianas (das mais engraçadas as situações sérias). Ela é dona de si, poderosa e troca com as leitoras falas sobre amor próprio, feminismo.

Trecho da história "Sub-representatividade no imaginário do autor", criada pela artista plástica Gabriela Masson, ou também conhecida como Lovelove6. Você pode ler a história completa clicando aqui! (Créditos: Lovelove6)
 
A ilustradora de Santa Maria, Denise Silva, reflete o empoderamento feminino e a representatividade em sua arte publicada no Instagram. A gaúcha de 25 anos faz apenas ilustrações, mas confessa ter grande vontade de se aventurar pelo universo dos HQs. Denise conta que sempre desenhou. Foi apenas em 2015, contudo, que começou a publicar ilustrações com mensagens de empoderamento na internet. Um dos motivos que a incentivou a postar, foi a falta de representatividade na mídia, que segundo ela “sempre existiu e que marcou negativamente a vida de nós mulheres negras por muito tempo”.

Sua ilustração favorita é um reflexo dessa ausência de representações: uma mulher de black power de corações que representa auto aceitação e amor por suas origens. “Eu, assim como muitas outras mulheres de cabelo cacheado e crespo, demorei muito para amar o meu cabelo da forma como ele é, por conta da falta de representatividade, racismo e padrão estético imposto. Essa ilustração simboliza o amor que desenvolvemos pelos nossos cabelos e por nós mesmas”, desabafa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por @Denisenhando (@ise_camaleoa) em 23 de Nov, 2018 às 4:37 PST


Denise conta que muitas mensagens positivas a motivam a continuar fazendo sua arte. “Sua ilustração me motivou a levantar da cama hoje”, “com suas ilustrações, você me ajudou a me aceitar ainda mais”, são exemplos de mensagens que a ilustradora recebe. “Pelo feedback, acredito que estou conseguindo inspirar e melhor o dia de alguém. Essas, entre tantas outras palavras, me motivam ainda mais a seguir fazendo o que amo”. Amor, aliás, é a pauta principal em suas postagens. Para ela, não há resistência sem o amor.

Com leveza na linguagem, sutileza nas indiretas sociais ou até mesmo pela agressividade na fala, muitas mulheres vêm ganhando espaço com sua arte nas redes sociais. Isso é importante, porque diz respeito a um nicho que passou muitos anos sendo oprimido em cartuns misóginos, e agora encontra liberdade para gritar seus valores e objetivar seus sentimentos a um público muito mais amplo, seja no sentido de dar identidade a um grupo que antes não conseguia se encontrar ou mostrar a outros gêneros a importância da discussão feminista.

Trazer mulheres como protagonistas de histórias é essencial para o movimento feminista. “O empoderamento é de extrema importância, porque com a representatividade podemos ajudar a quebrar tabus, fortalecer e ajudar mulheres a terem mais confiança e consciência de que são capazes de fazer tudo o que se propuserem”, Denise conclui.

A internet possibilitou o início da luta. Mas ela não para por aí.

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