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08/02/2020 às 22h13min - Atualizada em 08/02/2020 às 22h13min

Resenha: Çarpışma

Série retrata quatro vidas que colidem metafórica e literalmente

Antony Isidoro
A série turca Çarpışma apresenta quatro protagonistas / Foto: Divulgação

“Uma pessoa só se pergunta por uma coisa: o seu fim. Ela quer saber como será o seu fim. Quando ela irá morrer? Quanto tempo ela irá viver? Isso é ser humano. Às vezes você é um anjo. Às vezes você é o demônio. Às vezes muito inteligente. Às vezes ignorante. Uma pessoa pode ser muito pura. Ou muito astuta. Às vezes é a vítima. Às vezes é um carrasco. Quem é você, e o que você acha que vai fazer? Não importa o que você se torna ou o que você faz. Você nunca saberá quando será o seu fim.” Em uma encruzilhada quase deserta, a chuva forte cai sobre quatro carros que colidiram mutuamente, vindos de direções completamente diferentes, tais quais as pessoas dentro dos veículos. É com essa cena e essa narração (que apesar de enigmática, não poderia ser mais condizente), que começa o primeiro episódio de Çarpışma, série turca de drama e ação (e um pouquinho de romance, convenhamos) exibida originalmente entre novembro de 2018 e maio de 2019 pela emissora Show TV.

A encruzilhada, quatro caminhos distintos que convergem no mesmo ponto, é a metáfora perfeita para representar sobre o que se trata a série. Çarpışma (que significa “colisão”, no idioma turco) retrata a trajetória de quatro personagens tentando lidar com problemas enormes que recentemente surgiram em seu caminho: Kerem (interpretado por Alperen Duymaz), um jovem da periferia que acabou de cumprir sua pena na prisão e procura se restabelecer na sociedade; Kadir (Kivanç Tatlituğ), um policial que perdeu sua família em um atentado terrorista; Zeynep (Elçin Sangu), uma mãe que tenta recuperar a filha que foi sequestrada por uma espécie de mafioso; e Cemre (Melisa Asli Pamuk), uma advogada que começa a duvidar da integridade de todas as pessoas que ama e em quem sempre confiou.

Contudo, o enredo de Çarpışma transcende os dramas pessoais de cada um quando eles se envolvem em um acidente de carro que acaba por entrelaçar seus caminhos, tornando os seus objetivos individuais parte de algo maior em que todos estão envolvidos. A colisão que impulsiona a trama é quase como um ponto de reencontro, uma vez que, na ocasião, as vidas das personagens já estavam, em algum grau, conectadas. É difícil dizer se a sucessão de acontecimentos a partir dali é movida pela força do destino, ou se tratam-se simplesmente de grandes coincidências. De qualquer forma, os sincronismos e casualidades, que às vezes podem oferecer um risco ao caráter de verossimilhança da obra, não comprometem a experiência do espectador.

O roteiro de Ali Aydin e as atuações trabalham em consonância para trazer vida e poesia à história. As personagens, seus temores e defeitos são absolutamente críveis. Suas atitudes, embora em alguns momentos possam ser contestáveis, são concisas com o que suas personalidades e trajetórias nos propõem, e trabalham de forma clara para o seu desenvolvimento na narrativa.

A história tem muitos elementos interligados, apresentando constantemente alguma novidade. Além disso, os conflitos, tanto físicos quanto emocionais e interpessoais são dosados ao longo do desenrolar da trama, de modo a provocar imersão e também gerar certos alívios cômicos quando necessário. Apesar dos episódios relativamente longos (nenhum com menos de duas horas de duração), Çarpışma tem um grande potencial para prender a atenção, além de ser uma oportunidade para conhecer um pouco mais sobre a cultura turca, os costumes  e as músicas que compõem a trilha sonora.

 
Editado por Bruna Blankenshp

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