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01/05/2020 às 16h06min - Atualizada em 01/05/2020 às 16h06min

S.O.H: a força do hardcore paulista

Manoel Paulo
Pedro Henrique

Manter uma banda de rock no Brasil não é fácil e se for algum grupo da cena underground isso complica ainda mais, pois seus integrantes não vivem 100% da banda e não seria diferente com a banda de Hardcore de Ibiúna, Sangue X Ódio e Hardcore (S.O.H.).

A banda foi formada em 2002, pelos irmãos Fábio (baterista) e Flávio Anze (baixista), que estão até h. O S.O.H. logo começou a ganhar nome pelas cidades próximas, principalmente  em Sorocaba participando de shows como o Sorocabandas e Rock Gol e ainda conseguiram apresentação fora do país. “Fomos para o Chile em 2009 senão me engano sou péssimo para datas (risos). Foi uma experiência fantástica em todos os sentidos principalmente cultural. Eu principalmente mudei muito minha forma de pensar por conta desta experiência”, falou o Fábio.

Mas nem tudo são flores e a banda foi forçada a encerrar as atividades em 2011 e permaneceu sem fazer durante esse tempo, mas em 2019 a banda volta a ativa com o lançamento do EP chamado “Ousar Lutar, Ousar Vencer”. A banda adicionou dois integrantes: André (guitarrista) e Gilmar (vocal).

As composições

O EP Ousar Lutar, Ousar Vencer contém seis faixas que tem como sentimento apresentar um pouco do momento que estamos vivendo no mundo e principalmente no Brasil.

“Nossas composições são reflexo da nossa realidade e pautadas nela, procuramos trazer mensagens de protesto e reflexão. Buscando inspiração em mensagens fortes como a frase "Ousar lutar, ousar vencer" do Carlos Lamarca, guerrilheiro que lutou contra a ditadura no Brasil”, disse André.

Um dos reflexos da sociedade atual é os altos índices de pessoas com depressão e que muitas vezes não sendo diagnosticadas e tratadas pode levar a pessoa a cometer suicídio. Um tema delicado, mas que foi tratada pela banda na música Enquanto Houver Amanhã.

O guitarrista André que escreveu a letra da música conta que ela representa sua experiência em conviver com pessoas com depressão.

“Essa letra surgiu após eu ter contato com algumas pessoas com depressão diagnosticada. Depois de conversar/conviver com essas pessoas e experienciar o quanto elas sofrem por estarem nessa condição, eu senti a necessidade de escrever sobre isso”, comentou André.

Ao trazer a música sobre um assunto que ainda é um tabu na sociedade como explica Fábio: “Quando o André me mostrou a letra achei a ideia muito boa, pois a depressão e doenças da mente é algo que está aí sorrateiramente dentro do nosso convívio e muita das vezes não conseguimos enxergar e nem ajudar. Quando li a letra, fiquei bastante tocado porém quando gravamos e eu peguei para ouvir seguindo a letra a percepção foi ainda mais profunda.”

A divulgação do EP

A internet é um palco ideal para as bandas da cena underground. A rede mundial de computadores facilitou a divulgação do trabalho de muitas bandas sem depender de uma gravadora.

Com o S.O.H. não foi diferente. Eles utilizaram suas redes sociais pessoais e a da banda para divulgar o retorno da banda e as novas músicas. A banda conta hoje com parceiros e seis selos para a disseminação do trabalho da banda. “Os parceiros nos divulgam e promovem a banda dando espaço para gente em suas mídias com entrevistas e divulgando nossas músicas. Tudo na base do faça você mesmo”, afirmou André.

As redes sociais tem sido a ferramenta da banda nesse retorno, mas além da internet e banda conseguiu apoio de parceiros que estão ajudando a banda, inclusive para que o EP fosse publicado no Spotify e Deezer.

O momento atual da política brasileira

O Brasil vem enfrentando uma grande polarização na política e depois da última eleição presidencial, isso só aumentou. Tem surgido em vários lugares do país depoimentos sobre censura em shows de bandas que eventualmente criticam o presidente da República. O último foi o festival Facada Fest que está envolvido em inquérito da polícia federal. A crítica a política é usual nas bandas de punk e hardcore, e isso independe de quem esteja no poder.

“Desde os seus primórdios a cena Punk como um todo e posteriormente o Hardcore, surgiram como um meio de contestação. No momento em que vivemos, é importante lembrar as pessoas disso e se posicionar sim”, disse André.

Fábio lembra que desde 2002 a banda sempre teve algo para contestar e agora não seria diferente. “ Estes dias fiz uma reflexão. Vejo que este momento que retornamos tenha uma maior relevância, pois vivemos um momento extremo aqui no Brasil e também no mundo, mas agora nós fazemos ainda mais parte disso, então a importância de ter uma banda punk, hardcore que já veio com uma outra postura dentro do rock é algo extraordinário e temos que nos posicionar e além disso usar a música a arte como forma de consciência e mostrar como o saudoso Redson do Cólera sempre dizia: ‘Esse grito não será em vão’, falou Fábio.


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