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28/05/2020 às 22h51min - Atualizada em 28/05/2020 às 22h51min

A distopia das cidades

Cyberpunk não é apenas um jogo é talvez uma distorção de nosso breve futuro

Lucas Moreira - Editado por Fernanda Simplicio
Entre 1899 a 1910, artistas franceses estipularam como seria a França nos anos 2000. A ideia de como será o mundo no futuro é tão antiga como andar pra frente. Na atualidade, essa ideia é levada muito mais a fundo.
Um desses desenhistas era Jean-Marc Côté. Naquela época, a França, entre outros países da Europa, estavam em um momento onde a segunda revolução industrial estava a todo "vapor", se é que me entendem.



Marcada pelos maquinários, navios, locomotivas a vapor, energia eólica, hidráulica, pessoas saindo das áreas rurais para morar em centros urbanos contribuíram para um ambiente do qual as cidades vieram a crescer através dessas tecnologias. Com esses desenhos, percebemos o pensamento deles para com o país. Na França então, tudo indicaria uma evolução partir da tecnologia presente na época, pois para Jean-Marc e todas as pessoas que viveram naquele tempo, ninguém tinha noção das inovações que conhecemos atualmente, a não ser as disponíveis naquela época.



Vivenciando os aperfeiçoamentos das tecnologias já existentes naquele século, ninguém nunca imaginaria uma cidade onde tudo seria digital.
O Retrofuturismo é uma forma artística de imaginar nossa sociedade no futuro. Ou seja, para cada forma hipotética de avanço tecnológico, há uma evolução nesse gênero de literatura.
Os desenhos de Marc são reflexos do subgênero chamado Steampunk: ficção na qual a sociedade segue uma evolução a partir de tecnologias a vapor. Vistos também em animes do Ghibli World, um dos mundo em que Sophie se aventura no filme - O Castelo Animado (2004). Além de Steampunk, existem outros gêneros dessa literatura, visando pensamentos do futuro.



"Skcrappunk". A característica mais determinante dessa variação são tecnologias evoluídas a partir de sucatas. Hipótese em que o mundo se colapsou em recursos. Usam o que estão ao favor para construir e seguir uma sociedade, como vemos no jogo Mad Max - Vila Gasolina (2015).



“Solarpunk”. Seria um mundo evoluído de maneira sustentável. O mundo em que certamente, gostaríamos viver. Agora que estamos familiarizados, podemos ter mais noção do que engloba o novo jogo Cyberpunk.



Cyberpunk é uma vertente do subgênero nomeada na década de 80, no ápice da Era Digital, na qual ainda estamos vivendo desde o término da Segunda Guerra Mundial. Esse ciclo é marcado por diversas descobertas tecnológicas, avanços médicos, comunicação, e como na época de Marc, também há pensadores, como William Gibson, autor de “Neuromancer” de 1984 e Jane Jacobs, autora do livroA Morte e Vida das Grandes Cidades” de 1961.





Ambos descrevem sobre uma sociedade avançada em termos de tecnologia e marcada por uma representação pessimista e distópica do futuro da humanidade. Pessoas sendo valorizadas pela quantidade de dinheiro que elas possuem e não pelo que elas sabem fazer, hackers, um mundo onde as empresas estarão dominando a ponto do governo não ter mais autoridade suficiente para barrar certos delitos e, tudo gira agora em torno do dinheiro. Os livros em si foram escritos em uma época onde a revolução tecnológica estava há passos largos. A forma como os autores abordam essa literatura remetem a Cybercidades, vistas em filmes como: Made Runner (2014), O Fantasma do Futuro (1995), Robocop (1987). Apesar de ser uma ficção, ela possui seus significados e elementos que formam toda uma distopia, diferente dos outros mundos citados, projetando questionamentos realistas sobre o caminho da humanidade.

Hoje, com auxílio das diversas formas de arte, como o cinema e games também contribuem para o despertar dessa literatura, ainda imaginada nos dias atuais, tais como o lançamento do game Cyberpunk 2077. O jogo terá projeções de altíssima tecnologia em contraste com a baixa qualidade de vida, na qual a tecnologia é avançada mas não a ponto de levar benéficos diretos para as diferenças de classes sociais, e no entanto, não mudando em nada a expectativa dessas pessoas. O mais importante em Cyberpunk será a diferença entre homens e máquinas, a hierarquia das pessoas e o modo de vida que eles estão vivendo naquele momento.



Pensadores como Jane falam sobre o andar da nossa sociedade como um todo, pois o planeta está cada vez mais tecnológico e moderno. O que está em pauta é a forma do game remeter a um futuro adverso da humanidade, juntamente com a tecnologia, a qual estamos caminhando. Nas Cybercitys, a questão da distopia será como iremos lidar a partir dessas revoluções. Estamos na era digital, tudo é tecnologia e informação, robôs sendo inventados para nos suprir.  Tóquio pode ser considerada uma Cybercidade nos dias atuais.



E se nunca tivéssemos entrado na Era Digital? O mundo estaria evoluindo através das invenções a vapor? Ou estaríamos numa catástrofe, sendo obrigados a reutilizar todas as matérias primas já usadas? Deixo essa reflexão a vocês, pois o mundo pode mudar a qualquer instante e seu computador pode virar retrovisor de carro do estilo Mad Max.
 
REFERÊNCIAS
Literatura: o que é Cyberpunk?. Fazendo Nerdice, 18 de mai. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kNZDVxcyfBw&t=683s>. Acesso em: 25 de mai. 2020. 

RODRIGUES, I. Cyberpunk - Refletindo a decadência urbana. Luz, Câmera e Pixels, 28 de jan. 2019. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Xw6Jx1Z_jys>. Acesso em: 25 de mai. 2020. 

Cyberpunk 2077 Gameplay Demo 38 minutes HD  PC/PS4/ Xbox One. GameClips, 25 de abr. 2020. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3_GftBaCbeY&t=361s>. Acesso em: 25 de mai. 2020. 

Charneski, R. Steampunk: um futuro distópico deixado para enferrujar. Crítica de Ponta, Medium, 07 de mai. 2018. Disponível em: <https://medium.com/@criticadeponta/steampunk-um-futuro-dist%C3%B3pico-deixado-para-enferrujar-204220585849>. Acesso em: 25 de mai. 2020. 


BANSINKI, A. You’ve heard of cyberpunk and steampunk, but what’s solarpunk?. Medium, 12 de jun. 2019. Disponivel em: <https://medium.com/@ajbasinski/youve-heard-of-cyberpunk-and-steampunk-but-what-s-solarpunk-e0e472bd9c9f>. Acesso em: 25 de mai. 2020. 

GIBSON, William. Neuromancer, São Paulo: Editora Aleph, 1991.

JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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