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16/04/2019 às 15h34min - Atualizada em 16/04/2019 às 15h34min

Ciência da computação para crianças, é possível?

O que seria do jovem sem jogos, filmes, séries, animações e tecnologia? E trabalhar com tudo isso e mais um pouco, não seria um máximo? Esse é o intuito das escolas de programação para crianças, moldar um profissão com base naquilo que elas levam como diversão.

Ana Paula Figueiró - Editado por Bárbara Miranda
Foto divulgação SuperGeeks
Estamos rodeados por tecnologia, por todos os lados. Jogos, filmes 3D, celulares e computadores de última geração, estão presentes no nosso dia-a-dia, isso não podemos negar. O mercado referente a esses produtos está mais forte do que nunca, mas como sobreviver a ele? Jovens, ainda adolescentes ou até mesmo crianças, já estão notando, mais rapidamente que os adultos da geração Y, que o futuro é digital.

A era tecnológica, tão sonhado nos filmes da década de 80, como no “De volta para o futuro”, já está entre nós. As profissões estão se modernizando e evoluindo, como também estão nascendo outras novas. Desenvolvedor de jogos ou Youtuber, são hoje as mais almejadas pela as crianças, que há anos atrás nem eram conhecidas, ou simplesmente não existiam.

Por esse motivo, muitas escolas estão se adaptando a esses desejos, mas se no ensino regular não existe a possibilidade de crescer nessas áreas, como os pais devem proceder? A dica é escola de programação. Como por exemplo, a SuperGeeks, primeira escola de programação e robótica para crianças e adolescentes do Brasil, segundo o site oficial supergeeks.com.br.

A SuperGeeks foi fundada em 2014, pelo casal de brasileiros Marco Giroto, empreendedor e programador, e Vanessa Ban, graduada em letras. O conceito de ensino da escola nasceu em 2012, após eles observarem no Vale do Silício (EUA) as escolas, empresas e políticos se mobilizarem para ensinar ciência da computação para crianças. Logo após, o casal decidiu trazer essa experiência adquirida nos Estados Unidos para o Brasil.

Hoje, a franquia já contém mais de 50 unidades espalhadas pelo país, presente em todas regiões, com mais de 5 mil alunos. Segundo o próprio site, a escola se baseia em uma metodologia inovadora, que ensina jovens a partir dos 7 anos a criarem seus próprios games, aplicativos, robôs e sistemas, com uma base no empreendedorismo e na língua Inglesa. Para apresentar melhor a escola, entrevistamos os responsáveis pela unidade de Brasília, na capital do país, os irmãos Dilan e Dan.

Sócios, os irmãos trabalham juntos na administração da unidade. Dilan Lopes Carvalho é pós-graduado em gestão escolar e professor universitário. “Eu e meu irmão Dan fizemos essa parceria, aqui é onde nós juntamos o conhecimento que tenho em gestão escolar, a expertise em gestão Educacional, e ele o conhecimento na área da tecnologia”, afirma Dilan.

Dan Lopes Carvalho, trabalha com tecnologia há mais 20 anos, trabalhou na IBM por 12 anos, e hoje também é sócio em outra empresa de movimento software. “A gente uniu forças pra poder trazer esse mundo de programação, e consegui alavancar aqui em Brasília o conceito de Ciência da computação, para criança e adolescente”, completa Dan.

Conceito de ensino

O mercado de robótica e games no país está crescendo, muitas escolas de programação estão investindo nessa área, mas em suma, a maioria trabalham com projetos. Segundo Dan, a SuperGeeks aborda esses pontos de formas mais estimulantes. “A metodologia da franquia me encantou bastante, porque ela consegue encadear realmente um curso de computação com início, meio e fim, voltado para crianças e adolescentes”, afirma. 

Dilan explica que essa metodologia, inclusive, usa o conceito utilizado nas grandes instituições de ensino fundamental e médio, que é "aula dada, é aula estudada", ou seja, após verem todo conteúdo em sala, eles recebem a tarefa de casa, que os professores costumam chamar de “diversão de casa”, porque sempre é feita no computador e com games. “Esse conceito incentiva muito o aluno, que não vai estudar apenas na escola, ele terá toda diversão de casa sobre o assunto do dia. Durante a semana, ele vai estudar e praticar online", completa.

A própria instituiçao desenvolveu sua metodologia, onde trabalham primeiramente conceitos básicos da ciência da computação, como por exemplo, número binário. “A gente aprende na escola decimais, algarismos romanos, gregos, mas nós não aprendemos a linguagem binária, que hoje é a linguagem mais utilizada no mundo”, afirma Dan. 

No ciclo da aprendizagem, explica Dan, a criança inicia com número binário, logo após vem uma introdução de desenvolvimento, realmente de programação, e assim, segue vendo todo conteúdo, que tem bastante foco em games, por se tratar de um público infanto juvenil. “A criança vai avançando até chegar nos conceitos de robótica com circuito, e quando falo de robótica, falo da robótica de verdade, nós trabalhamos com placas Arduino, que é a ferramenta usada para desenvolver robôs (profissionalmente)”, finaliza.
 
Arduino - placa de prototipagem robótica usada, inclusive, pela NASA.

O diferencial

A SuperGeeks tenta fugir do ensino tradicional, para o aluno se sentir mais confiante e com vontade de aprender, além dos computadores, o espaço é todo temático, com adesivos, personagens e jogos, como Minecraft. Apesar de todo espaço parecer ser voltado para diversão, o curso completo é desenvolvido para formar profissionais.

“O diferencial da SuperGeeks é que o curso tem 12 fases, cada fase é mais ou menos um semestre de curso, fechando 6 anos. Teve um pai que disse 'quase uma faculdade', e eu gostei dessa comparação, por que a gente realmente prepara o aluno, nós iremos prepará-lo para o futuro. A gente não trabalha apenas com projetos, mas nós temos continuidade, a criança entra normalmente com 8 anos e sai com 14, sabendo programar. Nosso curso tem conexão, tem evolução”, nos conta o programador Dan.

A criança não iniciará o curso de acordo com a idade, mas com o conhecimento, independente dela ter 8 ou 15 anos, primeiramente será realizado um teste de conhecimento, ou nivelamento, como vemos nas escolas de línguas, assim saberão se será necessário iniciar da fase 0 ou não.

Meninas e ciência da computação 

Infelizmente, ainda existe o pensamento arcaico de que meninas não gostam de matemática, tecnologia e programação, influenciando negativamente nas buscas delas por essas áreas, como podemos confirmar nas turmas de TI das faculdades, que a minoria são mulheres. Mas essa realidade está mudando, mesmo com a baixa procura, Dan afirma que 30% dos alunos da instituição é meninas.

“A cultura está mudando, até porque hoje nós temos o empoderamento feminino, altos cargos profissionais, de gestão, sendo ocupados por mulheres. Elas também estão vendo essa necessidade por tecnologia”, completa Dilan. Ele aproveita a oportunidade para nos contar uma curiosidade, na universidade onde atua como professor, o público que cursar medicina é 70% composto por mulheres, isto é, em um futuro não tão distante, grande parte dos cientistas na área da saúde e dos médicos será mulheres.

Exemplos podem estimular e incentivar a nova geração de programadoras, desenvolvedoras, cientistas, entre outras profissionais. Mostrar que elas podem e devem seguir suas vontades, principalmente em áreas dominadas por homens, faz toda a diferença. O instagram da unidade de Brasília (@supergeeksbrasilia) regularmente posta conteúdo relacionado a elas, como a nova coleção da Barbie engenheira de computação, o protagonismo feminino em personagens de games, e exemplos como a Ketherine Bouman, cientista responsável pela primeira foto do buraco negro.
 
“Não existe mais uma divisão, a tecnologia veio para unificar, na tecnologia não existir um sexo específico para exercê-la, ela proporciona essa mudança cultural”, afirma Dilan. 

Profissões do futuro

E quais são as profissões das próximas gerações? Todas, algumas não existem ainda, mas as que existem vão se transformar para o mundo tecnológico. “O mercado tá demonstrando que não existirá mais profissões que não usará tecnologia. A nossa instituição prepara esses jovens, para quando saírem do curso de 6 anos estarem preparados para qualquer profissão”, afirma o professor Dilan. 

Como já estamos observando, novas profissões estão surgindo e a SuperGeeks aposta nesse futuro para oferecer um curso completo, que envolve programação e mods no minecraft, desenvolvimento de games 2D, robótica com arduino, e muito mais. Mas a instituição não trabalha apenas em cima deste foco, o seu maior propósito é contribuir com o crescimento individual de cada aluno, complementando o ensino regular.
 
A escola também oferece o curso “youtuber e edição de vídeo”, criado e assinado pelo Gaveta (editor do Canal Jovem Nerd), para crianças a partir dos 9 anos ou que tenha finalizado a fase 0 do curso regular. Nesse módulo os alunos aprendem a criar e editar vídeos profissionais. E ainda, há quem diga que ser youtuber não é profissão
 
DEPOIMENTOS:

Uma mãe que viu resultados no filho
"O curso o ajudou muito em relação ao raciocínio lógico, a parte de exatas, ele já se interessava, mas melhorou bastante. Os professores fazem com que a criança pense, ele desenvolveu mais o raciocínio, para fazer a programação dos jogos. Agora ele tá começando ia mexer mais com o código, ele gosta disso, se interessa e estuda muito em casa para aprender mais do que ver nas aulas. Eles não chama de tarefa de casa, mas de “diversão de casa”, assim ele faz tudo. A gente sempre o incentiva, para o curso ser uma diversão, não uma obrigação. É um interesse dele, ele gosta de jogar, mas também tem interesse do que está por trás, de como se faz, como é possível chegar até aquele tipo de jogo, e isso refletiu muito na escola, ele passou a ter um pensamento mais estruturado, o curso o ajudou bastante.”
- Liandra Agostini, publicitária, mãe do Matheus Agostini, de 9 anos.

Ensinar crianças é receber reconhecimento
"A gente vê que realmente é uma coisa que vai fazer muita diferença na vida deles, esse conhecimento de programação, de lógica, é uma tendência para o futuro, realmente, porque todas as profissões no futuro vão usar a tecnologia de alguma forma, e algumas dessas profissões não existem ainda, mas com certeza vão usar a tecnologia. Quando a gente encontra ex-alunos fora escola, às vezes recebemos o reconhecimento, eles lembram da gente, assim vemos que realmente fazemos uma grande diferença na vida deles. Em questão, sobre o que eles recebem aqui, o que eles ganham, não só a parte de lógica ou de aprender fazer jogos, mas eles desenvolvem o raciocínio lógico, resolução de problemas, são habilidades que vão usar em outras várias profissões, não só na programação ou criação de jogos. Tudo aqui é útil para a vida inteira, em qualquer área que eles forem atuar no futuro.”
- Fábio Nunes, 29 anos, 6 anos de experiência na área de docência de programação de jogos.

Garotas também podem programar

"O que me ajudou mesmo foi o inglês, que a gente aprende aqui, porque para programar é tudo em inglês, então aprendi algumas palavras que não sabia antes. O que eu mais gostei na verdade, foi ver os resultados dos jogos (que programei), por que no começo achei que não conseguiria realmente. Quando entrei e vi o nível, logo pensei 'Cara, eu não vou conseguir!', porque nunca fui muito boa com tecnologia, depois quando pude ver os resultados, fiquei muito feliz com o que consegui fazer."
- Gianna Carvalho, 12 anos, Aluna do curso regular da SuperGeeks.

Para mais informações sobre a SuperGeeks:
Site: supergeeks.com.br
Instagram: @SuperGeeksBrasil
Unidades: supergeeks.com.br/unidades
Email: [email protected]


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