80 anos do Coringa

AS FASES DO CORINGA
Quando nasceu, na Era de Ouro dos quadrinhos, o vilão era um assassino em série com um senso de humor um tanto controverso. Essa versão costuma matar várias pessoas durante suas edições, além de transformar o rosto das vítimas no seu sorriso ou fazer máscaras com a pele delas, bem ao estilo Leatherface.

Esta foi a fase usada para inspirar a interpretação do Jack Nicholson para o personagem, no longa dirigido por Tim Burton em 1989. Mas alguns anos depois surgiu o Comics Code Authority, um controle que regulamentava o que podia ou não aparecer nos gibis. Este sistema foi criado depois que o livro Seduction of the Innocencent, do psicanalista alemão Fredric Wertham, alegava que as HQs estavam desvirtuando as crianças.

Graças a essa censura, que deu início a era de prata, os métodos do palhaço do crime tiveram que mudar bruscamente. É então que o Coringa passa de assassino em massa para a versão mais brincalhona de sua trajetória.

Durante essa fase, o Joker focava bastante em roubos a bancos e museus, e abandonou totalmente as características violentas de anteriormente. Ele não tinha intenção de ferir ninguém, e apenas ficava fazendo piadas. Esse período fez o personagem ficar famoso por aparatos como a flor que espirra água, a pistola que dispara uma bandeira e até mesmo o Jokermobile, um carro que levava seu rosto.

Na televisão, esse período mais cômico ficou a cargo do grande Cesar Romero, que deu vida ao palhaço na série de televisão da década de 60. No Brasil, essa versão ficou muito famosa por conta da Feira da Fruta, uma redublagem feita por fãs que se popularizou pela Internet e até hoje é cultuada.

Mais alguns anos se passaram e na década de 70, o Coringa mudou novamente. Agora o palhaço do crime voltara a ser tão cruel e doentio quanto em suas primeiras aparições. Foi quando ficou mais marcado por seus problemas mentais, deixando-o completamente insano, fazendo com que as atitudes dele fossem imprevisíveis. Esta é a personalidade presente em passagens marcantes, como as famosas HQs O Cavaleiro das Trevas e A Piada Mortal, no qual o Coringa deixa a Bárbara Gordon paraplégica, apenas para tornar o dia do Comissário Gordon ruim e provar sua tese.
 
Nos cinemas a interpretação de Heath Ledger para o Palhaço do Crime é a que mais se aproxima da psicótica. Ele não tem problema de matar violentamente, vê o Homem-Morcego como sua contraparte e tenta provar que sua visão do mundo é a correta. Pode-se dizer que a versão do Joaquin Phoenix também é fortemente inspirada nesta versão, porém com muito mais tons de anarquismo que o vilão dos quadrinhos.

Imagem de Batman: Três Coringas Foto/Divulgação: DC Comics

Porém, essas não são nem de longe as únicas “fases” do icônico vilão de pele branca, pois destas três formas de derivaram dezenas de outras versões do Coringa, tanto nos quadrinhos quanto nas adaptações para animações, games etc. O personagem é muito misterioso até hoje, e mesmo apesar de algumas destas histórias tentar contar a origem do vilão, até hoje não existe nada 100% confirmado.

Tanto é que recentemente, na edição #42 de Liga da Justiça, escrita por Geoff Johns, um dos maiores nomes nas produções dos longas da DC, o Batman adquiriu controle da Cadeira de Moebius, que concede ao morcegão poderes de nível cósmico. E sentado nela o Homem-morcego tentou descobrir qual era a verdadeira identidade do seu maior inimigo. Mas para sua surpresa, a cadeira respondeu que na verdade existem três Coringas diferentes.

CURIOSIDADES SOBRE A TRAGETÓRIA DO CORINGA (CUIDADO COM SPOILERS)

• Na história do cinema só existem dois personagens que ganharam o prêmio do Oscar mais de uma vez, um deles é Vito Corleone de The Godfather, que rendeu um Oscar em 1972 para o ator Marlon Brando e dois anos depois para o Robert De Niro no mesmo papel, só que agora mais jovem. Já o outro é o Coringa, que merecidamente concedeu um Oscar póstumo para Heath Ledger, por viver o palhaço em Batman: o Cavaleiro das Trevas, de 2008. Após isso o personagem rendeu a Joaquin Phoenix o prêmio, no longa que agora levara seu nome, JOKER, de 2019, que faturou mais de um bilhão de dolares em bilheteria ao redor do mundo.

• Em 1989, Jim Starlin escreveu para DC Comincs a história Morte em Família, em comemoração aos 50 anos de vida do Batman. O curioso desta edição é que a DC decidiu presentear os leitores do Homem-Morcego com o poder de decidir o destino de um personagem. Por meio de um número de telefone, os interesados poderiam ligar e escolher se o personagem Jason Todd (o segundo Robin) iria morrer ou sobreviver a um ataque dele, o Coringa. E como resultado os fãs decidiram, em uma disputa apertada, que por 5343 votos a favor da sua morte, contra 5271 para que ele sobrevivesse, entregar a vida do jovem Todd nas mãos do príncipe palhaço, levando assim a sua morte.

• Como comemoração do seu aniversario de 80 anos, a DC irá lançar uma HQ especial para o vilão. The Joker 80TH Anniversary 100-Page Super Spectacular (O aniversario de 80 anos do Coringa, 100 páginas Super espetaculares) contará uma história muito particular para o palhaço. Onde ele finalemte mata o Batman. Mas ao contrário do que poderia parecer, ao conseguir aniquilar o Batman, o Coringa não sente o que esperava. E para tentar buscar isso ele pretende causar muito mais mortes. E isso da início a jornada de um coringa sem um Batman, e talvez até uma possível aposentadoria do insano vilão.

Por fim, são incontáveis os confrontos que fizeram do Coringa o maior inimigo do Batman, permitindo assim, o provável desfecho em que um elimina o outro. Ambos se tornam os antagonistas perfeitos, um para o outro. O Batman por carregar uma nobreza imensa e seguir os princípios da lei, portanto, matar o Coringa seria, além de criminoso, o ato que comprovaria em um único minuto, tudo aquilo em que seu arqui-inimigo acredita e tanto luta para provar.
 
Já o Coringa aparenta ter consciência da dependência doentia que tem em relação ao Cavaleiro das Trevas, já que para ele a questão não é matar, mas sim todos os princípios relativos ao bem e ao mal, que com a mesma dedicação carrega, só que às avessas. Tudo tem dois polos e precisa de equilíbrio, assim como Batman precisa do Coringa para existir. E vice-versa.