22/07/2020 às 23h15min - Atualizada em 22/07/2020 às 22h31min
A Ciência de Fullmetal Alchemist
Thaís Cordeiro - Editado por Bárbara Miranda
Escrito e ilustrado por Hiromu Arakawa, Fullmetal Alchemist (do japonês 鋼の錬金術師 Hagane no Renkinjutsushi) é uma das franquias de anime e mangá mais aclamadas dos últimos tempos. Um dos motivos para esse sucesso, são os complexos temas da vida real inseridos na série. De dominação militar no governo, tensões raciais ao papel do homem no mundo, a série não hesitou em falar de diversas questões sociais, psicológicas e filosóficas.
O tema mais proeminente citado no anime e mangá é a alquimia.
Os Princípios Científicos da Alquimia
O mundo de Fullmetal Alchemist se passa em um período após a revolução industrial européia, onde a alquimia é a uma das mais avançadas técnicas científicas conhecidas pelo homem. A alquimia é a fusão dos princípios científicos e propriedades mágicas com base em um único conceito, A Lei Da Troca Equivalente. Essa lei afirma que para ganhar algo de valor, é necessário perder alguma coisa de valor equivalente. Isso significa que na alquimia, e na vida, um alquimista não pode criar alguma coisa sem perder algo em retorno.
No mundo real, a alquimia era uma ciência mística que combinava diversas áreas do conhecimento, como a física, química, medicina, arte, metalúrgica, geometria e filosofia, conhecida como química da Antiguidade ou da Idade Média, que tinha como objetivo a transmutação de um elemento em outro.
Um dos principais objetivos da alquimia era criar a pedra filosofal, elemento que, teoricamente, seria capaz de transformar metais não preciosos em ouro, a criação da vida humana artificial e produzir o “Elixir da vida” que daria a imortalidade ou vida prolongada a quem o bebesse.
O alquimista mais famoso conhecido é Nicolas Flamel (1330-1418) que supostamente teria conseguido criar a pedra filosofal e realizar a primeira transmutação, criando o ouro. Lendas à parte, apesar dos vários esforços e dos seus objetivos nunca terem sido alcançados, os alquimistas foram responsáveis por várias descobertas e invenções, como a técnica do banho-maria para aquecer lentamente soluções e a criação da porcelana.
Troca Equivalente
A lei da troca equivalente tem similaridade com a chamada de lei de conservação de massa ou lei de Lavoisier, indica que a massa de um sistema isolado não pode ser alterada. Em qualquer processo alquímico ou químico, a massa de um produto inicial deve ser a mesma do produto final após o processo.
A lei se relaciona com a lei da conservação da matéria, e esta lei afirma que a matéria não pode ser criada ou destruída, somente reorganizada e transformada. “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. - Antoine Lavoisier
Natureza dos Homúnculos
Na série, Homúnculos são criaturas parcialmente humanas criadas por alquimistas que tentaram passar por cima das leis da alquimia realizando uma transmutação humana que acaba mal sucedida. Isso remete ao lado polêmico da ciência, onde tabus científicos ditos inquebráveis são eventualmente testados por alquimistas e cientistas.
Além do alquimista Paracelso (1493-1541) que em seu trabalho “De Natura Rerum” (Sobre a Natureza das Coisas) oferece um método para a criação de homúnculos, uma ideia similar pode ser observada no romance gótico clássico de Mary Shelley, Frankenstein. Onde um jovem cientista acreditava ser possível vencer a morte criando um monstro em seu laboratório.
Enquanto os homúnculos são tentativas falhas da quebra de barreiras da ciência, os debates dos personagens sobre a humanidade das criaturas e o conceito de alma de seres cientificamente criados, remetem a tabus religiosos e científicos reais como a clonagem humana.
Simbolismos
A Serpente Alquimica
Símbolo mais conhecido no anime, amplamente usado por diversos personagens incluindo os protagonistas. Simboliza uma operação alquímica perfeita. É uma versão da “Cruz da Serpente” ou “Cruz de Flamel”, símbolo místico alquímico descrito como uma cruz com uma cobra ou serpente enrolada, bem como asas destacadas e uma coroa acima delas. O símbolo se assemelha a “Haste de Asclépio” símbolo grego da medicina. A cruz aparece nas ilustrações de Flamel e dizem simbolizar a relação dele com a pedra filosofal.
Significados:
Serpente: mineral ou metal frio e venenoso
Cruz: a morte do composto
Asas: força total da transcendência
Coroa: a conclusão próspera de uma reação alquímica
Símbolo dos Homúnculos
Ouroboro (ou oroboro) é um símbolo representado por uma serpente, ou um dragão, que morde a própria cauda. Representa o ciclo da evolução ou vida e a eternidade e em Fullmetal está presente gravado em cada homúnculo em diferentes lugares do corpo, variavelmente relacionando com o pecado que representam.
Existem outros diversos temas e símbolos abordados em Fullmetal Alchemist, que valem a pena serem observados e que enriquecem o universo desse anime e mangá muito bem construído e extremamente cativante.
REFERÊNCIAS
Wikipédia. “Ouroboros” disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ouroboros#Alquimia> .Acessado em 22 de julho de 2020.
SOSAlquimia. “Cruz de flamel: marca alquímica simbólica” disponível em: <https://sosalquimia.blogspot.com/2014/07/cruz-de-flamel-marca-alquimica-simbolica.html#:~:text=%20%20%201%20Serpente%3A%20A%20serpente%20como,%28segundo%20textos%20herm%C3%A9ticos%29%20e%20podem%20simbolizar...%20More%20> .Acessado em 22 de julho de 2020.
The Artífice. “Fullmetal alchemist: science vs religion” disponível em: <https://the-artifice.com/full-metal-alchemist-science-vs-religion-2/#:~:text=%20Full%20Metal%20Alchemist%3A%20Science%20vs%20Religion%20,away%20from%20that%20fact%20that%20both...%20More%20> .Acessado em 22 de julho de 2020.
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