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26/07/2020 às 22h39min - Atualizada em 26/07/2020 às 19h51min

Avós: amor que ultrapassa gerações

Comemorado no último domingo, o Dia dos Avós relembra uma união de fé, ativismo e valorização dos idosos.

Kássia Tavares da Silva - Revisado por Renata Rodrigues
(Foto: Soulintact/Pixabay)



 


A sopa quentinha durante um resfriado, a marmita pronta pra levar para a escola ou trabalho, o cheiro gostoso que fica na roupa depois de um abraço forte. Quem teve ou têm esses privilégios sabe: vó é tudo de bom. Para celebrar estes momentos tão únicos e saudáveis, como também o respeito e a importância da figura das matriarcas e patriarcas nas famílias luso-brasileiras, comemoramos no dia 26 de julho o Dia dos Avós. No cristianismo, o dia também é voltado para os santos Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e, portanto, padroeiros dos avós.

 
Celebrar a data vai muito além de homenagens, já que os avós carregam uma verdadeira biblioteca cultural, repleta de crenças e costumes, principalmente cristãos. Maria Anunciação Pereira da Costa (73), ou Dona Mariquinha, como é chamada carinhosamente pelos mais íntimos, sabe bem a importância de repassar as tradições religiosas para os netos. “Sobre os festejos da minha cidade eu gosto muito de conversar com eles (netos), porque toda a vida nós fomos participantes. Muito animado e muito bonito é a festa de São Gonçalo. A gente vai pra igreja cantar, participar, ficar na barraca. Minha família é muito religiosa, dá muito valor a cultura Amarantina”, explica.

 

Dona Mariquinha é professora aposentada e moradora do município de Amarante, no estado do Piauí. Ela fala da saudade que tem dos netos que moram em outros estados. “A distância é ruim, não sei se foi só eu que nasci com esse problema, de não se dar bem com distância, a relação da gente  fica até assim, meio vaga. Eu não gosto de distância”, conta a aposentada. 

 
Outra tradição familiar que tem como base as matriarcas e patriarcas é a reunião anual da família Tavares. Realizada a mais de 10 anos, o encontro tem como finalidade reunir todas as gerações da família, espalhadas por 3 municípios do Amazonas (Urucará, São Sebastião do Uatumã e Tabatinga) mais a capital amazonense, Manaus. Troca de conhecimentos, espiritualidade e brincadeiras fazem parte da programação. 



 

Para Leciene Tavares Pinto (47), professora no munícipio de Urucará (AM), o evento é uma oportunidade de reencontrar parentes distantes e de conviver com os mais velhos. “O nosso encontro, é um exemplo disso, vem perdurando aí por mais de 10 anos. E com certeza, é o que desejamos, que seja um evento familiar que alcance todos os descendentes da família Tavares. Esse encontro é uma forma de valorizar e homenagear em vida, nossos avós que tanto lutaram para criar os filhos, netos, para trilharem o caminho do bem, de acordo com suas possibilidades e conhecimentos”, afirma.  

 
Ainda conforme a professora, as histórias contadas em rodas de conversa era uma forma de conhecer os mais velhos. 
“Adorava as rodas de conversa, pois nessas conversas acabávamos conhecendo o dia a dia dele (avô), os costumes, as crenças. Adorava mesmo ir pra casa dele lá no Amanary. Eu e meus irmãos vivemos muitas aventuras lá. Sempre depois do almoço pegávamos a canoa dele pra ir pescar de caniço e apanhar mari-mari nas proximidades. Ele tinha ciúme da canoa dele. Na volta, a gente já se preparava pra pegar ralho dele”, conta em risos. 

 
 
Fé e ativismo: histórias que se cruzam 
 
A historicidade da data, oficializada pela Assembleia da República de Portugal em 2003, é uma união de fé e ativismo, graças a portuguesa e missionária Ana Elisa de Couto (1926-2007), conhecida como Dona Aninhas. Para a missionária, os avós precisavam de uma data alusiva para reforçar o valor e importância dos progenitores. Determinada, Dona Aninhas realizou campanha em Portugal e por toda a Europa, chegando aos Estados Unidos e Brasil.  Após a conquista da oficialização da data, a comunidade de Penafiel, instalou uma placa homenageando dona Aninhas.


 

Desde então, a Igreja Católica comemora não somente os padroeiros dos avós, Santa Ana e São Joaquim, como também convida os fiéis a olharem com mais carinho para os pais dos nossos pais. Um trecho da mensagem especial dos Bispos de Portugal dedicada aos avós, publicada último dia 20 de julho no jornal vaticano L’Osservatore Romano, faz reflexão quanto aos ensinamentos e aos saberes repassados a cada nova geração.  
 

"Os avós "sustentam a vida das famílias, não apenas porque permitem a sobrevivência ou dão um pouco de alívio, mas porque são as raízes de tantas vidas. Contam histórias do passado, e ajudam a entender a diferença entre o essencial e o supérfluo". 

 
Ainda segundo a nota, os idosos devem ser tratados como tesouros, 
“Os tesouros devem ser protegidos, tratados com cuidado e admiração. Uma sociedade que não protege, não se importa, não admira os idosos, está condenada ao fracasso porque assim como a natureza nasce e renasce, assim como a semente cresce e é jogada no chão, assim ela passa e transcorre a vida.” 

 
Programação virtual 
 
Com o advento da pandemia do novo coronavírus e o isolamento social, as homenagens aos vovôs e vovós foram feitas de forma diferente esse ano, por meio das redes sociais. Em Manaus (AM), cada um dos seis Centros Estaduais de Convivência da Família (CECF) e do Idoso (Ceci),
 administrados pela Secretaria de Estado da Assistência Social (Seas)desenvolveram uma programação exclusivamente online. A programação contou com painel fotográfico, vídeos e lives musicais. 
 
O encerramento da semana de homenagem aos avós encerra nesta segunda-feira (27) com a live “Os Benefícios das Relações Intergeracionais entre Avós e Netos”, no perfil do Centro Estadual de Convivência do Idoso (Ceci). A transmissão feita pelo Facebook tem como convidado o psicólogo Luiz Cordech e será mediada pela psicóloga Neirelucy Lima. 

 

 


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