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18/09/2020 às 20h09min - Atualizada em 18/09/2020 às 19h15min

Sete pintoras incríveis que você precisa conhecer!

Separei uma lista com sete mulheres extraordinárias que fizeram história, ajudam a inspirar, a empoderar todas as mulheres e merecem o total reconhecimento.

Ana Thereza Amaral - Revisado por Jéssica Natacha
Pintora Brasileira Maria Auxiliadora da Silva (Foto: Reprodução/ Jornal Mais Expressão)

As mais diversas expressões artísticas estiveram sempre presentes na história da humanidade, foi inclusive através delas que boa parte da história foi contada. Obviamente, uma boa parte dessas produções artísticas foi realizada por mulheres. Entretanto, num apanhado geral da história da arte, a figura feminina foi apagada como criador e lembrada apenas como criatura, devido ao machismo vigente na sociedade.

 

Mulheres artistas passaram séculos sem o devido reconhecimento e, até hoje, são desmerecidas. Vistas apenas como modelos ou inspiração para artistas homens e normalmente tendo suas representações sexualizadas e/ou fragilizadas. Segundo a artista cearense Hannah Couto “por um lado é muito triste você olhar pro passado e não ver nenhuma grande referência de mulher artista, nenhuma que seja muito conhecida, você só vê mulheres sendo pintadas nuas por homens. Mas por outro lado é gratificante ver como as mulheres estão crescendo hoje em dia, no mundo da arte, ganhando espaço”.

 

Para aumentar as referências históricas de mulheres artistas, trouxemos uma lista com sete pintoras extraordinárias de diversos movimentos artísticos, com variados estilos, que, ao longo da história, fizeram a diferença ao lutar contra os padrões de suas épocas.

 

1. CATARINA VAN HEMESSEN
 

Catarina van Hemessen foi uma pintora renascentista belga, que nasceu no ano de 1528. Ela é a pintora flamenga mais antiga que se tem registro. Seu pai também era pintor e foi, provavelmente, seu mentor nessa arte. Seu estilo é marcado por retratos em fundos escuros e sua obra mais famosa é um autorretrato, pintado no ano de 1548 — quando a artista tinha 20 anos. Ela também fez algumas pinturas religiosas, porém de menor destaque.

 

Em 1554, casou-se com Chrétien de Morien, um organista da Catedral de Antuérpia. Em 1556, quando Maria da Áustria — que era cliente muito próxima de Catarina — deixou seu posto e retornou para a Espanha, a pintora e seu marido se mudaram junto a ela, passando a fazer parte da sua côrte. E dois anos depois, quando Maria faleceu, o casal passou a receber uma generosa pensão e retornaram para Antuérpia.

 

Acredita-se que Catarina deixou de pintar quando se casou, pois não há nenhuma obra sua datada depois de 1554. E nessa época era comum que as mulheres deixassem de trabalhar quando se casavam. Entretanto, sua obra foi de fundamental importância para impulsionar outras mulheres artistas na sua época.


Autorretrato de Catarina van Hemessen (Foto: Reprodução/ Wikipedia)


2. ARTEMISIA GENTILESCHI 

 

Nascida em Roma, no ano de 1593, Artemisia Gentileschi foi uma pintora barroca que hoje é considerada uma das mais bem sucedidas pintoras de sua época. Assim como Catarina van Hemessen, Artemisia  foi incentivada pelo pai, Orazio Gentileschi, a pintar. Seu tema principal eram personagens femininas de histórias bíblicas, mas ganhou fama, inicialmente pintando retratos. E seu estilo era marcado por influências de Caravaggio, por se utilizar do realismo e dos grandes contrastes entre cores claras e escuras.

 

Foi a primeira mulher a ser aceita na Academia de Belas Artes de Florença. Mas, como consequência do machismo vigente na sociedade, sua figura fora diminuída ao longo da história pelos críticos da arte, sendo resgatada apenas nos anos 1970, com o fortalecimento do movimento feminista, tanto pela sua arte, como principalmente, pela história de vida.

 

Um de seus quadros mais conhecidos “Judite decapitando Holofernes” — que é um tema popular entre pintores — ela representa uma forma de vingança ao estupro que sofreu e que, por muito tempo, ofuscou sua carreira artística. No século XVII, o também pintor, Agostino Tassi, estuprou Artemisia, foi condenado por esse e outros crimes, porém foi absolvido posteriormente. Nessa obra, considerada um tanto mais violenta que as demais representações da cena, ela representa Agostino como Holofernes a ser decapitado e ela mesma como Judite, a mutilar o homem.


Judite decapitando Holofernes por Artemisia Gentileschi (Foto: Reprodução/ Wikipedia)
 

Outra obra conhecida é o “Autorretrato como Alegoria da Pintura”, que apesar de também ser um tema popular, ela o representou de uma maneira que nenhum outro homem da sua época pôde, uma vez que a figura principal da alegoria é representada por uma mulher. Então, ela representa a si mesma com tintas e um pincel, enquanto realiza o ato de pintar essa cena.


Autorretrato como Alegoria a Pintura por Artemisia Gentileschi (Foto: Reprodução/ WikiArt)
 

3. BERTHE MORISOT

 

A terceira da lista é ninguém mais, ninguém menos que Berthe Morisot, pintora que fazia parte do Impressionismo — que por si só foi um movimento esteticamente revolucionário, no final do século XIX — numa época de grandes mudanças na sociedade européia. Berthe nasceu em 1841, em uma uma influente família francesa. Foi educada em Paris, tendo aulas de piano, etiqueta e pintura. Como seu tutor viu que Berthe era promissora na pintura, incentivou que ela se dedicasse a isso. Ela então passou a experimentar diversos estilos de pinturas, até se encontrar no Impressionismo. Morisot também foi casada com Eugene Manet, irmão de Edouard Manet, seu amigo e também pintor impressionista.

 

Retratava, principalmente, mulheres em seu cotidiano, realizando atividades do dia a dia, sem sexualizá-las, como faziam a maioria dos pintores, até então. Seu quadro mais famoso é “O Berço”, onde retrata sua irmã Edma ao olhar a pequena filha Blanche; com traços e cores delicadas e, ainda um detalhe que chama bastante atenção: ela conseguiu retratar na pintura a transparência da cortina do berço.


O Berço por Berthe Morisot (Foto: Reprodução/ Pintura a Óleo)

Em frente ao espelho por Berthe Morisot (Foto: Reprodução/ Santhatela)
 

4. MARY CASSATT

 

Pertencente ao mesmo movimento de Berthe Morisot, Mary Cassatt foi uma pintora estadunidense, que também retratava mulheres em seu dia a dia e muitas vezes suas pinturas são confundidas com as de Berthe. Porém, a arte de Mary era mais voltada para momentos entre mães e filhos. 

 

Nascida no ano de 1844, veio de uma família de classe média alta do estado da Pennsylvania. Seguindo o padrão das mulheres do seu tempo, sua educação contou com aulas de habilidades domésticas, bordado, música, desenho e pintura. Na década de 1850, se mudou com a família para Paris, onde pode estudar pintura mais profundamente, mesmo seu pai não apoiando a sua carreira de artista. Nos anos 1870, ingressou no movimento impressionista, retratando momentos especiais entre mães e filhos, pois era fascinada por esse vínculo familiar.


O banho da criança por Mary Cassatt (Foto: Reprodução/ História da Arte)
 

5. FRIDA KAHLO

 

Não dá para falar em mulheres pintoras e não citar Frida Kahlo. Pintora vanguardista mexicana e revolucionária, que dispensa grandes apresentações. Nascida em 1907, Frida sonhava em cursar medicina, mas aos 18 anos sofreu um terrível acidente que quase ocasionou sua morte, tornando necessário que ela realizasse diversas cirurgias que a deixaram debilitada, tendo que passar meses na cama. Seu pai então, adaptou um cavalete para a cama de Frida, onde ela começou a desenhar e pintar. 


Sem Esperança por Frida Kahlo (Foto: Reprodução/ Museo Dolores Olmedo)
 

Ao ingressar no Partido comunista, em 1928, Frida Kahlo conheceu o também pintor muralista Diego Rivera, com quem se casou e viveu um relacionamento intenso e conturbado até a sua morte. Inclusive, Kahlo chegou a ter um caso com Leon Trotsky, quando ela o abrigou em casa enquanto estava foragido da Rússia. Uma das grandes infelicidades da vida da artista era sua impossibilidade de ter filhos, devido ao acidente que sofreu na juventude, que lhe causou uma perfuração no útero, e mesmo ela tendo engravidado diversas vezes, não conseguia levar a gestação até o fim, pois sofria abortos espontâneos. Diversas das suas obras expressam essa sua dor.

 

Sua obra abordava seus conflitos pessoais, era uma maneira de expressar seus pensamentos e reflexões sobre sua própria vida, notável pela sua enorme coleção de autorretratos “Pinto à mim mesma porque sou sozinha, e porque sou o assunto que conheço melhor”. Dentro de seu estilo surrealista, Frida expunha seus sofrimentos gerados pelo acidente, os abortos, o casamento e os momentos de repouso obrigatório e imobilização. Além de, por vezes, incluir elementos folclóricos mexicanos nas pinturas.


Hospital Henry Ford por Frida Kahlo (Foto: Reprodução/ Estadão)
 

6. ANITA MALFATTI

 

Anita Malfatti, foi uma pintora brasileira, nascida em 1889, influenciada a pintar por sua mãe, Bety Malfatti. Fez parte da vanguarda artística brasileira, tendo importante participação na Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo. Estudou artes na Alemanha de 1910 a 1913. De volta ao Brasil, teve sua primeira exposição individual em 1914, para arrecadar dinheiro para voltar para a Europa, o que acabou não dando certo, porém ela conseguiu ajuda para passar uma temporada nos Estados Unidos, entre 1915 e 1917. 


O Farol por Anita Malfatti (Foto: Reprodução/ História das Artes)
 

A princípio, a arte de Anita não foi bem recebida no Brasil, assim como de outros artistas modernistas, pois representava um conceito de arte totalmente diferente do que já era conhecido e levou um tempo para que a nova estética da arte, vinda da europa fosse aceita. A sua segunda exposição individual no Brasil, em 1917, trouxe críticas negativas sobre sua arte, mas hoje é tida como um marco inicial do movimento Modernista no Brasil.

 

Seu estilo de pintura se distancia do realismo, modificando traços e formas, adicionando cores, pinceladas fortes e visíveis, fortemente influenciado pelo expressionismo alemão. Suas pinturas também davam um grande destaque para as expressões faciais e retratavam temas pessoais e do cotidiano da sociedade da época.

 

Uma curiosidade sobre Malfatti é que ela nasceu com uma atrofia no braço direito, que a impedia de realizar algumas atividades com ele. Por isso, ela aprendeu a pintar com a mão esquerda.


Interior de Mônaco por Anita Malfatti (Foto: Reprodução/ Enciclopédia Itaú Cultural)
 

7. MARIA AUXILIADORA

Por último, mas não menos importante, temos outra figura importantíssima no cenário das artes no Brasil: Maria Auxiliadora da Silva. Mineira, nascida em 1935, a artista autodidata é reconhecida internacionalmente, pois costumava retratar temas típicos brasileiros. Aos 3 anos de idade, se mudou com a família para São Paulo. Neta de escrava e filha de uma humilde bordadeira, que ainda atuava como dona de casa, pintora, escultora e trabalhadora braçal da estrada de ferro Oeste Minas, Maria, desde criança apresentava uma tendência para as artes, como quando tingia os fios que a mãe utilizava para bordar, ou quando, aos 11 anos de idade, começou a desenhar figuras com carvão em muros. 

 

Em 1967, Auxiliadora decidiu dedicar-se integralmente à pintura. Ela jamais estudou arte formalmente, mas isso não a impediu de explorar inúmeras possibilidades de técnicas e materiais que teve à sua disposição ao longo da vida. Do carvão, foi para o lápis, do lápis partiu para a tinta guache e depois começou a usar tinta a óleo.
 

“No fim desse ano eu comecei a fazer relevo com cabelo. Primeiro usando o próprio óleo para fixar, porque nessa época eu não conhecia ainda a massa da Wanda. Pegava a tinta bem grossa e imprimia o cabelo no meio da tinta. Eu pegava cabelo natural, muitas vezes o meu mesmo, pois muitas vezes eu pinto crioulos. Tive essa idéia quando estava pintando um quadro grande de candomblé, em 1968.” Afirmou Maria Auxiliadora, em 1972.

 

Sua temática tinha forte relação com a cultura afrobrasileira, representando muitas vezes ícones do candomblé ou temas relacionados ao samba. Outra característica marcante que possuía eram as fortes cores de tinta acrílica que utilizava e destacava determinadas partes do corpo humano ou das paisagens.


Festa Junina II por Maria Auxiliadora (Foto:Reprodução/ Revista Época)

 

Em 1968, seu irmão João Cândido, que também era pintor, outros membros da sua família e ela se juntaram ao grupo liderado pelo músico, teatrólogo e poeta negro Solano Trindade, no Embu das Artes, em São Paulo, onde havia sido formado um centro de artesanato, focado na cultura de origem africana. Porém, no início dos anos 70, por estar descontente com a situação no Embu, retornou para a cidade de São Paulo, onde passou a expor seus trabalhos na Praça da República. Entretanto, foi apresentada ao cônsul dos Estados Unidos Alan Fisher que gostou do seu trabalho e organizou uma exposição da artista na Biblioteca do Consulado Americano. 

No entanto, somente após a morte que sua arte teve o devido reconhecimento, principalmente na Europa. A crítica internacional se fascinou com a maneira com que Maria trabalhava as cores e os elementos culturais brasileiros, também com a maneira que ela imprimia nas telas a realidade do contexto em que vivia. Houveram algumas exposições de homenagem póstuma na Itália, França e Alemanha, como também no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) e no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

Obra sem título pintada em 1971 por Maria Auxiliadora (Foto: Reprodução/ MutualArt)

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