Dentre os temas mais contemporâneos da sociedade, está a questão de como os seres humanos se relacionam entre si. De um lado, temos a monogamia, forma mais frequente de relacionamento humano que se baseia na exclusividade. E de outro, a poligamia, representado mais pelo meio jovem, onde relacionamentos abertos e se envolver com multiplas pessoas fazem parte do estilo de vida. Assim é um dos principais temas abordado pela série Brave New World, produção original Peacock.
A série é uma adaptação da clássica obra do Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo. Sua história se passa em um mundo utópico, onde sentimentos negativos são reprimidos, através da pílula chamada soma, monogamia é enojada e privacidade é inexistente. Aqui, a sociedade é futurística. Os seres humanos são geneticamente modificados e condicionados às suas respectivas funções na sociedade de castas. Eles são divididos em alfa, alfa plus, beta e assim em diante. Todos os indivíduos são obrigados a pensar na coletividade, o chamado ‘’corpo social’’, assim, não há espaço para ações individualistas.
A produção tem várias divergências em relação à obra original. Inicialmente, os personagens são mantidos e suas motivações também. Mas com o avançar da história, a série toma rumos diferentes, os quais o livro não se aprofundou. Enquanto Aldous Huxley se preocupou, em sua obra, apresentar o universo e as diferenças entre os selvagens e os poligâmicos. A série foca sua trama em aprofundar as razões do porque viver daquela forma e no despertar para um comportamento fora do padronizado na sociedade da nova Londres.
Os selvagens, assim como são chamados pelos demais, são as pessoas que mantém o estilo de vida monogâmico. Vivendo afastados do resto da sociedade, eles conservam os sentimentos primitivo da humanidade. Amor, inveja, raiva e ódio são cultivados e logo, podemos fazer um comparativo com o nosso jeito de viver. Por ainda manterem essas emoções são vistos como exóticos e criaturas fascinantes.
Enquanto isso, tem-se os habitantes da nova Londres, os poligâmicos. Vivendo em uma sociedade altamente tecnológica, eles rejeitam todas as emoções negativas que podem corromper a estabilidade social. Aliás, nesta sociedade, todos vivem em prol do coletivo, ou seja, todo mundo pertence a todos. Neste sentido, privacidade deve ser evitada, pois é considerado um valor individualista e logo afronta a estabilidade do corpo social.
O estilo de vida desses dois grupos sociais são muito distintos. Sabendo disso, a série busca explorar as disparidades, levando os personagens a um choque cultural. Questionar e experimentar são ações que movem a trama da produção, e com eles, críticas sociais e reflexões vem em conjunto, promovendo um debate intrigante sobre as formas de relacionar do ser humano, tanto na parte amorosa quanto na questão do convívio social.
REFERÊNCIAS
MARTINS, Fernando. Privacidade e monogamia são questionadas em “Brave New World”. Disponível em: <https://www.folhape.com.br/colunistas/uma-serie-de-coisas/privacidade-e-monogamia-sao-questionadas-em-brave-new-world/19905/>. Acessado em: 23 de agosto de 2020.