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09/10/2020 às 14h00min - Atualizada em 09/10/2020 às 14h02min

Pata Pata: sucesso dos anos 60 é reinventado para levar mensagem de prevenção

A nova versão, que alerta contra a Covid, ganhou projeção em diversos países

Por Tatiane Sampaio - Editado por Alinne Morais
UNICEF - Miriam Makeba e Angelique Kdjobi
Este ano o Brasil registra 35 anos do fim da ditadura militar (1964-1985) e, apesar desse período triste que a sociedade brasileira vivenciou, muitas melodias nacionais e internacionais deixaram os dias mais alegres. Entre elas, a marcante “Pata Pata”, gravada na época pela saudosa cantora sul-africana Miriam Makeba, em 1967.

Contudo, mais uma vez os brasileiros e toda população mundial passam por dias difíceis devido à pandemia do coronavirus, doença infecciosa que desafia os cientistas a correr contra o tempo em busca da fabricação de uma vacina eficaz. Em razão desse cenário, o diretor de comunicação do UNICEF (África), James Elder, teve a idéia de lançar a versão adaptada de “Pata Pata”, cujo objetivo inicial era levar mensagem para população africana que não tem acesso às informações sob o vírus no modo online, por exemplo.

Para James, tudo aconteceu conforme esperado, uma vez que a Fundação Miriam Makeba concedeu-lhes o direito de relançar a icônica música. “Essa positividade nos atraiu. Em meio às notícias terríveis em torno da Covid-19, queríamos trazer alguma esperança e alegria. E estamos muito satisfeitos em ver que isso ressoou no nosso público”, explica.

Interpretada pela cantora e embaixadora da Boa Vontade do UNICEF, Angelique Kdjobi, a melodia dançante agora tem frases como “mantenha distancia”, “lavar as mãos” e “não toque no rosto”. Ou seja, ao invés de cantar “Pata Pata”, que significa “Toque Toque”, passou a “Não toque”, ilustrando as recomendações impostas pelas autoridades da saúde.

A música adaptada foi anunciada pela UNICEF há quatro meses e tocada em mais de 50 estações de rádio em toda a África. Consequentemente, a aceitação do púbico foi tão positiva, que os organizadores solicitaram às pessoas que enviassem seus vídeos dançando a música, sendo alguns escolhidos a participar do videoclipe oficial de Angelique. Veja abaixo o resultado:




Além disso, a repercussão ganhou destaque em importantes veículos de comunicação, como BBC, CNN, e outros, além de museus da Suécia, Spotify e iTunes. Após o lançamento global, o vídeo teve mais de 100 milhões de visualizações.

Em entrevista, Angelique menciona que “todos nós sabemos o que precisa ser feito, mas também sabemos o quanto as comunidades estão sofrendo. “Pata Pata” sempre esteve presente para as pessoas em momentos de luta. Espero que ajude mais uma vez, e que dos nossos espaços confinados possamos dançar mais uma vez”.
 
Eterna: “Pata Pata”, da África para o mundo

Assinada por Miriam Makeba e Jerry Ragavoy, a composição original foi divulgada na África do Sul pelo grupo de garotas Skylarks, em 1959. Porém, somente em 1967 que o ritmo despontou, e até hoje não há registros de outra melodia ter o grande reconhecimento alcançado por “Pata Pata”, que já foi descrita como música mais feliz do mundo.

Inclusive no Brasil, os cantores Wilson Simonal e Maria Waldelurdes Costa de Santana Dutilleux, a Daúde, regravaram a canção, além de outros artistas prestarem homenagem à cantora e a invenção de algumas paródias.

De fato, o movimento de “Pata Pata” é contagiante, fazendo qualquer pessoa sair dançando e elevar o ânimo. Entretanto, ao contrário do povo africano, alguns brasileiros até inventaram canções alegres durante a quarentena para amenizar as dificuldades causadas pelo coronavirus, mas em pesquisa realizada pela DeltaFolha, o Brasil foi classificado como o país que mais passou a escutar músicas tristes nesse período, levando em consideração as 200 canções mais tocadas do Spotify.




Zenzile Miriam Makeba nasceu em 4 de março de 1932, na cidade de Johanesburgo (África). Começou sua carreira muito cedo, cantando na escola, em festas e casamentos. Carinhosamente foi batizada e eternizada pelos africanos como “Mama África”, já que participava ativamente no combate ao racismo, da luta pelos direitos humanos e Apartheid de seu país.



Durante a carreira, Miriam conquistou alguns prêmios, mas, em 1966, foi a primeira africana a receber o Grammy pelo álbum folk, juntamente com Harry Belafonte “An evening with Belafonte/Makeba”. A artista morreu no início de novembro de 2008, aos 76 anos, depois de sofrer uma parada cardíaca logo após o fim de um show em apoio ao escritor e jornalista Roberto Saviano, ameaçado de morte pela máfia italiana devido a publicação de seu livro Gamorra.

Dados da Covid-19 na África

Atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos confirmados da doença no mundo chega a 33.249.563 e mais de 1 milhão de mortes. No Brasil, são 477.522 casos confirmados e 142.921 mortes. Já na África, o total é 1.187.269 contágios e 25.984 mortes.(Dados coletados 28 de setembro).

Conforme James Elder, a maioria dos governos tem capacidade limitada para fornecer pacotes de estímulos significativos para fornecer assistência social e lidar com a emergência de saúde. Com isso, as conseqüências do vírus na África são piores em relação a outros continentes, porque prejudica especialmente famílias de baixa renda que enfrenta problemas que se estendem há muito tempo, desde serviços básicos de saúde à economia.

“O efeito da Covid-19 para crianças na África do Sul vai muito além da própria doença viral. Os países africanos já enfrentavam muitas crises diferentes, incluindo ciclones, secas, enxames de gafanhotos, conflitos, crises econômicas etc. Estamos vendo um aumento nas taxas de mortalidade entre crianças menores de cinco anos e aumento nas taxas de mortalidade materna devido ao estresse no sistema de saúde e, conseqüentemente a falta de acesso a serviços pré-natais básicos”, finaliza.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
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