Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
03/02/2021 às 01h43min - Atualizada em 03/02/2021 às 01h21min

Jon Favreau: uma trajetória de ascensão

Como um coadjuvante se tornou um dos nomes mais importantes da cultura Pop nos últimos anos

Jonathan Rosa - Editado por Fernanda Simplicio
Diretor e produtor Jon Favreau. (Foto: Reprodução/ Kevin Mazur / Wireimage Getty Images)

Hoje em dia praticamente qualquer fã de cinema já ouviu falar no Jon Favreau e conhece seu rosto, principalmente nós nerds. Nos últimos anos o ator, diretor e produtor vem ganhando seu merecido espaço entre os grandes nomes de hollywood, e já é considerado uma peça fundamental dentro do universo criativo da gigante Disney.
 
Mas antes de colher bilheterias gigantescas, dirigir os live-actions do "Rei Leão" e "Mogli, o Menino Lobo", ou dar o ponta pé inicial no Universo cinematográfico Marvel (UCM), com os filmes "Homem de Ferro", "Homem de Ferro 2" e "Vingadores", Jonathan Kolia Favreau foi o Pete Becker, o namorado playboy de Monica, na série "Friends". Além disso, fazia pontas como ator e roteirista de pequenas comédias como "Swingers: Curtindo a Noite" (1996) e "Crime Desorganizado" (2001).
 
Até que em 2003, Jon recebeu uma o desafio de dirigir um filme de Natalino chamado de “Um duende em Nova York” (ou simplesmente Elf, no original), que deu a oportunidade de o jovem diretor mostrar seu valor, já que ele foi um dos grandes responsáveis por tornar o longa um sucesso. Elf, recebeu o apertado orçamento de 33 milhões de dólares, e arrecadou mais de 220 milhões ao redor do mundo.


Porém o cineasta nunca deixou de lado as outras funções da sétima arte, e entre roteiros, produções, e atuações Jon participou de um filme do universo Marvel 2003, isso seis anos antes da Disney absorver o estúdio por US$ 4 bilhões. O filme "Demolidor – O Homem sem Medo" (Deredevil) trouxe Favreau como Franklin "Foggy" Nelson, o melhor amigo de Matthew Murdock.
 
Nesse contexto seu papel não teve muito destaque, (até porque o filme não foi lá essas coisas), mas fez com que o nome de Jon continuasse circulando no meio. Alguns anos mais tarde, a Marvel procurava um diretor para o primeiro filme do Homem de Ferro nos cinemas, foi então que o produtor Avi Arad, que tinha trabalhado com Favreau em Deredevil, indicou o nome do promissor diretor para assumir o ambicioso projeto.

E como todos nós sabemos hoje, o filme que reapresentou o gênero de super-heróis nos cinemas foi mais que um sucesso e colocou o nome de Jon Favreau de vez no universo dos blockbusters. Como o diretor havia estado recentemente por trás de “Zathura: Uma Aventura Espacial”, (filme que apesar de não ter ido muito bem nas bilheterias, é querido por muita gente) que mescla ação, aventura e fantasia com pitadas de humor.


Essa experiência foi o combustível para que o produtor e presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, o escolhesse para comandar o primeiro filme de um herói que se autodenominava gênio bilionário, playboy, filantropo e irônico que enfrente os inimigos com uma armadura tecnológica.

Na época a Marvel estava à procura de um diretor que soubesse focar na história. Ser um nome conhecido em Hollywood não era um pré-requisito naquele momento. E Favreau que cresceu lendo revista em quadrinhos e já declarou anteriormente que os jogos de RPG sempre o ensinaram muito sobre roteiro, foi o nome certo para essa missão.

Jon ainda foi o responsável pela escolha de Robert Downey Jr. para viver o protagonista da abertura do MCU. Os executivos da Marvel não tinham tanta certeza se o então problemático ator conseguiria incorporar o Tony Stark que o público precisava, mas o diretor bateu o pé e trouxe Robert para o elenco.


Ninguém acreditava em nós. O que era sucesso na época era o Batman [de Christopher Nolan]. Estávamos na sombra disso tudo, o que foi bom para nós. E demos sorte que Robert Downey Jr. não era tão caro na época", declarou Favreau tempos depois do sucesso do longa.

A confiança no cineasta de Downey era o nome certo para o papel levou à escalação do astro, que se transformou em um dos símbolos da Marvel Studios, e reconstruiu sua carreira que estava a anos abalada por problemas pessoais. Hoje o ator é um dos mais bem pagos de Hollywood, e muito disso graças a Favreau.

Kevin Feige disse certa vez que até mesmo o formato burocrático que eles costumavam trabalhar também foi modificado com a chegada de Favreau, que preferia conversar a ter que ler centenas de papéis e trocas de e-mails. O Manda-Chuva da Marvel Studios ainda revelou em 2017 que o cineasta, muitas vezes, não recebeu os créditos necessários pelo que fez pelo MCU.


Homem de Ferro arrecadou quase 600 milhões de dólares, quatro vezes mais do que custou para os cofres da Disney, e ditou o ritmo de praticamente todos os filmes do estúdio, juntando ótimas cenas cômicas a efeitos visuais certeiros a momentos de ação impressionantes. E o mais importante, com bases fiéis aos quadrinhos conectando todos os filmes.

Após o sucesso de Homem de Ferro, Jon Favreau foi escalado para ser produtor executivo de todos os filmes dos Vingadores, trabalhando em conjunto nos últimos anos com os irmãos Joe e Anthony Russo.
 
O cineasta começou a ficar tão requisitado dentre da Disney que chegou a trabalhar ao mesmo tempo em O Rei Leão, Homem-Aranha: Longe de Casa e Star Wars, isso tudo sem deixar de fazer uma pontinha aqui, outra ali. Mas isso não é egoísmo, já além de seu próprio espaço, Favreau ainda abriu caminho para que a Marvel começasse a apostar em outros diretores pouco experientes para contar suas histórias, como James Gunn (Guardiões da Galáxia), Ryan Coogler (Pantera Negra) e a dupla Anna Boden e Ryan Fleck (Capitã Marvel).


Favreau chegou à Marvel Studios como uma promessa e se tornou um nome de confiança da Disney depois ter arrecadado quase 1 bilhão de dólares com o live-action de Mogli - O Menino Lobo em 2016. Usando a mesma tecnologia que Avatar (2009), Favreau recontou a história do menino criado por animais no meio da selva. Mais uma vez o cineasta estava envolvido em algo que iria mudar a indústria, já que o filme serviu para plantar a ideia de que remakes do estúdio poderiam ser viáveis comercialmente, e desde então veio a enxurrada de live-actions da Disney.


 
O próprio Jon continuou nesse caminho atualizando o formato da animação e com novas ideias para definir o rumo de como efeitos especiais poderiam conversar com a sétima arte em O Rei Leão, e lá foi ele levar mais 1,657 bilhões para toca do Mickey. E fez isso enquanto ainda trabalhava nos Vingadores e fazia por fora o filme Chef, só para dar um retorno às origens com uma comédia de baixo orçamento.
 
Favreau foi uma espécie de condutor de uma equipe gigantesca que trabalhou em cada take de O Rei Leão, bolando até um game em realidade virtual para que o elenco entendesse como incorporar na voz os animalescos personagens.
 
“Essa foi uma das grandes diferenças entre O Rei Leão e Mogli. Em Mogli, nós usamos roupas de captação de movimento que tinham sido desenvolvidas dez anos atrás para Avatar. Mas no final do filme, já tinha um mercado aquecido dos VR (realidade virtual), disse o diretor. Já o filme do Simba é inteiramente é digital, não há nada real no que você vê na tela de cinema.

E como o homem não para, em 2019 desenvolveu mais uma maravilha cósmica para Disney, The Mandalorian, a primeira série em live-action do universo Star Wars, foi lançado pelo novo serviço de streaming da empresa o Disney Plus. Favreau assina não só a criação do projeto como também a produção executiva.


Em seu primeiro ano de exibição a série espacial se provou um sucesso imediato, com diversos recordes e o ícone Baby Yoda, a série conquistou o primeiro Emmy de melhores efeitos especiais, primeiro do serviço de streaming da Disney.
 
Com tantos acertos na conta Jon Favreau tem ficado cada vez mais importante para a cultura popular e admirado pelos fãs. E para a nossa sorte o cineasta está com apenas 54 anos e muita disposição, portanto seus próximos projetos podem colocá-lo em um patamar ainda mais significativo dentro de Hollywood, muito distante do seu começo tímido nas comédias independentes.

 

REFERÊNCIAS:   
Documentário - Filmes que marcaram Época. NETFLIX. 01 de dez. de 2020. Disponível em: <https://www.netflix.com/title/81337235?s=a&trkid=13747225&t=cp> Acesso em: 20 de janeiro de 2021.

Perfil do Jon Favreau no IMDb. 
IMDb. Disponível em: <https://www.imdb.com/name/nm0269463/?ref_=fn_al_nm_1> Acesso em: 20 de janeiro de 2021.

VICENTINI, R. Um Leão na casa do Mickey. UOL ENTRETÊ. 2019. Disponível em: <https://entretenimento.uol.com.br/reportagens-especiais/jon-favreau-o-braco-direito-da-disney/#cover> Acesso em: 20 de janeiro de 2021.

Depois da Marvel, Jon Favreau vai dominar Star Wars! CINEMA COM RAPADURA. 22 de mar. de 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_DFmeaT57lw&feature=youtu.be> Acesso em: 20 de janeiro de 2021.


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »