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05/04/2021 às 17h52min - Atualizada em 05/04/2021 às 16h57min

Casos de discriminação na literatura infantil

Livros infantis são retirados de circulação ou reformulados, por conta de conteúdos racistas e discriminatórios

Samantha Filócromo - revisado por Jonathan Rosa
Livros do autor Dr. Seuss são retirados de circulação devido a 'imagens racistas e insensíveis'. (Foto: Reproduçãooto/ Christopher Dolan/The Times-Tribune via AP)

No dia 30 de março de 2021 o autor de “Capitão Cueca”, Dav Pilkey retirou um dos seus livros de circulação, por ser considerado racista. “As aventuras de Ook e Gluk: Mestres do Kung Fu Primitivos do Futuro”, foi lançado em 2010 e agora teve seus exemplares retirados das prateleiras, por conter imagens consideradas racistas, não intencionais no HQ. A editora juntamente com o autor, tomaram essa decisão depois de uma reclamação do leitor Billy Kim, coreano-americano que exigiu desculpas da editora após pegar o livro emprestado em uma biblioteca.

Kim alega que o livro possui imagens de personagens asiáticos com traços no lugar dos olhos e uso de provérbios chineses estereotipados. Além disso na história o mestre de Kung Fu é resgatado por protagonistas não asiáticos.

Percebi que o livro se baseava em múltiplas instâncias de imagens racistas e tropos estereotipados”, escreveu ele em uma mensagem que acompanha a petição feita
 Change.org exigindo um pedido de desculpas da editora Scholastic.

E esse não foi o único caso deste tipo, outros títulos foram avaliados como preconceituosos, e tiveram vendas suspensas. Como um dos clássicos americanos do escritor já falecido Theodor Geisel, mais conhecido como Dr. Seuss, autor de “O Grinch”, que após ter suas obras analisadas por especialistas, teve seis livros retirados de circulação, entre eles “E Pensar que eu vi na rua Mulberry” e Burberry “If I Ran the Zoo”, por conta de ter imagens consideradas insensíveis e racistas. Os Estados Unidos têm outras diversas acusações contra clássicos racistas, como os do Elefante Babar, os do macaco Jorge o Curioso, e os quadrinhos de Tintin.

No Brasil o debate sobre racismo em livros infantis não fica de fora, como é o caso das adaptações feitas em livros do escritor Monteiro Lobato. Na obra "Reinações de Narizinho", publicado em 1931 e que
 trouxe muitos reflexos de sua época nas páginas, como a descrição da personagem Tia Nastácia como uma “negra de estimação”. Por conta de frases como essa, a obra terá uma nova adaptação.

Cleo Monteiro Lobato, bisneta do autor, está por trás da adaptação "A Menina do Narizinho Arrebitado". Ela disse em uma entrevista para revista Veja, que concorda que as passagens do livro de seu bisavô são problemáticas para quem lê atualmente. “A gente queria uma versão atualizada, cujo teor fosse compatível com os valores sociais contemporâneos, mas que mantivesse o estilo do Lobato", diz Cleo. A nova edição nomeada como: "Narizinho Arrebitado: Reinações de Narizinho Livro 1" será  ilustrada por Rafael Sam, e o texto atualizado e contextualizado por Cleo Monteiro Lobato.

Monteiro Lobato, Dav Pilkey e Dr Seuss certamente não serão os únicos a terem títulos suspensos ou reformulações. Pois hoje a sociedade está cada vez mais atenta a preconceitos velados ou escondido nas entrelinhas dos livros, e do mundo como um todo. As coisas mudaram e é natural que a literária mude também.


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