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11/04/2021 às 22h06min - Atualizada em 11/04/2021 às 21h47min

Aline Maia: uma estrela além do tempo

Enfrentando as barreiras impostas pelas sociedade, a jornalista e pesquisadora mineira inspira centenas de alunos

Vitória Oliveira - Revisado por Mário Cypriano
Aline Maia divulgando o livro lançado em 2020 - Foto: Tribuna de Minas


No filme "Estrelas Além do Tempo", a história de três mulheres negras que trabalhavam na NASA quando o homem foi enviado a Lua pela primeira vez, em 1969, é contada. Um período onde as leis de Jim Crow regiam o racismo nos Estados Unidos da América e os banheiros eram separados entre pessoas brancas e afrodescendentes. No longa metragem, inclusive, uma cena ilustra uma das personagens percorrendo uma longa distância até achar o banheiro feminino destinado.

 

Uma época onde mulheres incrivelmente capacitadas eram chamadas de “calculadoras”, por ser o cargo máximo que conseguiriam. No mais alto escalão da NASA, a mulher era secretária, e quando conseguia uma promoção pelo esforço, não obtinha acesso às informações completas, às reuniões importantes, trabalhando de forma precária e com uma pesada carga horária.
 

 

Baseado em fatos reais, as pessoas citadas no início desta matéria existiram e enfrentaram boa parte do que foi mostrado no filme até conquistarem seu lugar. Mas não é necessário voltar no tempo e nem ir tão longe para falar sobre a situação descrita. No sudeste de Minas Gerais, encontramos Aline Maia, coordenadora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Estácio Juiz de Fora, jornalista, professora e pesquisadora. Também foi professora de Jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

 

De origem humilde, passou a infância e juventude no bairro Sagrado Coração, periferia da cidade de Juiz de Fora, onde sua mãe ainda mora. Aline conta que esses anos foram essenciais, pois foi neste local que sua humanidade foi construída, cultivando amigos e amigas até hoje. Com o incentivo dos pais, a jovem periférica foi bolsista do Colégio Machado Sobrinho, da quinta série até o terceiro ano do ensino médio, trabalhando desde os 14 anos, nos meses de dezembro e janeiro para pagar a matrícula no início do ano.

Aline foi a primeira de sua família a ingressar num curso superior. C
ogitou graduar-se em Direito, mas identificou-se com o Jornalismo. Ainda na faculdade, foi bolsista na Rádio Universitária, enquanto trabalhava na televisão. Ao se formar, seguiu para o telejornalismo, o qual atuou por sete anos. Depois, começou a fazer alguns trabalhos esporádicos até o ano passado na Rádio Itatiaia.
 

 

“A sensação é que é preciso fazer sempre mais, estudar mais, se esforçar mais, estar a frente, se dedicar mais para conseguir, pra conquistar aquilo que a gente almeja”, afirma. Uma das conquistas citadas foi a bolsa para cursar o doutorado em Nova Orleans, Estados Unidos.


A pesquisadora ainda diz que passou por muitos desafios impostos pela sociedade por conta da raça e do local onde nasceu. Apesar das dificuldades, encontrou amigos e amigas que a apoiaram, o que a transformou em uma pessoa sempre disposta a ajudar e apoiar alguém.

 

Foi pelo amor ao próximo e à prática do jornalismo que decidiu levar o aprendizado para as salas de aula. A rotina de redigir, produzir e editar também se encaixa no dia a dia da professora. Sobre o gosto pela pesquisa, os temas escolhidos dizem muito sobre a sua trajetória: periferia, juventude preta e cultura, assuntos que se conectam com as suas vivências.

No ano passado, Aline publicou um livro, resultado da tese de doutorado. "Rabisca e Publica" discute as estratégias de visibilidade social midiática para jovens pretos e oriundos de favelas do Rio de Janeiro e de Nova Orleans (EUA). A pesquisadora passou cerca de um ano observando as duas cidades.

 

  

“Há jovens que olham para frente e veem uma caminhada árdua para realizar seus sonhos. Eu digo para não desistir. Desistir não é opção para a gente. É seguir adiante com ética, com humildade, com respeito ao próximo e buscando nosso melhor caminho, buscando a nossa melhor história.”

Aline Maia

 
 

 
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