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21/04/2021 às 18h24min - Atualizada em 21/04/2021 às 18h12min

"Invencível" e a onda de subversão no gênero de super-heróis

A animação é fruto de uma abordagem que alimenta mudanças no gênero clássico de heróis

Lucas Lima - editado por Larissa Nunes
Amazon/ Divulgação
Ultimamente cresceu uma tendência de construir no gênero de super-heróis uma abordagem mais adulta e humana. É uma subversão no gênero clássico que foi bastante impulsionada recentemente com a série "The Boys" do Prime Vídeo
 

"Invencível" acaba surfando nessa mesma onda. Baseado na HQ de mesmo nome, Robert Kirkman, criador de "The Walking Dead", foi o responsável por trazer a animação a vida. Kirkman conta a história de Mark Grayson, um jovem de 17 anos, filho de um super-herói análogo a uma espécie de super-homem. "Invencível" inicia-se quando Mark finalmente descobre seus poderes e se torna o herói que dá nome a animação recém lançada no Prime Video.

 

Na série, o universo de super-heróis como conhecemos é subvertido. Há o uso de diversos elementos, clássicos do gênero, como super poderes, presença de supervilões e alienígenas. Porém, a dinâmica de construção de narrativa é modificada, contendo cenas de violência, mortes de personagens importantes e as ações de cada um resultando em consequências avassaladoras.


Apesar da popularização recente da subversão dos arquétipos de super-heróis, ela não é novidade. "Watchmen", HQ dos anos 80, inaugurou esse formato de desconstruir o clássico ao trazer o lado psicológico do poder absoluto e seus efeitos no social. Recentemente, "The Boys" aparece com uma visão niilista, destacando a amoral humana no universo de heróis e como o lado sombrio desses personagens se manifesta por trás das câmeras. 

 

DC e Marvel se empenharam por muitos anos em manter um padrão no gênero. Personagens endeusados, com conduta moral incorruptível e sempre salvando o dia, são algumas das características que se esperam dentro dos seus universos. Porém, deixadas levar pela tendência do momento, até essas produtoras tem submetido seus heróis ao processo de desconstrução. 

 

A Marvel, por exemplo, tem se concentrado em revelar o que move seus personagens de forma ‘‘realista’’ quando não estão salvando o planeta. "Wandavision" foi um produto desse esforço em tentar humanizar seus heróis, trazendo a questão do luto como elo a nossa realidade. 

 

"Invencível" dá uma passo além, porque é ambientado em um mundo colorido com personagens de trajes extravagantes, mas com uma carga de violência robusta. É uma mistura de DC e Marvel. A animação é embalada em um produto simples que beira com o clássico - as vezes -, mas que espanta quando as cenas sangrentas aparecem.



 

Na trama acompanhamos a trajetória moral de Mark Grayson em descobrir seus poderes perante ao mundo caótico com supervilões e dilemas pessoais a serem enfrentados. A imagem de super-herói é amplificada quando o personagem lida com a perplexidade do universo que destaca ‘‘com grandes poderes, vem grandes responsabilidades’’, trazendo os custos de exercer essas responsabilidades quando opta-se pela violência. 

 

O dilema moral que resulta na trajetória do herói é um enfoque banal no gênero. Porém, sua subversão se dá quando ele vem somado a algo que quebra a expectativa e geralmente, este rompimento está relacionado a algo da natureza humana; como ela se desenrola até mesmo em seres super poderosos.


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