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20/06/2021 às 19h43min - Atualizada em 17/06/2021 às 10h17min

Além da estética: o significado da maquiagem para os homens

A maquiagem se tornou uma forma de representatividade e expressão artística nos últimos anos, em especial entre homens da comunidade LGBTQIA+

Kethilyn Mieza - revisado por Jonathan Rosa
Maquiagem artística produzida por Mário Duarte. (Foto: Reprodução/ @mariinhoduarte/ Instagram)

Os primeiros registros de maquiagem apontam que desde a pré-história, as pessoas pintavam seus rostos e corpos com produtos naturais, com o intuito de se diferenciar de outros grupos. Porém foi no Antigo Egito que as pinturas começaram a se desenvolver, quando homens e mulheres passaram a utilizar mineral Kohl (um pigmento preto), para contornar os olhos, acreditando que isso protegeria das maldições do deus Sol.

Nos últimos anos a maquiagem, que sempre foi um cosmético muito utilizado, se tornou uma grande fonte de conteúdos nas redes sociais, em especial no Instagram. São milhares de maquiadores que expõem os trabalhos na internet, seja a maquiagem clássica para ir a uma festa ou até mesmo as maquiagens artísticas, que vem tomando ainda mais espaço entre os amantes desse conceito. Até pouco tempo atrás, era difícil encontrar homens maquiados na rede, e isso se dá desde o momento em que a sociedade passou a ver a maquiagem como um produto exclusivo para as mulheres.

Felizmente, com o boom dos challenges e produções para as redes sociais, os homens começaram a se mostrar mais presentes no mundo das maquiagens, e isso vai além da parte estética. Para alguns as produções agem como uma forma de representatividade e expressão artística. Vitor Branco é um dos homens que foram impactados pela maquiagem nas redes sociais, aos 16 anos é maquiador, dançarino e drag queen. Começou a expor seu trabalho por um challenge postado em seu perfil, o que trouxe motivação para que produzisse ainda mais.

Como um homem gay e preto, Vitor conta que a maquiagem é uma arte muito presente em sua vida, como forma de lutar contra o preconceito. E tem como referência as drag queens da série “Rupaul 's Drag Race”, muito conhecida por seus episódios marcantes, além da cantora Glória Groove e a modelo Bianca Dellafancy. O maquiador conta que começou com o processo de automaquiagem e a partir disso passou a atender clientes à domicílio.

Mario Duarte também é maquiador e publica seus trabalhos em seu perfil no Instagram. Ele relata que começou a se interessar por maquiagem quando tinha 18 anos, e trabalhava com esses produtos em uma perfumaria. Quando Mario começou a maquiar ainda não existiam muitas referências na área, então se inspirava nos profissionais que conheceu onde trabalhava e em salões de beleza.

O maquiador diz que sua área tem funções muito amplas, para ele, essa arte vai além de seu trabalho, é uma forma de expressar seus sentimentos, aumentar a autoestima de outras pessoas e ainda levar entretenimento através dos vídeos que produz. Já que hoje muitas pessoas têm a possibilidade de aprender por meio desses conteúdos. Mario também fala sobre a maquiagem ser uma forma de representatividade e militância para a comunidade LGBTQIA+, e diz que ações como postar story maquiado, falar de maquiagem ou fechar parceria com marcas famosas já é uma grande representação para os homens maquiadores.

A representação das cores na maquiagem e na vida

Da mesma forma que as cores tem muito significado para as pessoas da comunidade LGBTQIA+, na maquiagem ela também tem um peso muito expressivo. São as cores que definem a intensidade da produção e, em maquiagens artísticas elas estão presentes para transformar e moldar o trabalho do maquiador. Para Vitor e Mario não é diferente, as cores fazem parte de suas vidas diariamente e tem uma representação especial.

Mario diz que as cores representam aquilo que ele é, e o que sua comunidade e sua profissão representam. “Eu consigo transformar cor em elementos, em maquiagem, em figuras e acredito que muitas pessoas precisam se libertar para poder expandir as cores que tem dentro de si, e não apenas os homens que se maquiam ou pessoas lgbtqia+, mas as pessoas em geral”, relata o maquiador.

Sobre as cores, Vitor diz que elas significam força e defende a ideia de que “Um mundo preto e branco ou sem cores é um mundo com medo, sem compaixão e mais rigoroso”. E assim como a psicologia das cores prova que elas podem mudar o nosso humor, Vitor reforça isso ao lembrar que nos momentos em que está triste opta por usar tons de maquiagem mais neutros, como marrom ou nude. Já quando está alegre é incitado a produzir maquiagens mais artísticas e coloridas, algumas vezes no estilo full face (rosto inteiro), transpassando os sentimentos por meio das paletas de cores .


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