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19/06/2021 às 15h12min - Atualizada em 19/06/2021 às 14h51min

Sweet Tooth: como a ficção pode ser um espelho da realidade

A série inspirada na DC apresenta mais do que um vírus mortal em comum com os últimos anos da vida real

Brenda Fonseca - Editado por Ana Terra

A nova queridinha da Netflix, “Sweet Tooth” traz a história do mundo, depois de um vírus popularmente conhecido como “flagelo” instaurar o caos e o surgimento dos híbridos. O mundo de Sweet Tooth não é o mesmo que nós conhecemos, mas temos muitas semelhanças, como por exemplo, os estudos genéticos ao redor do mundo e, claro, o coronavírus. (Mas as semelhanças não param por aí).

Reprodução: Netflix

Reprodução: Netflix

O Flagelo e o Coronavírus

Os personagens de Sweet Tooth, logo de início, são apresentados ao “flagelo”, o vírus mais mortal até então, segundo a imprensa global. Ele é responsável por dizimar boa parte do planeta e fazer surgir uma sociedade caracterizada por pessoas em busca de sobrevivência. 

O futuro distópico não é uma semelhança que estamos presenciando. Em contrapartida, o modo como a série retrata o vírus é tão real quanto o que temos passado desde o primeiro caso de coronavírus, ainda em 2020: o uso de máscaras, lavar bem as mãos, quarentena e distanciamento social. Por vezes, quando novos sintomáticos e enfermos aparecem, como na região que o médico Aditya Signh (Adeel Akhtar) mora, eles queimam casas e até mesmo pessoas, para que novas ondas do flagelo não surjam. A sobrevivência fala mais alto do que os laços criados em sociedade. O que nos faz pensar até onde o medo e a luta pela vida podem nos fazer chegar.

Sweet Tooth colocou, de forma branda, o nosso modo de vida dos últimos anos. Estamos tão acostumados com essa realidade que talvez as cenas, ou falas, tenham passado despercebidas pelo telespectador, mas estavam ali, ditas por um narrador, por um apresentador de TV ou mesmo por um protagonista. 
 

Reprodução: Netflix

Reprodução: Netflix

Autoconhecimento

A jornada de Aimee Eden (Dania Ramirez) se assemelha com a de muitas pessoas durante a quarentena do mundo real. A antiga psicóloga fica enclausurada em seu escritório de psicologia durante muito tempo depois que o caos se instaura. Vemos a passagem do tempo por meio de uma Aimee que deixa seus cabelos longos, um escritório com livros e algumas sujeiras e muitas, muitas, plantas.

Contudo, a transformação vem quando ela é liberta de seu casulo e redescobre um mundo novo, o próprio narrador diz coisas emblemáticas sobre sua jornada e como Aimee tinha uma vida pacata e usou esse tempo para redescobrir sua vida, quem ela era não lhe parecia satisfatório, e, como o próprio narrador chega a mencionar, às vezes o destino espera algo de nós.

Muito se assemelha à jornada de quem esteve enclausurado desde março de 2020, no qual tivemos que redescobrir nossos gostos e adentrar em um mundo que, talvez, não conhecíamos antes: nossa própria cabeça. 
 
Estudos genéticos ao redor do mundo
 
A clonagem da ovelha Dolly trouxe ao mundo, no fim dos anos 1990, uma revolução científica no que diz respeito aos estudos genéticos. Pesquisas posteriores complementaram toda a carga intelectual que podemos ver em Sweet Tooth.
 
Ao final da primeira temporada já conseguimos ver de onde os híbridos (crianças meio humanas e meio animais) surgiram - o laboratório em que a “mãe” do Gus trabalha. Os estudos em tal laboratório talvez também tenham sido a causa do flagelo. E podemos abstrair alguns pensamentos disso.
 
À medida que as pesquisas avançam ao longo dos anos, somos capazes de criar, ou destruir, com uma facilidade quase ficcional. Isso nos faz crer que os híbridos, por exemplo, não parecem algo tão distante do que vivemos hoje em dia.
 
Ao nos depararmos com o drama do Gus ao descobrir que ele foi feito em laboratório, sentimos compaixão com o protagonista, pois ele, apenas uma criança, deparou-se com um dilema ético enorme. 
 
Alguns podem não achar justo ou se sentir confortável com a ideia de Gus ser produto de um estudo genético, e como isso poderia ser impactante na nossa realidade: como seria ser produto de pesquisas científicas?
 
Sweet Tooth traz para o público diversos questionamentos sobre o mundo e o curso que está tomando, o que nos trouxe até aqui, como nós lidamos com esse espaço e o que fazemos para sobreviver nele.

 

Referências:
BOHRER, Elis. Impossível não comparar série Sweet Tooth com a pandemia. Mais Minas, 2021. Disponível em: <https://maisminas.org/entretenimento/series/2021/06/08/impossivel-nao-comparar-serie-sweet-tooth-com-a-pandemia/>. Acesso em: 15 de junho de 2021.
SADOVSKI, Roberto. 'Sweet Tooth': híbridos, pandemia e a criação de um fim do mundo muito fofo. Uol, 2021. Disponível em: <https://www.uol.com.br/splash/colunas/roberto-sadovski/2021/06/07/sweet-tooth-caos-pandemia-e-a-criacao-de-um-fim-do-mundo-muito-fofo.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 15 de junho de 2021.
VAIANO, Bruno. Como foi a clonagem da ovelha Dolly. Galileu, 2020. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/07/como-foi-clonagem-da-ovelha-dolly.html>. Acesso em: 15 de junho de 2021.

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