Lançada pela Netflix no início de maio deste ano, a série O Legado de Júpiter foi baseada na HQ do autor Mark Millar, que atua na área deste tipo de escrita. Porém, pouco antes de completar um mês de estreia, a plataforma de streaming cancelou a série, decisão repentina que deixou o público surpreso, até porque se tratava de uma obra nova que as pessoas não tiveram muito contato com a história.
A primeira temporada contém oito episódios. Ao decorrer dos episódios vai ficando mais claro que o foco da série não é a tradicional luta de heróis e vilões, mas sim a hierarquia do legado, na qual os pais passam a responsabilidade de salvar o mundo para os filhos. Dessa forma, a narrativa dá mais destaque para os heróis mais humanos, no sentido de ter problemas familiares e essa narrativa dá atenção a esses conflitos, uma espécie de desconstrução deste gênero. O que não é comum nas histórias do universo das figuras heróicas, na qual a trama é sobre derrotar vilões que querem destruir o planeta, sendo esse o seu propósito.
No O Legado de Júpiter o maior vilão são as suas relações sociais como pessoas comuns. A maneira de tentar lidar com problemas pessoais e qual é o limite do herói no mundo são as perspectivas abordadas na série. Sendo assim, é possível imaginar que as pessoas não estavam preparadas para esse tipo de temática pessoal dentro deste espaço heróístico. Além disso, a série repete os assuntos de maneira que chega a ficar cansativo, sendo que não há necessidade de toda essa recapitulação. Os personagens não tem quadro de evolução satisfatória em que dá destaque aos personagens ou quando há uma elevação no desenvolvimento do mesmo logo em seguida ele é passado para segundo plano.
Uma característica que vale a pena ser ressaltada são os figurinos dos personagens, que são reproduzidos com fidelidade aos das HQs. Além disso, os atores da série têm traços muito parecidos com os dos protagonistas, dessa maneira, pode-se considerar um ponto positivo nesta questão do cuidado em reproduzir essas características do quadrinho para a tela. Outro traço marcante na narrativa da história, é o paralelo entre o passado e o presente para fazer essa demarcação de tempo, de forma que o público consiga perceber em qual ano ocorrem as cenas e para que isso seja plausível, o formato - tamanho - do vídeo é alterado, contudo esses cortes de cenas que mergulham entre o antes e o agora, sugere uma repetição dos acontecimentos no passado, deixa a narrativa exaustiva, como se a temática apresentada não fosse nada novo, o que causa a sensação de que a série está estagnada.
Esta sensação se estende na maioria dos episódios, por conta disso é capaz de afirmar que esse pode ter se tornado um dos principais motivos para que o público não ter simpatizado tanto com a obra, além da mesmice dos assuntos no decorrer dos episódios.
REFERÊNCIAS:
AVILA, Gabriel. O Legado de Júpiter | Tudo que você precisa saber sobre a nova série da Netflix. Omelete, 2021. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/banca-de-hqs/legado-de-jupiter-netflix-mark-millar>. Acesso em: 26 de jun. 2021.
GARÓFALO, Nico. Netflix libera elenco de O Legado de Júpiter de seus contratos. Omelete, 2021. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/netflix/o-legado-de-jupiter-elenco-dispensado>. Acesso em: 25 de jun. 2021.
GARÓFALO, Nico. O Legado de Júpiter | Bastidores conturbados pesaram em cancelamento. Omelete, 2021. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/netflix/o-legado-de-jupiter-cancelamento-motivos>. Acesso em: 25 de jun.2021.
O Legado de Júpiter | Trailer oficial | Netflix. Youtube, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=78QltZcT7Ws>. Acesso em 26 de jun. 2021.
O LEGADO DE JÚPITER: Monotemático e atrasado... (Netflix) | Crítica da série | Temporada 1 - Parte 1. Youtube, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=T8Ey87Tg8Bk>. Acesso em: 24 de jun. 2021.
OPINIÃO: O LEGADO DE JÚPITER (1ª temporada). Youtube, 2021. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=oaUb2CMQcnw>. Acesso em: 25 de jun. 2021.
Fonte: Netflix / Reprodução: Google
