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06/08/2021 às 17h21min - Atualizada em 06/08/2021 às 17h19min

Simone Biles levanta debate sobre saúde mental de atletas

Desistência da ginasta mostra como fatores psicológicos influenciam no rendimento físico

Emanuele Almeida - labdicasjornalismo.com
Foto: Lindsey/Wasson/Reuters
 

Foto: Lindsey/Wasson/Reuters

 

Em 2021, as Olimpíadas trouxeram mais que um “refresco” para o público frente ao caos sanitário que o mundo passa. Além das competições, a pauta sobre saúde mental dos atletas é uma das temáticas mais debatidas. 

 

A personagem focal do debate é a ginasta Simone Biles (24), multimedalhista nas categorias da ginástica artística. Frente ao mal desempenho na prova de salto na final por equipes, Biles, após avaliação médica, decidiu competir apenas na final da trave e desistiu de todas as outras modalidades. 

 

MAS, POR QUE BILES DESISTIU? 

 

A atleta afirmou que estava sofrendo com twisties - gíria dentro do meio da ginástica que explica uma espécie de bloqueio mental ou a perda de consciência plena do espaço ou movimento durante a execução. Ou seja, durante as suas apresentações, Simone não tinha plena noção dos seus movimentos enquanto estava no ar. Essa é uma situação de alto risco frente ao fato de que as manobras dentro da ginástica são altamente perigosas se o atleta não estiver totalmente focado. 

 

Dessa forma, a ginasta afirmou que para a sua segurança física e mental, a melhor decisão seria se afastar das competições para se cuidar e, consequentemente, melhorar seu desempenho nas próximas disputas. 

 

Simone deu foco à uma situação que acontece com vários outros atletas: a tenista Naomi Osaka, antes mesmo da desistência de Biles,  não participou do torneio de Roland Garros e Wimbledon - principais campeonatos da modalidade - devido a estar sofrendo com grandes ondas de ansiedade e longos surtos de depressão

 

O ciclista Tom Dumoulin deixou a concentração onde treinava para as Olimpíadas para “esfriar a cabeça”, o atleta chegou até a questionar sua continuidade no esporte. Felizmente, após cinco meses de cuidado, Tom garantiu a medalha de prata na prova contrarrelógio do ciclismo estrada masculino. 

 

O QUE A PRESSÃO FAZ COM OS ATLETAS?

 

Para a psicóloga, Gabriela Braga, na teoria histórico-cultural, corpo e mente atuam juntos. Então, durante a sua performance, o atleta atua física e psiquicamente ao mesmo tempo. Sendo assim, a pressão psicológica aplicada no competidor interfere diretamente na execução a qual ele se propõe.

 

“O corpo e a psique estão em movimento, então a atenção, pensamento, controle corporal andam juntos na performance do atleta e interferem no seu desempenho”, afirma Gabriela. 

 

No caso de Simone, o seu corpo e a sua mente estavam andando em direções opostas. Enquanto estava no ar realizando manobras dificílimas e de alto risco com o corpo, sua mente estava em um limbo sem ter controle e noção do espaço e das ações que executava. 

 

Dessa forma, Gabriela afirma que a melhor forma de cuidar e acompanhar desempenho mental e físico é o atleta ter noção dessa relação “corpo e mente” e contar com acompanhamento psicológico regularmente. 

 

Felizmente, muitos atletas possuem consultas psicológicas desde que entram em alguma modalidade, principalmente os competidores de alto nível. Por isso, Simone, Naomi e Tom conseguiram identificar seus problemas e agir corajosamente para cuidarem de si mesmos.

 

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