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04/10/2021 às 21h41min - Atualizada em 04/10/2021 às 15h36min

Fã-clube | A extensão de um amor fanático

O que está por trás das páginas que unem milhares de fãs pelo mundo

Luana Costa - editado por Larissa Nunes
Foto: Melinda Nagy / Adobe Stock
Há uma diferença entre admirador e fã. Sempre irão existir aquelas pessoas que escutam músicas ou assistem séries e filmes diariamente, mas não se interessam muito e não buscam acompanhar o que ou quem está por trás de tudo isso. Esse é o admirador.

Porém, em algum momento da vida, já nos deparamos com um amor incondicional e inexplicável por algum artista ou projeto de sucesso. Acompanhar a vida pessoal e interagir em todas as redes sociais se torna algo frequente em alguém completamente apaixonado pelo seu ídolo. Nesse caso, o fã.

Em uma proporção absurda, o que chamam de Fandom – ou traduzido para o português, fã-clube – acabou se tornando parte da rotina dos famosos.

Como o próprio nome já diz, esse clube de fãs é responsável por buscar informações e ficar por dentro de todos os trabalhos, da vida pessoal, escrever histórias fictícias (as chamadas fanfics) e apoiar sempre os seus artistas em comum. Nas redes sociais, as páginas criadas chegam a publicar conteúdos diariamente, desde informações sérias à montagens e mensagens de carinho, sendo também uma ótima forma de conhecer pessoas novas e fazer amizades.

De forma séria e profissional, algumas páginas de fãs chegam a ter milhares de seguidores e são prova de que ser fã pode ser algo transformador na vida de alguém.

 
Dono de uma das maiores páginas de informação sobre a coleção de livros “A Seleção”, Lucas Costa criou o The Selection Brasil durante a adolescência, quando tinha apenas 14 anos. Hoje, com 21, faz questão de dizer que tudo começou por amor aos livros.
 
"A Seleção" é uma série de 6 livros de romance - Foto: Reprodução / Twitter

Em 2015, quando a página foi fundada, a intenção de Lucas era “criar uma comunidade de fãs engajada, fazendo aqueles leitores se tornarem fãs apaixonados”.

Os livros se tornaram bem populares, chegando a vender mais de 3 milhões de exemplares apenas no Brasil. Com o crescimento do fandom, o The Selection Brasil passou a unir uma enorme quantidade de fãs, tendo hoje mais de 100 mil seguidores nas redes sociais (Twitter e Instagram).

Para administrar tanta gente, o fã-clube tem uma equipe de 7 administradores. Mas nem sempre foi assim. Por ser sempre rigoroso e um pouco ciumento com seus projetos, Lucas ficou durante 6 anos gerenciando a página sem ajuda de ninguém. “Sempre cuidei de tudo sozinho, traduzindo entrevistas, textos e mais. Tinha medo de colocar alguém que causasse danos ao que construí, sabe?”, diz ele.

Após encontrar as pessoas ideais e que pudesse confiar, a equipe se tornou responsável por divulgar informações e elaborar conteúdos originais – criação de memes, edições com frases marcantes e até trailers fictícios. E o administrador faz questão de falar: “No início não deu muito certo [...] Mas agora encontrei pessoas incríveis que compartilham do mesmo amor pela saga que eu e nos damos muito bem”.

Em relação aos seguidores, o dono do TSBR diz que o trabalho feito é criativamente único e feito com muito amor, o que fez com que os feedbacks fossem extremamente gratificantes. Muitos dos leitores de A Seleção sentiram vontade de ler por causa do portal e alguns que nem leram os livros acompanham a página e estão esperando a adaptação em formato de filme – já confirmada pelo streaming da Netflix - sair para entrar de vez no universo da saga.

 
Página oficial do The Selection Brasil no Instagram

Com o crescimento significativo dos seguidores em quase 7 anos, o fã-clube passou a ter carreira internacional. Mesmo tendo mais de 5 milhões de exemplares vendidos nos Estados Unidos, os fãs americanos não são tão engajados como os brasileiros. O que fez Lucas criar uma nova conta, dessa vez em inglês, para atualizar os fãs de fora que não tinham tantas informações.

O The Selection Netflix, que já conta com mais de 20 mil seguidores, foi mais um passo para deixar os agora fãs mundiais em contato com a autora, os produtores e o elenco do filme. O que Lucas chama de “quase um monopólio” no fandom já conta com 4 contas nos Twitter e Instagram, 2 sites – todos em português e inglês – e já planejando para o futuro, duas páginas de informação sobre os atores principais do longa-metragem.

O fã-clube tem para Lucas uma importância imensurável. A criação da página fez ele se tornar bilíngue. “Hoje falo inglês fluentemente, e nunca estudei o idioma ou fiz um curso na vida. A página me ajudou bastante a aprender na marra, tendo que traduzir as coisas com o tradutor e mandando tweets para os responsáveis”, ele afirma.

Além disso, faz questão de destacar o quanto a importância de ser fã contribuiu para a construção de seus valores: “Aprendi muito [...] O que se deve ou não falar publicamente, e estar em contato diário com o público me abriu os olhos para inúmeras realidades diferentes da minha, me deu empatia, respeito [...] Sério, acho que todo mundo deveria ter um fã-clube aos 15, 16 anos. É incontável o tanto que aprendi durante esses anos sendo fã”.


 

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