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11/10/2021 às 08h48min - Atualizada em 11/10/2021 às 09h29min

"Shang-Chi" e a contribuição para a representatividade da comunidade chinesa nos cinemas

Produção cinematográfica da Marvel se opõe aos rígidos padrões impostos pelo governo chinês e promove a importância da diversidade

Thayzuki Santos - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Marvel / Reprodução: Google
Em setembro desse ano, a Fase 4 do Universo Cinematográfico Marvel (MCU) ganhou continuidade com o lançamento do filme “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”. A obra apresenta o primeiro super-herói asiático da franquia, em um ano marcado pelo centenário do Partido Comunista Chinês.

O longa conta a história de Shang-Chi, um jovem chinês criado pelo pai e que após a morte da mãe, é treinado com intensidade nas artes marciais. Ao descobrir os objetivos de seu pai, o jovem foge do isolamento em que vive, sendo obrigado a regressar anos depois, já adulto, para enfrentar uma série de desafios envolvendo o legado de sua família.

Apesar de ter sido considerado um sucesso de bilheteria – em menos de um mês, a produção ultrapassou nos cinemas norte-americanos a arrecadação atingida por outro título da Marvel, “Viúva Negra”, lançado dois meses antes – o filme não teve a mesma recepção no território chinês, chegando a ser banido no país. O 100º aniversário do Partido Comunista Chinês (PCC) promoveu uma série de alterações na área da cultura e do entretenimento, restringindo ainda mais a entrada de produções estrangeiras.

Entretanto, outros fatores contribuíram para o banimento do filme na China. Um deles envolve as declarações polêmicas dadas pelo ator canadense Simu Liu, que interpreta o protagonista Shang-Chi / Shaun, em uma entrevista de 2017 que ressurgiu na internet este ano, após o lançamento da obra. Filho de imigrantes chineses, o astro fez duras críticas ao regime comunista do país ao revelar histórias contadas por seus pais sobre a dificuldade de viver sob o comando do governo. Os comentários do ator geraram uma repercussão negativa dentro da nação, principalmente entre membros e defensores do PCC.

Mesmo envolvido em controvérsias, “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é um retrato da celebração da cultura asiática e um forte elemento de contribuição para a representatividade da comunidade chinesa. 98% do elenco do filme é de origem asiática, sendo esta a segunda vez em que a Marvel promove a importância da diversidade em seu universo cinematográfico, a primeira sendo “Pantera Negra” (2018).

Vale ressaltar que a obra colabora ainda para o empoderamento da identidade asiático-americana ao colocar em foco personagens que são imigrantes. Nos últimos anos, muito se tem debatido sobre a questão imigratória, principalmente nos Estados Unidos, onde se passa uma parte da história. A decisão da Marvel em evidenciar os imigrantes no enredo ajuda a construir uma forte sensação de pertencimento, sobretudo para crianças asiáticas que crescem em países ocidentais.

A quebra de estereótipos também pode ser considerada um dos grandes acertos da trama. A personagem secundária Katy (interpretada por Awkwafina) é representada como uma excelente manobrista e suas habilidades de direção são cruciais para momentos importantes da história, contrariando os comentários discriminatórios de que “asiáticos não sabem dirigir”.

Outro ponto importante a ser destacado é a presença de elementos da tradição chinesa nas cenas de combate. Diferente da maioria dos filmes da franquia, onde as batalhas são regidas por poderes mágicos ou sobrenaturais, as artes marciais ganham espaço como principal instrumento de luta. A representação de técnicas milenares, como o tai chi e o kung fu, e de elementos da mitologia chinesa nas cenas de ação podem ser considerados como uma manifestação de respeito à cultura e preservação da memória.

Com personagens cativantes, boas pitadas de humor e cenários exuberantes, “Shang-Chi” se destaca entre as obras do MCU pela alma e emoção presentes no enredo, ao mesmo tempo em que homenageia a comunidade chinesa.

O filme ainda se encontra em exibição nos cinemas brasileiros e possui lançamento previsto para 12 de novembro na plataforma de streaming Disney+.




REFERÊNCIAS:

CORAL, G. Novo herói da Marvel, Shang-Chi é banido da China. Observatório do Cinema. 28 de set. de 2021. Disponível em:https://observatoriodocinema.uol.com.br/filmes/2021/09/novo-heroi-da-marvel-shang-chi-e-banido-da-china#:~:text=Banidos%20da%20China&text=Ele%20criticou%20a%20China%20ao,est%C3%A1%20em%20cartaz%20nos%20cinemas. Acesso em 04 de out. de 2021.

DOS SANTOS, Bruno B. Shang-Chi: Meng'er Zhang fala sobre representatividade asiática no filme da Marvel (Entrevista Exclusiva). AdoroCinema. 26 de ago. de 2021. Disponível em:https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-160277/ Acesso em: 04 de out. de 2021.

PINHEIRO, O. “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” é repleto de representatividade e marca mais um trunfo da Marvel | Crítica. Poltrona Vip. 02 de set. de 2021. Disponível em: https://poltronavip.com/shang-chi-e-a-lenda-dos-dez-aneis-critica/  Acesso em: 05 de out. de 2021. 

 

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