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18/10/2021 às 19h10min - Atualizada em 18/10/2021 às 19h07min

O forró e as suas vertentes | Conheça o piseiro, ritmo que embala o Brasil

A evolução do gênero ao longo dos anos é uma mistura regional que se faz presente nas mais diversas formas de expressões artísticas nordestina.

Dayane Cibelle - Revisado por Isabelle Marinho
(Foto: TV Subaé / Reprodução: Gshow Globo)
O forró é uma expressão artística originalmente nordestina e traduz a identidade de um povo que por muito tempo, e até os dias de hoje, faz música para expressar a sua realidade. Essa arte surgiu no final do século XIX em festividades populares e costumava ser chamada de "forrobodó", "forrobodança" ou "forrobodão". Não se sabe a origem do nome “Forró”, mas uma suposição - sem comprovação histórica, que eu gosto muito de acreditar, pois é uma derivação interessante e divertida - é que a origem do nome se deu por influência de uma expressão inglesa.

Contextualizando... Durante a Segunda Guerra Mundial, haviam muitos americanos e britânicos no Brasil, especialmente no Nordeste. Neste tempo, 
festas eram promovidas para figuras ilustres, porém, quando se tornavam abertas ao público, eles recebiam convites que diziam for all” que traduzido para o português significa “para todos”, sendo assim, o povo local começou a pronunciar “forró”, o que faz bastante sentido, até mesmo pelo sotaque dos nordestinos.  

Naquela época, as festas eram feitas em espaços com bastante terra, portanto, era necessário a molhar antes das festividades e deixar o chão “batido”, assim, as pessoas costumavam dançar arrastando os pés a fim de evitar que levantasse poeira. É daí que surge o termo popularmente conhecido como rastapé ou arrasta-pé

Ao longo dos anos, o forró foi se modificando e ganhando diversas variações, cada uma delas com suas particularidades de acordo com a região e estilo do público que consome este gênero. Temos o forró-pé-de-serra, que podemos chamá-lo de forró raiz, com destaque para nomes muito importantes da música brasileira, como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Gonzaguinha, nomes esses que ajudaram a popularizar fortemente a cultura nordestina e até hoje suas músicas se fazem presentes em festas pelo Brasil à fora, inspirando a muitos artistas atuais. Além do forró pé-de-serra, temos o forró universitário, que tem uma pegada mais pop e moderna; e também, o forró eletrônico, caracterizado pelo uso do teclado, guitarra e bateria.

Além destes, temos ele: o famoso e tão aclamado piseiro. O ritmo que atualmente está arrebatando públicos pelos quatro cantos do país. Mas não se engane, o piseiro não surgiu tão recentemente como muitos pensam. A pisadinha, ou melhor, o piseiro, veio do interior do nordeste e não se sabe exatamente quando surgiu, mas o Nelson Nascimento, cantor, conta que foi por volta de 2002. Na época, ele começou a criar música com esse ritmo utilizando o teclado eletrônico, com isso, ele passou a ser consagrado como o "Rei da pisadinha" antes mesmo da pisadinha ser um ritmo popular. A certeza é que o piseiro é uma nova vertente do forró que tem arrebatado um público gigante nos últimos anos. Com uma pegada simples, basicamente composta por teclado eletrônico e voz, o estilo vem em ascensão no mercado musical.
 
Eric Land foi um dos primeiros a implementar a pisadinha em seu repertório, e lançou a música “O povo gosta é de piseiro” com o Zé Vaqueiro. Com influências do funk e do bregafunk, o piseiro chamou bastante a atenção de grandes artistas, e hoje, nomes bastante conhecidos por nós possuem músicas no estilo. 


O povo gosta é do piseiro! (Reprodução: YouTube- Eric Land)

Outra figura que está em alta nas paradas do Brasil e do mundo, é o jovem pernambucano João Gomes. Segundo o cantor, ele busca influência em nomes como Cartola e Belchior, mas o que podemos perceber é que João nos traz uma semelhança muito latente com o seu conterrâneo Luiz Gongaza. Vozes marcantes que cantam sobre o sertão, sobre as vivências do povo do interior, sua paixão pelo forró e pela cultura nordestina. O pernambucano também adiciona às suas músicas uma pitada de celeridade, como quem está referenciando o Repente, estilo muito comum no Nordeste do Brasil, que caracteriza-se por versos cantados de forma rápida e alternada por duas pessoas. Com todas essas características, João Gomes se torna hoje um dos artistas brasileiros mais ouvido das plataformas digitais.


Ainda, um ponto muito importante da cena que devemos ressaltar é o fato de mulheres estarem se destacando nesse estilo. Levando em consideração que a maioria dos gêneros musicais brasileiros são impulsionados por homens, é de suma importância enaltecermos artistas como a Mari Fernandez, Cris Lima e Márcia Fellipe, além de muitas outras, que estão entre os nomes mais influentes no gênero.

 

Além de todo o sucesso das músicas e da viralização dessas cantoras e cantores nas redes sociais e plataformas de música, destacamos o Orlandinho do Piseiro, influencer que é um sucesso nas redes sociais com a dancinha do “brega”. Isso realmente mostra como o Nordeste, o piseiro e a cultura do interior tem entrado no cotidiano das pessoas ao redor do Brasil inteiro. Hoje, o Orlandinho soma mais de 19 milhões de likes apenas no TikTok. Agora some tudo isso aos números de outros artistas e influencers que carregam o nome do piseiro, do Nordeste… Pois, é. Acho que realmente podemos dizer que a Pisadinha é o estilo do momento.

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