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17/06/2019 às 21h32min - Atualizada em 17/06/2019 às 21h32min

A vida de quem vive de BTS

Carolina Rodrigues - Editado por Bárbara Miranda
FONTE: BTS via Facebook
Durante os dias 12 e 13 de junho é comemorado o aniversário de debut do grupo BTS. São seis anos desde a primeira aparição oficial como grupo da empresa Big Hit. O dia 12 de junho de 2013 marca a primeira apresentação de palco, o chamado Stage Debut, e oficialização do BTS como grupo, com "No More Dream". Já dia 13 é a data oficial do debut do grupo, quando lançaram seu primeiro álbum "2 Cool 4 Skool". De lá para cá, o grupo foi conquistando cada vez mais fãs e em consequência, consagrou o próprio nome como o maior boygroup do mundo. 

O fandom Army, hoje, é enorme. Tem gente de todas as crenças, idades, cores, países, profissões, sem distinção e preconceito. Há quem crie fã clubes nas redes sociais para promover o BTS, ajudar em votações e streams de músicas e MVs; há quem aproveite cada pequena oportunidade para escrever matérias sobre os meninos e há quem una dons artísticos ao gosto musical para criar produtos feito por fã para fãs. 

São milhares de fãs espalhados pelo globo, unidos pelas internet com apenas um objetivo em comum: retribuir todo o amor e carinho que BTS dá às fãs.

Nesta reportagem, conheceremos algumas fãs que, de certa forma, vivem de BTS. Fiza Jamil, Sherlyn Ng, Maria Astacio e Houng Ly Nguyen são responsáveis por espalhar esse amor para outros Armys de forma material, com a produção e venda de pins. 

LAB: Primeiro me conta sobre você. O que você faz para além da internet?
FIZA: Eu sou química e trabalho num laboratório, mas sempre tive interesse em design digital. Hoje, meu sonho é produzir mais pins e produtos relacionados ao BTS.

LAB: Quando você começou a relacionar arte e BTS?
FIZA: BTS sempre fez músicas impactantes com boas mensagens. E esse é um dos motivos pelo qual eu os amo. Não é por causa da aparência ou porque K-pop agora é moda, mas sim devido a sua sinceridade e relação com sua música, que faz com que nos sintamos próximos deles, próximos ao nosso lar (em inglês ela faz referência a música HOME). Eu queria trazer essa mesma relação aos meus pins. Eu quero compartilhar com o mundo as mensagens incríveis do grupo através da minha arte.
 
LAB: E como você decidiu postar e vender seus conteúdos online?
FIZA: Eu comecei a vender pins no dia em que o BTS veio a Singapura para o Music Bank em 2017. Eu era muito tímida para vender coisas em público, na verdade. Então eu apenas tuitei minha localização para que as pessoas pudessem comprar diretamente comigo. Eu acho que vendi em torno de uns cinco pins. Foi uma pequena conquista que me fez continuar a vende-los online. Eu continuo dizendo a mim mesma que, se BTS foi corajoso o suficiente para trabalhar duro e nunca desistir dos seus sonhos, eu também posso fazer o mesmo! Sou grata por onde consegui chegar. Eu nunca sonhei que meus pins conhecessem tantos armys ao redor do mundo. É divertido! Acho que o país mais longe que já vendi algum pin foi o Brasil.
 
LAB: O que BTS representa para você?
FIZA: Os meninos do BTS são meus melhores amigos e reprensentam a juventude que perdi. Eles são tão familiares e sempre me fazem sentir em casa. Eles me motivam a ter coragem de seguir com meus sonhos. Você nunca saberá quem você é e o quão forte é ao menos que você se desafie a ir mais e mais alto.



LAB: Conta mais sobre você. Quem é você na vida real?
SHERLYN: Bom, estou prestes a começar meu terceiro ano na faculdade. Estudo major (aqui no Brasil, é como se fosse o curso escolhido para graduação) em gestão de recursos humanos e minor (é um curso complementar ao major, quase como uma pós-graduação, mas lá eles fazem ambos ao mesmo tempo) em psicologia.
 
LAB: Quando você começou a ouvir K-pop e BTS?
SHERLYN: Eu comecei a ouvir K-pop em 2010, Suju e SNSD. Mas acabei perdendo o interesse ali por 2013. Acabei conhecendo o BTS através da minha irmã, porque ela vivia escutando Dope. Todo. Santo. Dia. Então eu perguntei para ela quem eram aqueles caras, mas não me interessei por eles até Blood Sweat & Tears.
 
LAB: Como é vender online? Seus produtos online são sua única forma de sustento?
SHERLYN: É muito chocante e impressionante. Realmente sinto como se fosse uma conquista. Antes eu trabalhava meio período, mas equilibrar a faculdade, trabalho e minha loja era muito trabalhoso. Então eu pedi demissão do meu emprego e, por enquanto, sim, as vendas são minha única forma de sustento (sem contar minha mesada).
 
LAB: O que BTS representa para você?
SHERLYN: Eles representam o mundo para mim. Eu realmente poderia dedicar minha vida (quem sabe até TODA a minha vida) por eles. Eu nunca pensei que eu seria aquela pessoa que se dedica a um grupo, mas eles não são apenas um grupo, eles realmente são meninos preciosos que merecem o mundo inteiro.
 
As letras das músicas realmente falam comigo. Quando uma música é lançada, posso não saber exatamente seu significada, mas consigo sentir as emoções assim que as ouço. Quando minha avó estava passando por um momento difícil, Mono foi lançado e a música realmente conversou comigo. Posso dizer que suas músicas me confortam.


LAB: Quem é você e quais são seus sonhos?
MARIA: Eu sou universitária, estudo computação gráfica em Nova Iorque. Quando não estou na internet, eu pratico arte tradicional, tipo desenhos e pintura, já que eu passo a maior parte do tempo desenhando no computador e estudando enquanto cuido da minha mãe. Minha vida é arte. Eu não consigo respirar sem ela. Eu basicamente convivo com a arte 24 horas por dia, sete dias na semana, por isso meu sonho é achar uma carreira que a envolva. Pode ser freelance, criação de propagandas, designer gráfica profissional. Qualquer coisa está de bom tamanho, contanto que eu trabalhe com arte. E faça dinheiro para dar apoio a minha família.
 
LAB: Quando você começou a fazer alguns rabiscos do BTS?
MARIA: Eu desenhava BTS aqui e ali a partir do momento em que comecei a acompanhá-los, mas não era nada sério até meu segundo ano na faculdade. Eu perdi a motivação para seguir na carreira artística e eu não estava indo bem. Tive insônia durante esse período e me sentia desmotivada e perdida. Até pensei em largar a faculdade.

Houve um dia em que estava assistindo alguns vídeos do BTS, como MVs, entrevistas, principalmente os mais engraçados para me ajudar a me sentir melhor. A partir daí me senti incentivada a desenhá-los por algum motivo. Eles me traziam alegria, então por que não?

Eu desenhava mais o Jungkook. Ele tem aquele ar inocente que eu amo demais e que os membros admiram. Eu sentia a necessidade de desenhá-lo. Isso me lembra momentos mais simples, quando a vida não era tão complicada. Quando dei por mim, estava desenhava tudo sobre BTS a todo instante. Isso me deu a sensação de que tinha um propósito e estava inspirada como nunca havia estado antes. Eu sou muito grata por ter conseguido reascender minha paixão.

Eu comecei a desenhá-los de verdade em 2016, no segundo ano da faculdade, se não me engano.
 
LAB: Como você decidiu postar suas criações online?
MARIA: Eu não iria fazer isso até conhecer algumas pessoas; meus amigos me encorajaram a mostrar minha arte para o mundo. Eu tinha muito medo e me sentia insegura porque nunca tinha mostrado meu trabalho, especialmente aqueles relacionados ao BTS, porque eu sentia que nunca eram bons o suficiente.

Eu tinha que dar um passo além da zona de conforto, porque se eu não desse, como eu alcançaria meu objetivo e sonho se eu continuava me escondendo?

Eu estava muito preocupada se as pessoas iriam gostar ou não, mas eu entendi que nós nunca vamos agradar todo mundo, porque sempre haverá alguém discordando ou que não gostará do seu trabalho. É inevitável e tudo bem. Ninguém tem o mesmo gosto e tudo bem. Contanto que você tenha pessoas te dando suporte e você estiver fazendo o que ama, não tem problema se apenas algumas pessoas gostarem da sua arte.

Então eu disse “foda-se” e só postei. Meus amigos me deram muito amor e suporte. Na minha primeira venda internacional, eu literalmente me debulhei em lágrimas.
 
LAB: Como BTS te ajuda?
MARIA: BTS me ajuda a superar minhas ansiedades. Superar meus medos e tentar mesmo que o “mundo” esteja contra você. Eles são pessoas que também têm problemas e imperfeições e eles sempre nos lembram que é normal ter defeitos, porque nós somos humanos. Saúde mental é algo importante para mim e eu sou grata por BTS falar sobre suas próprias condições abertamente. Não é fácil falar sobre e entender.

Eles me fazem ser a melhor versão de mim. Eu aprendi a me amar, amar meus defeitos e imperfeições. BTS me ajuda a ter motivação.

Eu nunca estive tão motivada em toda a minha vida!

Eles me inspiram a buscar meus sonhos e trabalhar duro por eles. E também trazem muita alegria para minha vida. Há uma conexão, um vínculo, que é tão raro na indústria musical hoje em dia; algo que eu aprecio, consigo sentir e me faz sentir menos sozinha. Eu estou conectada com tantos armys, sinto que somos uma grande família.

Há pessoas próximas de mim que me deixam cabisbaixa, me dizendo que não posso fazer isso ou aquilo. Ou que meus objetivos são irreais. Me machuca saber que eles acreditam que eu o que eu estou fazendo não se encaixa em seus padrões sobre sucesso, ou que não sou boa o suficiente. Mas quando eu penso em BTS, eu escolho ignorar toda a negatividade e fazer o que me faz feliz. E BTS me faz feliz.

BTS me representa esperança. Eles trabalharam duro para chegar onde estão hoje e eu admiro isso de verdade. Eu não tenho uma vida fácil e vem sendo difícil para mim desde que eu era criança. Mas, escutando suas músicas como Tomorrow, Sea, 2!, 3! e VÁRIAS outras me traz tanta esperança de que tudo ficará bem e que coisas boas estão me esperando. E eu sei que vou melhorar. Eles me ajudam a crer nisso. Coisas ruins não duram para sempre e coisas boas estão por vir. Eu vou continuar trabalhando duro pelos meus objetivos e continuarei até mesmo após alcançá-los. Porque a vida não para aí.



LAB: Fora da internet, quem é você?
LILLY: Meu nome é Houng Ly Nguyen, mas pode me chamar de Lilly. Tenho 23 anos e sou do Vietnã. . Eu sou designer gráfica, dona de uma loja de roupas e goodies online. Como eu gosto de brincar com designs e negócios, eu quero muito ter minha própria marca de roupa e uma linha de merchandise exclusiva para Armys.
 
LAB: Quando você começou a ouvir BTS, qual foi sua primeira impressão?
LILLY: Ouço K-pop desde os meus 12 ou 13 anos. Naquela época meu grupo favorito era o TVXQ, mas infelizmente eles se separaram em 2009. Desde então, eu não ouvia mais K-pop tanto quanto antes, a partir daí voltei meus interesses para músicas americanas e inglesas. Em 2017, eu trabalhava como assistente de vendas numa loja de souvenirs para adolescentes e lá tocava muito K-pop de grupos diferentes. Foi quando BTS chamou minha atenção.

Eu não entendia sobre o que eles estavam cantando, mas suas músicas eram muito atraentes. Eu sentia a energia que eles colocavam em cada música. Eles me faziam querer cantar e dançar, especialmente os meninos da vocal line, cada membro tem uma voz ímpar, e juntos eles criavam/criam uma harmonia incrível.
 
LAB: Quando surgiu seu gosto pela arte?
LILLY: Quando eu era pequena eu gostava muito de desenhar. Meus pais sempre me levavam a aulas de arte no final de semana – meu pai guardava (ainda guarda) meus desenhos e sempre mostrava, com muito orgulho, para as visitas. Naquela época meu sonho era ser uma designer de moda mundialmente conhecida. No primário, eu tive a chance de estudar guzheng (instrumento tradicional de cordas chinês, chamado de cítara) e eu e meus amigos tivemos a chance de performar pela escola na televisão – nós até ganhamos a competição da Academia de Música Nacional do Vietnã. Imagina, para uma criança de nove anos é a melhor coisa do mundo. A partir daí eu deixei minha paixão por desenhos de lado e foquei meus esforços na música. Eu recebi uma carta de admissão para estudar na Academia de Música Nacional, mas meus pais não tinham condições de pagar.

Eu nunca mais desenhei até descobrir que precisava fazer um teste de desenho para entrar na universidade. Eu voltei para as aulas de arte e, vendo meus amigos se dando bem, eu me esforcei, mas não conseguia desenhar nem mesmo um retrato. Então, eu não passei. Eu perdi a confiança em mim mesma e na minha habilidade artística. Nessa época, eu decidi nunca mais desenhar de novo.

Com BTS foi como se me reencontrasse. Eu quis dar um passo para fora da minha zona de conforto para ver o quão longe consigo ir nessa jornada. Por isso, voltei a desenhar e decidi publicá-los também. A "comunidade dos pins" tem sido muito amigável e receptível. Todos me receberam de braços abertos, me dando o maior suporte possível. Sou grata por isso.
 
LAB: Como BTS te ajuda?
LILLY: Ano passado foi o ano mais triste da minha vida inteira. Eu terminei com meu namorado, minha mãe faleceu de câncer. Eu entrei em depressão. Perdi a conta de quantas vezes eu quis me matar.

Mas BTS me ajuda muito, não me deixando desistir e trazendo mensagens de amor próprio. Eles me fazem querer dançar, ter mais fé em mim mesma e acreditar que eu posso fazer qualquer coisa. Até o impossível é possível. Eu me sinto tocada com as mensagens dentro de cada música.

Não tenho palavras o suficiente para expressar minha gratidão aos meninos. Minha vida tem mais cores, hoje, graças ao BTS. Eles, com certeza, me ajudam a ser uma pessoa melhor. Eu quero dizer obrigada a você, BTS, por mudar a minha vida. Eu sou tão feliz e tenho orgulho de ser Army.
 

Esta matéria é uma comemoração simbólica aos seis anos do grupo. É um agradecimento aos artistas do fandom que separam e dedicam uma parte de seu tempo para produzir momentos que podemos, literalmente, guardar para sempre conosco. E é claro, ao próprio BTS, por fazer tudo o que está ao seu alcance para nos fazer feliz e ajudar tanta gente ao redor do mundo.

Para conhecer as lojas das personagens dessa reportagem:
Fiza: @miknitem_shop
Sherlyn: @ohpeachytaes
Maria: @___mochichim
Lilly: @lillysgoodies (é a única que ainda não abriu sua lojinha de pins. Quando chegar aos 500 seguidores abrirá as primeiras pre-orders)
Uma parte dos pins que estão comigo enquanto faço faculdade no Rio Grande do Sul. Uma parte está em casa, em Sâo Paulo. O último da direita, na segunda fileira, chegou hoje, enquanto escrevia essa matéria.

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