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24/06/2019 às 20h43min - Atualizada em 24/06/2019 às 20h43min

O ato de se casar não é mais tão popular

Pauline Mingati
@reprodução

Há tempos atrás, o casamento poderia ser considerado uns dos maiores desejos. As cerimônias e o ideário de se dividir a vida com alguém, costumavam estar presentes nos maiores planos de vida. No entanto, hoje, o matrimônio está sendo visto de uma maneira bem diferente. 


A estudante Gretchena Soares de Oliveira Campos, de 16 anos, nunca pensou em se casar e considera o matrimônio desnecessário. “Casamento é uma rotina, é dividir tudo um com o outro e eu não acho que teria vontade de mudar tudo na minha vida, de repente, para tentar algo que pode não dar certo”. Campos afirma que tem como prioridade terminar seus estudos e conseguir um emprego na área em que gostaria de atuar. Além disso, ressalta que não acredita que um dia mudará de opinião sobre o assunto.


Para a professora de História, Raniele Duarte Oliveira, de 29 anos, o casamento é apenas uma idealização romântica baseada nos princípios cristãos. Ela ainda completa: “O discurso do amor eterno entre duas pessoas, da constituição de uma família e do fomento de um lar estável, são criações sociais que teoricamente refletem uma forma de felicidade”.
Raniele também declara que o casamento nunca esteve em seus planos e que sua preocupação sempre foi voltada à construção de uma vida independente. “
Não sinto a necessidade de me casar, porque tenho outros interesses. Não almejo dividir casa e boletos com ninguém. Interesso-me muito mais pela realização profissional e pela oportunidade de realização de viagens, do que por me enquadrar na imagem de bela, recatada e do lar”. 


Duarte, que além de professora, cursa doutorado em História, contextualiza: “Ao longo da História, o casamento teve diferentes finalidades. Desde acordos entre famílias, até o resguardo de uma relação sexual com um parceiro fixo. Acredito que nos dias de hoje, a questão tenha mudado devido à crescente emancipação feminina. Cada vez mais as mulheres têm reivindicado seus espaços. A autonomia financeira, profissional e intelectual, abre caminho para outras possibilidades”.


Para analisar esta nova realidade de percepção sobre o matrimônio, uma enquete foi feita por meio do formulário do Google e disponibilizada no Facebook e grupos de Whatsapp com o intuito de alcançar pessoas de diferentes faixas etárias e ideologias. A pergunta em questão era: Você pensa em se casar?

A enquete foi respondida por 132 pessoas, abrangendo idades de 14 a 78 anos. O maior percentual era de jovens de 19 anos, sendo o total de 19,7%. 71,2% dos entrevistados são mulheres. E o resultado confirma a hipótese de que atualmente pensa-se muito menos em colocar o casamento nos planos de vida do que antigamente, uma vez que 44,7% não pensam em se casar. 


As justificativas são variadas. A maioria das respostas das pessoas acima de 50 anos, era de que já tiveram a experiência de estarem casadas uma ou mais vezes e que não fariam isso novamente. Entre os jovens, o motivo quase unânime, é de que possuem outras prioridades e não consideram o casamento, algo necessário. Eles também alegam que o casamento pode estragar um relacionamento, o comparam com uma forma de prisão, ou afirmam estar melhores sozinhos. 


O professor de Sociologia e Filosofia, teólogo, e advogado, Emerson Antonio Galvão, atribui a mudança, ao novo conceito de interação, modificado pelo frequente uso de tecnologias, que “Embora possibilitem uma grande variedade de ‘interações’, provocam, por outro lado, o ‘esfriamento’ das mesmas [...] As redes sociais são, presentemente, um dos fatores determinantes, a meu sentir, pois relativizam a amizade e a afetividade”.


Emerson também fala sobre as relações expressas nas músicas atuais, nas quais pouco se fala sobre amor e fidelidade. Destaca, também, a interação entre a família, tendo em vista que muitos pais procuram compensar suas ausências com fatores externos que não incluem o afeto e o carinho. 


Para ele, todas essas situações, são reflexos dessas mudanças no modo de pensar contemporâneo. “O casamento pressupõe uma união sincera com objetivos mútuos e concessões também mútuas. Não é uma prática fácil. Ademais quando não se viu na infância o que são estes conceitos na prática [...] tudo isso desestimula, a meu sentir, e vem contribuindo para que o casamento se torne muito mais um ‘ato social’”.


Editado por Bruna Santos 
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