Ana Beatriz Magalhães - Revisado por Isabelle Marinho
A representatividade em conhecer rappers femininas. (Foto: Reprodução/ depositphotos)
Muito além de ser apenas uma expressão artística, o Rap é um gênero musical carregado de histórias e resistência. É fruto de uma cultura discriminada e serve de inspiração para muitos jovens. As letras abordam a realidade das periferias, com fortes críticas sociais sobre violência policial e o racismo enraizado.
Ao cantar e rimar, esses artistas expressam seus sentimentos e opiniões em ritmo e poesia, que é o significado da sigla em inglês (rhythm and poetry). Desde a década de 70, muitos se dedicaram a essa vertente do hip hop, principalmente nos Estados Unidos. No Brasil, o gênero chegou na década de 1980, na região do centro de São Paulo, com a criação de um Movimento Nacional.
As vozes do Rap Nacional politizam a juventude que se encontra onde durante muito tempo, e ainda atualmente, os movimentos sociais e a mídia não conseguiam chegar. Por isso, esse gênero musical ainda é considerado um estilo violento e tipicamente periférico.
São muitas as denúncias por racismo e agressões feitas por autoridades no mundo do Rap. Existe muito preconceito com esse ramo, devido ao ritmo, letras e origem, ao ponto de não aceitarem que essa vertente musical faz grande sucesso. A situação é pior quando se trata de rappers femininas.
Desrespeitadas pela sociedade e pelo próprio ramo do Rap Nacional, que é predominantemente masculino, essas artistas enfrentam a invisibilidade e discriminação. No processo de divulgação, muitas artistas conquistaram alto alcance na música e o mesmo não acontece com o que é produzido por vozes femininas.
Contudo, esse cenário tem sofrido mudanças nos últimos anos, com cantoras desmistificando os estereótipos e alcançando um novo patamar a nível, até mesmo, mundial. É logico que as dificuldades ainda existem, porém o cenário se expandiu e abriu espaço e valorização de mais mulheres.
De uma maneira geral, essas artistas abordam suas vivências nas letras, criando versos contra o racismo, misoginia e homofobia, além de valorizar o empoderamento feminino, a liberdade sexual e todas as formas de amor. Por isso, separamos 4 artistas nacionais que vocês precisam conhecer e, se já conhecem, precisam exaltar mais:
Tasha e Tracie
Youtube/Reprodução. Canal: Tasha & Tracie.
As irmãs gêmeas têm se destacado no cenário do Rap, inclusive o internacional. Com mais de 5 milhões de visualizações, a dupla é criadora do movimento Expensive $hitque promove autoestima das mulheres pretas. São grande influência na moda urbana, com o lema “Somos arte, rua, África e não damos a mínima pras suas etiquetas”.
Karol Conká
Youtube/Reprodução. Canal: Karol Konká
A famosa mamacita é um dos maiores nomes do Rap Nacional. Depois do tombo no BBB, ela provou que realmente tinha uma carreira bem linda, já que as músicas lançadas após a participação na cantora do programa foram muito bem recebidas pelo público. Dilúvioacumulou quase 2,5 mi plays em 24 horas e seus shows lotaram, o que mostra a grande potência que Karol é.
Budah
Youtube/Reprodução. Canal: COLORS
Com mais de 700 mil ouvintes mensais no Spotify, Brenda Rangel, ou simplesmente Budah, é um dos nomes femininos de maior destaque na cena do Rap Nacional atualmente. Com um som cheio de empoderamento e vocais suaves, ela é uma grande promessa no cenário e traz, em suas letras, mensagens sobre feminismo e mais variadas vertentes do amor.
Ebony
Youtube/Reprodução. Canal: Ebony
Meio trapper, meio rapper, a carreira de Ebony só decola, com singles como Glossy, XOXO, Facetime e participação no projeto Poetisas no Topo da PineApple Storm. Cria do Rio de Janeiro, ela usa sua música para falar de empoderamento feminino preto, vivência e autoestima em meninas e mulheres da periferia.
Apesar de uma expressiva melhora na representatividade, as artistas do mundo do rap ainda precisam lutar constantemente contra a subvalorização na cena. Conhecer e ouvir essas mulheres são formas de validar a importância e a representatividade de suas canções para a construção de um movimento de resistência.