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04/04/2022 às 13h44min - Atualizada em 04/04/2022 às 13h19min

Os filmes “água com açúcar” ainda são como antes?

As comédias românticas resistem ainda que com o baixo índice de procura

Luana Costa - editado por Larissa Nunes
Jennifer Aniston e Adam Sandler durante as gravações de Esposa de Mentirinha. (Foto: Reprodução / Netflix)
Sentar no sofá em um domingo à tarde, pegar a pipoca e ligar a TV. Para completar o dia perfeito só falta uma coisa. Escolher um bom filme de comédia romântica. Afinal, quem nunca pensou em, ao esbarrar com um estranho na rua, poderia olhar nos olhos do amor da sua vida enquanto os dois recolhem os celulares derrubados no chão? Não custa sonhar.

As comédias românticas, ou os filmes “água com açúcar”, que conhecemos são o melhor que se tem no cinema. Até porque, é sempre bom assistir algo que nos faça acreditar que existe um amor certo para cada um e que, apesar de todos os obstáculos no caminho os forcem a ficar separados, o amor verdadeiro sempre prevalecerá. As almas gêmeas.

 

Baseadas desde os tempos da literatura, principalmente pelas comédias e romances de William Shakespeare, essas histórias passaram a apresentar temas que antes não eram discutidos pelas pessoas e assim, o amor, o sexo, o casamento e todos os problemas pertencentes a eles se tornam destaque no mundo cinematográfico. Com isso, o desenvolvimento e a valorização desses longas foram responsáveis pelos clássicos filmes que, hoje, são assistidos no modo replay inúmeras vezes, além de terem dado espaço para grandes estrelas que ganharam o coração e marcaram a memória do público.
 

A realeza das comédias românticas

É impossível falar sobre esse gênero e não lembrar dos artistas que conquistaram o carinho do público e hoje são referências nos filmes com objetivo de fazer as pessoas rirem e se apaixonarem pela química do casal. E claro, quando se fala sobre isso, o pensamento vai automaticamente para aqueles que marcaram toda uma geração. Afinal, quem nunca assistiu, no mínimo 5 vezes, o filme
Esposa de Mentirinha?

O longa traz à tona e dá total destaque ao maior casal para se ter em um filme desse tipo: Adam Sandler e Jennifer Aniston. O principal ponto para se ter uma comédia romântica de sucesso é nada mais, nada menos do que a química durante as atuações. E isso, esses atores tem de sobra. Em Esposa de Mentirinha, o entrosamento dos atores faz com que os diálogos cômicos, juntamente com a forma em que os personagens Katherine e Danny vão se apaixonando um pelo outro, deem continuidade e leveza ao filme.

Aniston e Sandler são sem dúvidas, o match perfeito para se ter em um longa-metragem divertido. O que faz todos pensarem que eles têm uma longa filmografia juntos. Mas, na verdade, são apenas três filmes: Esposa de Mentirinha, Mistério do Mediterrâneo e Mistério do Mediterrâneo 2 (em produção).

O sucesso da dupla não se dá apenas quando estão juntos. Mesmo com sua filmografia de séries e filmes de drama impecável e dignas de premiação, Jennifer Aniston nasceu para fazer comédia. E encaixar um romance no roteiro sempre deixa seus filmes com um toque especial. Em Caçador de Recompensas, Jennifer faz o papel de Nicole, jornalista que está prestes a escrever uma matéria sobre um assassinato, mas toda a sua investigação se torna complicada quando seu ex-marido Milo Boyd (Gerard Butler), um caçador de recompensas, é mandado para prendê-la.

 
Trailer Oficial do filme Caçador de Recompensas. (Reprodução: Sony Pictures Brasil / Youtube)

Assim como a atriz, Adam Sandler também faz sucesso com seus filmes. Sua química com a atriz Drew Barrymore é sempre colocada em destaque pelos fãs do gênero. Por Como Se Fosse A Última Vez e Juntos e Misturados, os atores conquistaram espaço em Hollywood e deram continuidade a idealização do que é o amor.

As histórias sempre são diferentes, mas o roteiro segue um modelo. As comédias românticas trazem um casal improvável com interesses diferentes e conflitos que os impeçam de ficarem juntos. Mesmo assim, o tempo que passam perto um do outro os fazem se apaixonar e ter o famoso “felizes para sempre”.
 

A decadência dos filmes

Com o tempo, os filmes que eram espelhos para os relacionamentos, passaram a ser algo inalcançável pela realidade. Por isso, os longas começam a se adaptar para algo mais parecido com as vivências do público, com relações imperfeitas e até mesmo sem finais felizes. E assim, os filmes que eram para serem considerados engraçados e românticos, dão espaço para o drama e a tragédia.

Em um mundo repleto de obras com super-heróis, aventuras e histórias de vida, não se tem mais espaço para os filmes “sessão da tarde”. O consumo do gênero diminui, principalmente pelo público não se identificar com algo idealizado como um modelo a ser seguido, relações perfeitas que superam todos os obstáculos. E nem os filmes adolescentes, que tentam ganhar força pelos serviços de streaming são capazes de reerguer as comédias românticas, pois apresentam ainda roteiros fracos e previsíveis.

O resultado disso tudo se dá na bilheteria. Em 2019, as comedias românticas chegaram a ser menos de 3% do faturamento de ingressos vendidos no cinema. Para as produtoras desse meio, não vale mais a pena produzir filmes que não gere mais atração e assim, eles caem no esquecimento.
Por outro lado, os artistas do gênero sentem que, apesar de terem vontade de continuar atuando, a comédia romântica segue cada vez mais desvalorizada.

 
Trailer Oficial do filme Cidade Perdida. (Reprodução: Paramount Brasil / Youtube)

A atriz Sandra Bullock, durante entrevista ao jornal The New York Times para promover seu nome filme de comédia romântica e aventura, Cidade Perdida, afirmou “Comédias românticas são tão desvalorizadas… As pessoas costumam se referir a esses filmes como ‘chick flick’ ou ‘rom-com’ [filmes para garotas], e isso é tão depreciativo. Se você pegar os filmes do gênero feitos nos anos 30, 40 e 50, qualquer coisa com uma base de comédia e aventura que também tivesse romance não era marginalizada da forma que é agora.”.

Mesmo assim, as comédias românticas nunca deixarão de existir. Mas para se assistir a um bom filme, dar risada e se apaixonar pelo casal protagonista é necessário não se prender ao mundo real, apenas apreciar um pouco como seria se o mundo fosse um perfeito conto de fadas.



 

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